“Nova” Câmara de Resende e o desperdício do dinheiro público

piaA palavra “vergonhoso” soa como elogio ao que se constata no novo prédio da Câmara Municipal de Resende que custou até agora aos cofres públicos, cerca de R$ 10 milhões e, depois de seis anos em obra, parece que, finalmente, começará a ter uso, ainda que parcial, a partir do dia 3 de abril. É de chamar atenção as várias placas de rebaixamento do teto que se soltaram ou estão para se soltar por conta de infiltração ou serviço mal feito, o madeiramento do piso do plenário está se soltando e com isso o carpete também está comprometido; material de baixa qualidade foi usado em vários pontos da construção: portas e as pias dos banheiros são os exemplos mais flagrantes. As pias são de tamanho inadequado, lembram pias de creches ou de escolas de ensino infantil (foto acima). O pior são os acabamentos “fakes”. Fake porque aparentam estar prontos, mas não funcionam, como por exemplo, a ausência de interruptores nos banheiros próximo ao plenário ou as caixas de incêndio que foram instaladas, mas os canos foram colocados sem levar nada à lugar algum. Exatamente por causa desses problemas, os Bombeiros não haviam liberado a obra.

— Consegui agilizar muita coisa junto aos Bombeiros, porque fizemos o plano que eles exigiram e agora sim, uma empresa fará a obra necessária para garantir a segurança do prédio, conta o presidente da Câmara, vereador Roque Cerqueira que mostra alguns absurdos no projeto da obra, como as portas de banheiros que podem provocar acidentes, uma vez que se encontram com as portas divisórias internas, assim como a falta de fechadura nas portas. “Na verdade, as fechaduras de todas as portas eram abertas por única chave, nunca vi isso”, aponta Cerqueira que apelidou um cômodo de 2 metros por 70 cm de largura de “o cofre do Cunha”, no gabinete da presidência. O local, um corredor sem janela parece um “quarto do pânico”, sem propósito ou função. “Não tenho a menor ideia para que isso serve e o que pensaram quando construíram”, completa o presidente.

Para a transferência dos gabinetes que acontece até o dia 3, o prédio está passando por pequenas reformas, mas o pior será refazer todo o plenário. Serão trocadas todas as cadeiras, o piso terá que ser reformado, parte elétrica e outras instalações. O ambiente é a expressão do desperdício do dinheiro público. “Vamos trocar porque não foram essas as cadeiras pagas. Verificamos na nota fiscal e o que foi pago refere-se a cadeiras de muito melhor qualidade e chegaram essas aqui, mas vamos devolver e queremos as cadeiras de boa qualidade”orientaçoes, disse o presidente Roque Cerqueira (foto ao lado) que tem acompanhado de perto a mudança e reforma.

As sessões legislativas continuarão no mesmo lugar onde são realizadas atualmente, até que o “novo” plenário seja reformado e as cadeiras substituídas. Cerqueira prometeu que apresentará todo o custo da obra, nos últimos anos, no início das atividades do novo prédio, que contará com um ato ecumênico, aberto ao público, às 11h no dia 3, ocasião em que o público poderá visitar o prédio.

O processo da construção da nova sede da Câmara Municipal de Resende foi iniciado em 201o e a partir de 2011, na presidência do então vereador Kiko Besouchet, várias irregularidade começaram a ser apontadas, o que desdobrou para um processo que aponta compras superfaturada de mobiliários e equipamentos de som e de empresa cujo endereço não correspondia aos registros de compra. O processo chegou a ser anexado a outro que apura licitações fraudulentas na Câmara Municipal que ficaram conhecidas como Operação Betrug.

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One thought on ““Nova” Câmara de Resende e o desperdício do dinheiro público

  1. Sem comentários. Tudo está narrado na ação popular em tramitação pela 2ª vara cível dessa Comarca. Certamente, ao final a justiça decidirá de acordo com a lei e condenará os responsáveis ou “irresponsáveis” pelo gasto indevido nesta obra que tudo indica foi superfaturada. Vamos aguardar o epílogo.

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