Policiais militares, policiais rodoviários federais, guardas municipais e até o batalhão de choque da Polícia Militar ajudaram na segurança da tocha olímpica em sua passagem por Resende, na tarde desta quinta-feira, dia 28. Dezenas de moradores foram às ruas assistir a passagem da tocha e o comboio de patrocinadores que a acompanhavam. Apesar de tranquilo, o evento levantou questionamentos, como seu valor e a quantidade de personalidades resendenses do esporte que conduziram a chama olímpica durante o revezamento.
A organização do revezamento já possui uma equipe grande, que conta com apoio de dois ônibus, um caminhão e van, responsáveis por colocar os condutores da tocha nos locais adequados, retirá-los e dar suporte a eles. Além disso, participaram 150 policiais militares do 37º Batalhão de Polícia Militar (BPM), inclusive alguns disfarçados no meio da multidão; 30 agentes do batalhão de choque da PMRJ; seis bombeiros com três viaturas; 86 guardas municipais de Resende; 22 policiais rodoviários federais; e duas viaturas do Samu.
Após passar o final da manhã na fábrica da montadora de automóveis e motores Nissan, um dos patrocinadores das Olimpíadas 2016, a cerimônia de revezamento aberta ao público começou na Academia Militar das Agulhas Negras (Aman), após as 14h. Na fábrica, os funcionários Sérgio Casillas, Alessandra Treinta, Robson Barbosa, Ivana Alves da Cunha Ribeiro, Marcus Vinícius Ribeiro da Motta, Patrícia de Souza e José Maciel de Almeida Filho foram os primeiros a conduzir a chama olímpica. Na Aman carregaram-na os militares Humberto Costa, Pablo de Oliveira Lima, Antonio de Souza e Francisco Siqueira Neto. Ela saiu de lá pelas mãos do jornalista Clayton Conservani, que a entregou ao ex-árbitro e comentarista Arnaldo Cesar Coelho, que por sua vez a repassou ao esportista Max Alves no bairro Barbosa Lima.
No mesmo bairro, o cortejo seguiu com Marcia Martinez, e na Avenida Presidente Kennedy passou para a funcionária da Nissan Alessandra da Silva. Marcelo da Cruz que se prepara para uma prova de triatlon a pegou e levou até a Beira Rio, nas mãos do corredor Jorge dos Santos, que a passou para a funcionária da Nissan Ana Claudia Cortes de Oliveira. Ela a levou até o Parque das Águas, onde a professora de Educação Especial da Faetec do Rio de Janeiro, Sônia Lopes, aguardava.
– Sou servidora do estado e fui selecionada através do concurso “Servidores que valem ouro” porque além de ser irmã de um rapaz com síndrome de down faço um trabalho de profissionalização destas pessoas. São garçons, auxiliares de cozinha, contínuos e auxiliares de serviços gerais deficientes que já estão até no mercado de trabalho. Já conheço Resende por ter parentes aqui e sei dos problemas do estado por ser funcionária pública, mas acreditei que não haveria problemas no trajeto e que receberia toda essa energia positiva na condução – comentou.
Ela entregou a tocha ao judoca cego Breno Amaral na Avenida Marcílio Dias, que a repassou ao biólogo Marcelo Szpilman e ele, na Rua Rafaela Maria Bruno, a entregou ao funcionário da Nissan Paulo Guilherme de Paiva Rodrigues, que no bairro Manejo passou para a colega Edna Martins. O ex jogador de vôlei Antonio Carlos Ribeiro, o Badá, pegou a tocha na Rodovia Joaquim Mariano de Souza e a repassou ao ciclista Elias Junior na Rua do Rosário. Na Avenida Gustavo Jardim, o técnico de rugby em cadeira de rodas Davi Ribeiro pegou a tocha, passou para Fábio Oliveira na Ponte Nilo Peçanha e ele para Felipe Kino, no calçadão do bairro Campos Elíseos. O revezamento terminou com a ex-atleta de vôlei Ellen Assis na Avenida Marechal Castelo Branco.
Mesmo sendo bastante animado e sem tumultos, o revezamento da tocha começou a ser criticado antecipadamente devido ao valor do investimento, que seria de R$ 120 mil. A prefeitura de Resende negou a informação, declarando ter pago apenas um seguro de menos de R$ 5 mil.
“A Prefeitura ressalta que o único custo para receber o Revezamento da Tocha Olímpica é o seguro de acidentes pessoais e responsabilidade civil, no valor de R$ 4.845,97, que todas as cidades que estão recebendo a tocha assumiram o compromisso de contratar conforme determinação do COB (Comitê Olímpico Brasileiro). Os serviços de melhorias que estão sendo vistos pela cidade são rotineiros, sendo que a única eventualidade é o esquema especial para ordenamento do trânsito e segurança na passagem da tocha pela cidade”, informou através de uma nota.
Outra polêmica foi a ausência de personalidades do esporte regional. Enquanto a carioca Sônia Lopes aguardavam a chegada da tocha, a estrela das crianças foi o corredor Jesuel Ferreira de Sá, o Passarinho, de Itatiaia, que embora tenha conseguido conduzir a tocha, o fez em Rio Claro, na parte da manhã. O próprio secretário municipal de Esportes, Fernando Menandro, usou as redes sociais para desabafar sobre o tema.
“Poucos municípios no Estado do Rio e até no País, têm a quantidade e diversidade da prática esportiva, das mais diferentes modalidades, que Resende possui. Temos um legado de conquistas – ao longo de décadas – em diferentes esportes e continuamos a ser um celeiro de grandes atletas e a revelar inúmeros talentos esportivos. Inexplicavelmente, conterrâneos nossos que representaram o Brasil em Jogos Olímpicos, que conquistaram o ouro em Pan americanos, que conquistaram títulos mundiais, Sul americanos, Nacionais e Estaduais, não foram convidados para conduzir a tocha em sua cidade natal. Confesso que, como resendense e desportista, tinha a esperança de que nesta ocasião tão especial e única, poderíamos homenagear tantos atletas que nos honraram – e tantos que ainda nos honram – com suas performances nos campos, nas quadras, nas piscinas, nas pistas, nas areias, nas ruas e até nos mares e nas montanhas…”, desabafou o secretário.
PASSAGEM TRANQUILA EM BARRA MANSA
Em Barra Mansa, o comboio do revezamento chegou pouco depois das 16h45 desta quinta-feira, dia 28, após entrar no bairro Bocaininha, vindo da Dutra. O trajeto dos condutores começou na entrada da Rua Três de Outubro, próximo ao antigo Rango, quando a estudante Carolina Vitória de Souza Silva recebeu a tocha. Em todo o trecho pelo qual passou o comboio, a segurança foi reforçada com homens e viaturas da Polícia Militar, Guarda Municipal, Polícia Rodoviária Federal, Polícia Federal. Até a Tropa de Choque esteve presente. O comboio também contou com o cordão de isolamento de homens da Força Nacional.
Também a população que mora nos locais por onde passou o comboio lotou as ruas para acompanhar o evento. Em alguns pontos, acompanhar os condutores foi um desafio para quem tentou seguir o comboio, uma vez que alguns participantes do revezamento aceleraram o passo, e também devido ao grande contingente de pessoas presentes e de outras que também corriam para conseguir um melhor ângulo em suas fotos ou vídeos.
No Centro, próximo da Igreja Matriz, um grupo pequeno de manifestantes contrários à realização do evento, liderados principalmente por representantes do Sindicato Estadual dos Profissionais da Educação (Sepe) aproveitou para protestar contra o ex-governador Sérgio Cabral, o governador afastado Pezão e o governador em exercício Francisco Dornelles, além de repudiarem o atraso dos salários e a falência nos serviços públicos. O grupo exibiu bonecos feitos de papelão dos políticos. Apesar disso, não houve registro de tumulto, mesmo com a passagem do comboio.
Neste mesmo trecho, o ex-ginasta Bruno Martini recebeu a tocha no palco montado na Praça da Matriz, ao mesmo tempo em que a Orquestra Sinfônica de Barra Mansa se apresentava, e a conduziu até a proximidade da agência do Banco do Brasil.
O revezamento seguiu por mais duas ruas até chegar em seu ponto final, quando já se aproximava das 18 horas, próximo a Apae de Barra Mansa, na Rua Ary Fontenelle, na Estamparia. De lá, o comboio foi para Volta Redonda, onde também foi recebido com festa e sem incidentes, e nesta sexta-feira, dia 29, percorre mais cinco municípios do Médio Paraíba e Centro-Sul Fluminense.
Só esqueceram de informar que o exército (BCSv/AMAN) também ajudaram na segurança!