Por que não posso ir?

Por que não posso ir?

Porque não quero.

Quem nunca ouviu isso do pai ou da mãe? Porque não quero nunca foi resposta que chegasse, mas era sempre usada.

Um filho, principalmente um adolescente, precisa de respostas firmes, mas principalmente critérios:  “hoje pode. Amanhã não pode”. E não há uma justificativa que lhes direcione e que proporcione uma reflexão. O que acarreta é uma quebra do respeito pela autoridade e uma insegurança sobre o que se deve ou não fazer. Os pais precisam mostrar que sabem do que estão falando.

Ao meu ver, a grande mágica de se criar um filho é o fato dele não vir com manual e nem com bula. Vamos aprendendo aos poucos sobre seu funcionamento, sobre suas preferências, sobre como lidar. E a experiência de um filho raramente serve para o outro. São pessoas diferentes que lançamos ao mundo e que precisam ser preparadas para trilharem seus próprios caminhos a partir de nossas orientações.

Mas como ser orientado com uma resposta dessa?

Em primeiro lugar, estabelecer critério: lugares que pode frequentar, o que pode ou não fazer, dias da semana em que pode sair, etc. Um contrato firmado nunca sai caro. E quando o filho (leia filha se for o caso, ponha no plural também) sair, não fique ligando para o celular dele de minuto a minuto. Deixe-o à vontade e confie em suas orientações. Se ele não corresponder, então será a hora de uma conversa séria sobre quebra de contrato e perdas de direito. E nunca o constranja em público. NUNCA! Deixe para o espaço privado qualquer bronca, comentário, dúvida ou arroubos de carinho e amor.

Costumo dizer que o adolescente é o sujeito sem classe. Adulto para algumas coisas e criança para outras. É a época das incertezas, dos arroubos, dos hormônios à flor da pele, do desejo de se auto afirmar e de experimentar uma certa liberdade. Adolescente ama em profusão, chora sem motivo, ri quando não deve. Pinta o cabelo de azul e veste as roupas, aos olhos dos pais, mais inadequadas possíveis.

É preciso deixar viver, mas com parcimônia; como diria meu pai. Soltar para pequenos voos e nunca perder de vista. Permitir que ele busque sua identidade, faça seus amigos, que sonhe e busque realizações.

Os amigos de seus filhos são amigos deles que podem, aliás, devem ter uma convivência amistosa e harmoniosa com você. Podem sentir que sua casa é o segundo lar e que você pode orientar quando eles se encontram nessas encruzilhadas da vida. Mas não são seus amigos para baladas e confissões. Saiba separar as coisas.

No mais, se você já é adulto, deve ter passado pela adolescência. Do que é que você sentia falta? E o que mais abominava? Hora de entrar na máquina do tempo e relembrar para viver essa fase da vida de seus filhos da melhor maneira possível. Se é que é possível dentro de um possível à mão.

Ângela Alhanati
contato@angelaalhanati.com.br
Livre pensadora exercendo seu direito à reflexão

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