Quem namora, quem gosta, quem ama, ama em todos os dias, lembra da pessoa querida todos os dias, quer bem em todos os dias daquele relacionamento. Em alguns casos, antes e depois também.
Quem não tem, busca. Todos os dias. Ou quase.
Ter um dia para lembrar é um crime contra o amor. Um relacionamento que precisa de um dia para ser declarado, para se mandar flores, para dar presente, para ir ao melhor motel, uma depilação caprichada à moda afegã (quis dizer diferente, tá? nem sei se é legal ou se elas se depilam), para merecer uma lingerie nova, um jantar à luz de vela, ou sei lá o quê mais, francamente, não merece ser comemorado.
O relacionamento é uma via de mão dupla, que se constrói a cada momento. É um estado em que precisamos do querer, da companhia daquela pessoa, gostamos do beijo, do cheiro, do corpo, do toque, do aconchego, da conversa, do abraço, da amizade, do carinho, porque nos faz bem. Admiramos, antes de qualquer outra coisa. Mas não dependemos dela para sermos felizes. A felicidade deve morar dentro de cada um desde o princípio. Ou desde antes do princípio.
Transferir a responsabilidade da felicidade pessoal para outra pessoa é outro crime, a meu julgo, inafiançável. Onde já se viu depositar esse quinhão na vida de uma pessoa que chegou para repartir, para acrescentar, para caminhar ao seu lado? E o que dizer das cobranças em nome do amor? Ou dos dramas desmedidos e maldosos: “só você me faz feliz? ” Para isso nem tem perdão!
Se há amor, a primeira coisa é não querer moldar a pessoa às suas necessidades. Aceite e admire. Administre sua possessão, suas urgências pessoais, suas neuroses de relacionamentos passados. Cada amor é um amor novo e diferente.
Nenhum relacionamento pautado em dominação merece ser reconhecido como relacionamento de amor. Controle, só com seu dinheiro. E já está fazendo uma grande coisa para sua felicidade. Ninguém é feliz com saldo negativo!
Amor é uma libertação onde escolhemos ser refém do coração de alguém.
Feliz todos os dias para quem tem amor e por ele não quer morrer, mas viver!
Ângela Alhanati
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Livre pensadora exercendo seu direito à reflexão
