Identificado morador de rua que pode ter morrido por hipotermia em Resende

“Perdemos ele para a rua”. Com estas palavras, Flávia Liberato, de 24 anos, descreveu a situação do tio, o morador de rua José Martins de Barros, de 46 anos. Ele foi encontrado morto em frente à sede do Instituto Federal do Rio de Janeiro (IFRJ), na manhã desta quarta-feira, dia 15, e a suspeita é que ele tenha morrido de frio durante a madrugada.

O corpo foi encontrado por funcionários da instituição, que acionaram a Polícia Militar. Estes, por sua vez, pediram ajuda ao Corpo de Bombeiros, que constatou a morte. O perito da  Polícia Civil Carlos Rodrigo esteve no local, mas explicou que apenas um legista pode confirmar se a morte foi por hipotermia.

– A perícia é acionada pela delegacia e a gente tem que ver se há indício de crime.  Sobre a causa da morte, se há ferimentos no corpo, quem diz é o legista. Mas a melhor pessoa para dar estas informações corretamente é o delegado – resumiu o perito.

A sobrinha de José Martins de Barros disse que a família foi avisada sobre a morte por um órgão da  prefeitura.

– O órgão da  prefeitura que trata  das pessoas de rua esteve lá em casa e nos comunicou sobre a morte. Ontem estive com ele, ele estava com uma aparência boa, embora estivesse um pouco alcoolizado, mas achávamos que ele estava se virando bem. Pelo que vi, parece que foi frio sim – lamentou.

Ela contou que o tio morava na rua por opção, devido a problemas relacionados a drogas, mas que a família, que mora no bairro Lavapés, vinha tentando uma aproximação.

– Há alguns anos ele morava na  rua por opção devido à dependência de drogas. Estávamos voltando a ter contato nos últimos meses, propusemos que ele voltasse para casa,  estávamos  tentando resgatá-lo. Quando encontrávamos na rua  tentávamos conversar. Ele era pedreiro, mas desde que a dependência ficou forte, há uns quatro ou cinco anos, veio para as ruas – acrescentou.

Ela acredita que o município precisa de um abrigo, porque embora o tio estivesse na rua por opção,  há pessoas que não tem para onde ir.

– Tem pessoas que não têm família e esses realmente estão sozinhos  e perdidos nas ruas e falta um abrigo para eles. Moro perto do programa da prefeitura e vejo as pessoas irem buscar alimento e apoio. Alguns, mesmo com família e suporte,  optam por ficar na  rua.  Quem  tem pessoas na situação do meu tio acho que deve sempre tentar acolher, entender, sempre tentar colocar coisas boas para esta pessoa. Nós fizemos de tudo e perdemos para a rua – concluiu.

Nesta terça-feira, dia 14, antes da morte de José Martins, o BEIRA-RIO havia  feito contato com a prefeitura de Resende questionando que tipo  de apoio tem sido oferecido à população de rua nestes dias mais frios, mas até o fechamento desta edição não houve retorno. A autópsia que vai determinar a causa da morte do morador de rua  ainda não foi realizada.

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