Vice-diretora de escola busca apoio para karateca de 15 anos

Antony e sua mãe, Elys Avelino (Foto: Divulgação)

Seja em Resende, no Sul Fluminense, ou em Pauliceia, na região do Noroeste Paulista (a duas horas de Presidente Prudente, e na divisa do estado de Mato Grosso do Sul), a rotina de quem tem um filho no esporte de rendimento de base é a mesma. Sem investimentos de grandes empresas ou do poder público, quem se destaca em alguma modalidade, como é o caso do karateca Antony Avelino Souza, de apenas 15 anos, acaba dependendo basicamente do poder aquisitivo dos pais para poder participar de competições afora. Com apenas um ano de prática do karatê, o jovem conquistou 12 medalhas e recentemente passou no exame de graduação de faixa. Em breve, ele receberá a faixa laranja.

O jovem estuda no segundo ano do Ensino Médio da Escola Estadual Orlando Guirado Braga, e além dos estudos, tem uma rotina semanal toda voltada para os treinos em um projeto social de Pauliceia e a preparação particular com os treinadores Rafael Bernardelli e Fábio Augusto, da academia Associação Zanon de Karatê (AZK), em Panorama, município vizinho. Mas a preocupação da professora Elys Avelino, mãe do atleta, é a falta de patrocínio suficiente para que Antony tenha condições de disputar torneios além do Campeonato Estadual (de Mato Grosso do Sul, onde o jovem é federado) nas modalidades Shiai/kumitê (luta) e Kata (movimentos de luta), onde venceu duas etapas e conseguiu a classificação para o Brasileiro, mas abriu mão de participar.

– Todas as competições são pagas, mesmo as regionais, variando de acordo com a cidade. O Campeonato Estadual custou R$ 390, as três etapas, fora alimentação, viagem do acompanhante, no meu caso, que sempre acompanho, sem contar os equipamentos, que ainda não foi possível comprar todos para os dois. No caso do Campeonato Brasileiro, tem a hospedagem também, tornando mais caro e mais difícil, por isso ele não pôde competir – justifica a mãe.

A primeira etapa do Brasileiro de Karatê, promovida pela Confederação Nacional de Karatê, foi em Londrina/PR, a segunda será em Salvador/BA e a terceira em Manaus/AM. A exemplo do que é observado em Resende, Pauliceia também sofre com a falta de patrocínio nos projetos. “Aqui (em Pauliceia) a falta de patrocínio é imensa! A cidade é pequena, a falta de emprego também é grande. A prefeitura mantém esse projeto social de karatê, que iniciou na gestão passada; os meus filhos entraram há um ano. As aulas são duas vezes por semana, e o prefeito cede o ônibus para as competições regionais, nas estaduais nós fretamos ônibus. Estamos tentando uma ajuda maior, inclusive para crianças ou adolescentes que como o meu filho se classificam e não tem como participar, por falta de dinheiro, se a prefeitura não poderia ajudá-los nesse caso, pois são selecionados somente os melhores”.

Segundo ela, as despesas com o jovem – que incluem a mensalidade dos treinos particulares em Panorama, graduação de faixa e as despesas das três etapas da competição nacional – que somadas chegam ao valor que ultrapassa os R$ 1,3 mil, fora outros equipamentos para a prática do esporte e as despesas com competições estaduais – pesaram na decisão. A professora revela que precisa arcar com os custos de suas participações, mas no Estadual o karateca contou com o apoio de um supermercado de Pauliceia, de propriedade da mãe de um ex-aluno de Elys. Além de Antony, ela também é mãe de outro menino de 11 anos, Arthur, que também pratica o esporte, o que aumenta ainda mais as despesas.

O karateca (à esquerda) treina em Pauliceia e Panorama, ao mesmo tempo (Foto: Divulgação)

Paralelo a rotina de estudante e atleta, Antony também é voluntário da escola pelo Programa Escola da Família (PEF) e atua na Sala de Internet. O trabalho voluntário tem sensibilizado a vice-diretora da escola, Maria Lúcia Pego, a Malu, que resolveu então incentivar a prática do esporte por parte do estudante e de outros jovens atletas de Pauliceia e entrou em contato com o jornal BEIRA-RIO, de Resende, em busca de divulgação da história do estudante para a região e o país.

– Conheço a luta das mães para levar os filhos para as viagens a cada campeonato. Aí pensei em divulgar no intuito de mostrar para nossa juventude que tem coisas legais e saudaveis a se fazer. E esses alunos (caso do Antony) merecem ficar conhecidos dessa forma, pois temos recebido muitas notícias negativas, e podemos mostrar qu coisas como esporte é saudável existem e têm na nossa escola. Então resolvi entrar no site a procura de um veículo que fosse parceiro nosso. E não importa de onde seja, se é daqui da região, de São Paulo ou do Rio de Janeiro. Pra mim, a internet é universal. Qualquer pessoa pode contribuir para que o Antony continue sendo um exemplo – diz a educadora.

Além de incentivar Antony em sua prática esportiva, a escola já tem programas que contemplam outros esportes entre os alunos e a comunidade. Nos finais de semana, o Orlando Guirado Braga costuma abrir suas portas para os alunos e a comunidade e oferece futsal e capoeira.

Entre as conquistas de Antony, estão o primeiro lugar no kata individual e segundo lugar no shiai, na primeira etapa do Campeonato Estadual (de Mato Grosso do Sul, estado onde é federado), em Campo Grande. E na segunda etapa, o primeiro lugar nas duas modalidades do karatê, última competição da qual participou, neste sábado, dia 24, em Nova Andradina/MS. Nesta quinta-feira, dia 29, o BEIRA-RIO Esporte Clube fez uma matéria especial com o karateca, sua mãe e a vice-diretora, que pode ser ouvida clicando no player abaixo.

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