Seis anos de queda nos leitos pediátricos

444444444444Uma análise realizada pela Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), afirma que mais de 10 mil leitos de internação em pediatria clínica, aqueles destinados a crianças que precisam permanecer num hospital por mais de 24h horas – foram desativados na rede pública de saúde desde 2010.

No fim do mesmo ano, o país dispunha de 48,3 mil deles para uso exclusivo do Sistema Único de Saúde (SUS), no entanto, em novembro do ano passado (último dado disponível), o número baixou para 38,2 mil – uma queda de aproximadamente cinco leitos por dia. Ainda, segundo o estudo, também identificou que 40% dos municípios brasileiros não possuem nenhum leito de internação na especialidade.

As informações, apuradas junto ao Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES), do Ministério da Saúde, preocupam os especialistas, mas não surpreendem quem cotidianamente sente na pele os dilemas das limitações do SUS.

As doenças que prevalecem nas crianças costumam ocorrer em períodos específicos do ano, nos primeiros semestres de cada e, geralmente, acentuam-se as viroses gastrointestinais, que em muitos casos demandam a internação. Além disso, casos mais sérios de dengue, o aumento na recorrência dos casos de alergias, infecções respiratórias e pneumonia também contribuem para o crescimento da demanda por internações.

Das mais de 5 mil cidades brasileiras, cerca de 2 mil não possuem nenhum leito. Entre as que possuem pelo menos uma unidade de terapia intensiva infantil, um terço tem menos de cinco leitos em todo o território municipal e 66 deles contam com apenas um leito.

Em números absolutos, os estados das regiões Nordeste e Sudeste foram os que mais sofreram redução no período, com 4.032 e 3.060 leitos a menos, respectivamente. Em seguida aparecem as regiões Sul (-1.873 leitos), Centro-Oeste (-689) e Norte (-428). São Paulo foi o estado que mais perdeu leitos de internação infantil entre 2010 e 2016, com cerca de 1.109 leitos pediátricos desativados no período, em contaposição , apenas um estado apresentou número positivo no cálculo final de leitos do SUS ativados e desativados nos últimos seis anos, o Amapá, que saltou dos 180 leitos pediátricos existentes em 2010 para 230 no fim do ano passado.

Entre as capitais, São Paulo lidera o ranking dos que mais perderam leitos na rede pública (-378), seguida por Fortaleza (-364) e Brasília (-150). Além disso, apenas quatro capitais conseguiram elevar a taxa de leitos, o que reforça a suspeita de que o grande impacto dessa queda tenha recaído sobre as demais cidades metropolitanas ou interioranas dos estados.

Aqueles que utilizam de planos de saúde ou mesmo procuram atendimento em unidades privadas também sentiram a queda, que apresenta-se em torno de 1.036 o número de leitos no mesmo período, ocasionando o quadro de em média 20 estados terem perdido leitos pediátricos na rede “não SUS”. Novamente, São Paulo desponta com queda de 586 unidades do tipo. A mesma lógica afetou ainda as capitais, que perderam, ao todo, pouco mais de 400 leitos, metade deles apenas na capital paulista.

Fonte:  Sociedade Brasileira de Pediatria

Foto: Instituto Marcelo Déda/Tribuna do Norte

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