Moradores ameaçados por barranco na Barra II reclamam de descaso

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Em sentido horário, a Rua João Francisco Gomes de Matos, onde vivem os moradores que se queixam do barranco; fachada da casa de Viviane; fundos da casa da mesma moradora, que tem os fundos de frente para o barranco e detalhe da casa acima do morro, da Rua Maria Belizário de Santana, onde um muro de madeira está desmoronando aos poucos

Desde que recebeu a visita da Defesa Civil, no ano de 2009, a auxiliar administrativa Viviane Brasil tem se preocupado com a integridade de sua vida, de sua família e a dos vizinhos, no bairro Fazenda da Barra II. “A Defesa Civil esteve aqui em casa fazendo uma vistoria e constataram que as casas da Rua João Francisco Gomes de Matos, tanto a minha casa quanto as de outros vizinhos, estão em área de risco”, diz Viviane.

O problema, no entanto, não é apenas com os moradores da rua, que fica abaixo de um morro que abriga várias casas com endereço na Rua Maria Belizário de Santana, como também com os vizinhos desta última via citada. “Em uma das casas que ficam por lá eles colocaram uma cerca de madeira para conter os deslizamentos, mas ela está cedendo. Sem contar que tem um morador com a casa dele exatamente no trecho do morro que dá acesso ao quintal de minha casa”, acrescenta.

A auxiliar administrativa revela que três anos mais tarde foi orientada pelo órgão a fazer a construção de um muro de arrimo (ou de contenção) nos fundos de casa, mas reclama que ela e os vizinhos não tiveram qualquer ajuda da Prefeitura de Resende para construi-lo. “A maioria dos moradores daqui sequer pode fazer o muro porque não possuem condições financeiras. Se eu não tivesse pedido demissão de meu antigo emprego também não teria”, responde Viviane, que usou o dinheiro da rescisão de contrato que recebeu e optou por construir o muro de sua casa.

No entanto, somente ela e outra vizinha conseguiram, sendo que esta construiu o muro apenas em metade de sua residência. “Tivemos também de tirar do próprio bolso, fizemos um muro de concreto, mas não conseguimos completar o trabalho”, cita a dona de casa Irene Nogueira da Silva Maia.

Com a impossibilidade de todos arcarem com os custos da construção do muro de arrimo, Viviane conta que chegou a ir a prefeitura para solicitar ajuda de custo aos vizinhos para que o serviço fique completo. “Solicitei ao pessoal da prefeitura que conseguissem essa ajuda fazendo os muros para os vizinhos ou dando essa ajuda para eles poderem também construir os muros, mas não tivemos qualquer ajuda”, lamenta.

Com a falta de recursos para fazer o muro em toda a extensão dos fundos das casas, e mais recentemente de uma vistoria da Defesa Civil não realizada, Viviane teme pelo pior. “A Defesa Civil passaria aqui na rua junto com o engenheiro responsável, mas fui informada que ele está doente e a vistoria foi cancelada sem previsão de ser remarcada. Isso nos preocupa porque em poucos meses voltaremos ao período da chuva, que cada vez mais agrava a situação do barranco. Meu temor é de haver um desmoronamento mais forte com alguma enxurrada”.

Ela critica a falta de iniciativa da prefeitura, que alegou não fazer o serviço nas casas por se tratar de área privadas. “Chamei os responsáveis para fazer a obra em minha casa na ocasião, mas eles recuaram porque acharam que eu seria a maior beneficiada. Então quer dizer que era só pra mim? Nada disso, eu pedi isso também para todos os meus vizinhos, pois são várias vidas em risco. Só espero que não tenham que voltar aqui só depois de morrer alguém”, alerta.

A casa de Irene atualmente está alugada, mas a família tem trabalhado nos últimos anos para conter os deslizamentos de outras formas. “A gente tem enfrentado esse problema com a casa há muitos anos, pois o barranco já existia na ocasião. Cheguei a tirar somente daquele local uns três caminhões cheios da terra que desmoronou há mais de 20 anos no local, e hoje tenho plantado várias árvores, como uma tentativa de conter novos deslizamentos”, completa o marido de Irene, o aposentado João Batista de Andrade Maia.

A equipe do jornal BEIRA-RIO entrou em contato com a Prefeitura de Resende, que informou em nota, através da Secretaria Municipal de Obras que está avaliando a demanda dos moradores, mas adianta que desconhece tal verba destinada para a construção de muro na região citada.

Ainda de acordo com a mesma nota, conforme informado em 2012, a construção de muro deve ser feita pelo morador. No caso de um possível comprometimento e interdição das casas, a Secretaria Municipal de Assistência Social avaliará cada caso para tomar as providências necessárias.

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