Ponte Velha faz 111 anos

expo dentroA Ponte Nilo Peçanha, mais conhecida como Ponte Velha, comemora 111 anos de inauguração neste sábado, dia 16. Para comemorar a data, a Fundação Casa de Cultura Resende Macedo Miranda e o Arquivo Histórico de Resende inauguraram na tarde de sexta-feira, dia 115, a exposição “Ponte Velha – 111 anos de História na sede da Casa de Cultura”.

– Nós fazemos essa exposição há 30 anos, então sempre procuramos algo diferente. Já temos algumas fotos antigas e, neste ano, para dar uma “apimentada”, convidamos fotógrafos de Resende para fazer imagens e nos mandar seu trabalho. Tinha muita coisa boa, mas pegamos só uma foto de cada um, foram mais ou menos 15 profissionais – explicou o curador da exposição, o diretor do Arquivo Histórico de Resende, Claudionor Rosa.

Outras mudanças foram na cerimônia de abertura da exposição. Claudionor Rosa compôs um rap sobre a ponte e ele foi cantado por integrantes do coral da Fundação. Em seguida, o estudante Lauan Sérgio da Silva Rodrigues, de 12 anos, que é cego, leu uma mensagem em braile escrita por Claudionor e declarou aberta a exposição.

– Para mim foi uma honra, eu nunca tinha feito isso, foi uma honra imensa. Cheguei ao Cedevir, onde estudo, e minha professora Andreia me entregou um bilhete convidando. Achei diferente, porque sempre quem costuma ler é outro colega. Sempre quis abrir uma exposição, sempre gostei de falar. Mesmo que o texto não fosse meu, li como se tivesse sido eu que escrevi, foi com o coração – comentou Lauan Rodrigues.

Depois que ele abriu a exposição foi possível ver as fotos do processo de construção da ponte e de uma ponte de madeira que havia sido feita antes dela, já que a ponte de metal na verdade é a terceira versão da ponte que liga os dois principais centros comerciais de Resende, o Centro e o bairro Campos Elíseos. Alunos de uma escola particular foram os primeiros a visitar a exposição.

– Nos anos 1980 a ponte estava condenada e o poder público achava desperdício gastar dinheiro para consertá-la. Criamos o SOS Ponte Velha, mas as escolas não queriam participar, só essa escola topou participar, então achamos importante eles estarem na exposição primeiro – esclareceu o responsável pela exposição.

O livro Ponte Velha, lançado em 2005 e escrito por Claudionor Rosa, lembra que as duas pontes de madeira anteriores à metálica foram levadas por enchentes. A primeira foi concluída em 1824, pelas mãos de escravos, após determinação da Câmara Municipal da época, e levada pelas águas em 1833. A segunda ficou ponta em 1836 e foi destruída na enchente de 1901, não sem antes causar problemas.

– A História da ponte é a mesma da política atual, começa eleição eles começam a arrumar tudo, mas quando não tem deixam tudo acabar. A ponte começou a ficar maltratada e começou a cair gente no rio, mas como a maioria eram escravos e gente pobre, não ligavam. Aí um dia caiu uma menina que tinha saído de Campos Elíseos para estudar do outro lado e ela morreu afogada. Quiseram incendiar a ponte e isso tudo acelerou o processo para começar a obra – detalhou o diretor do Arquivo Histórico.

A ponte foi construída em estrutura metálica pela empresa Cordeiro Junior, que empregou imigrantes portugueses e recebeu 152 contos de reis pela construção, inaugurada na tarde do dia 16 de abril de 1905. O próprio Nilo Peçanha, que na época era o governador do Rio de Janeiro, esteve na inauguração.

– A Ponte Velha é a mais querida da cidade, um cartão postal, e tem sido um termômetro do crescimento ordenado das duas partes da cidade. Até 1950 passou carro por ali, depois parou. Algumas pessoas criticam a exposição porque a ponte carece de melhorias, pintura, mas nós cuidamos da memória da ponte, outros órgãos do poder público que cuidem de outros aspectos. Se ela está sem pintar temos que denunciar, mas não vamos deixar de contar a história dela. Acho que isso ajuda até a desenvolver o sendo crítico das pessoas – avaliou.

A exposição fica aberta ao público até o dia 29 de segunda-feira a sexta-feira, das 12h às 17h30. Os interessados em levar grupos à exposição ou em marcar um horário alternativo, devem ligar para (24) 3354-6927.

 

Você pode gostar

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

O limite de tempo está esgotado. Recarregue CAPTCHA.