Vereadores de Resende relatam temor com votação do dia 17

vereOs vereadores da Câmara Municipal de Resende usaram o tempo de seus partidos na parte da sessão ordinária denominada “Palavra de Liderança”, na sessão realizada na noite desta quinta-feira, dia 14, para falar sobre seu descontentamento com a Câmara dos Deputados e seu temor com a votação do processo de impeachment, prevista para o próximo domingo, dia 17. Mesmo vereadores que se posicionaram contra o Governo Federal, como o vereador Pedro Paulo Florenzano (PP), mencionaram que o impeachment vai ocorrer “sem crime”.

A discussão começou com o vereador Joaquim Romério, líder do PMDB em Resende, que criticou até mesmo a bancada de seu partido na Camara dos Deputados, questionando o racha que havia sido divulgado, através do qual alguns deputados estariam interessados em apoiar o Governo Federal e outros em votarem como oposição.

– Vi uma matéria que falava que os deputados estavam fazendo bolão de R$ 100 sobre o resultado de domingo. Falar que isso está acontecendo em um momento em que a situação do país está tão crítica é muito triste. Queria ver o país pujante, crescendo, mas hoje não acredito que o país vá ter esse crescimento todo. Não sei se vai ter impeachment ou não, mas quem liderar esse país tem que saber que ele é muito rico. Disseram que o PMDB estava rachado, mas isso não é verdadeiro, porque o líder, que estava defendendo a presidente, já está pulando de lado. A coisa não pode ser tão maleável, tem que ter posição. Não podem ir para onde o barco está virando, isso não é política, é um bando, e um bando não pode gerenciar o país. Que Deus nos ilumine para termos um futuro melhor – declarou o vereador Joaquim Romério.

O vereador José Olímpio (PCdoB), cujo partido se posicionou contra o impeachment e vem promovendo atos de apoio à democracia pelo país, avaliou que as discussões políticas não estão acontecendo, já que o embate está se voltando para questões pessoais entre os envolvidos.

– O PCdoB sempre se posicionou contra o impeachment por entender que não há base legal para ele. Uma coisa é a questão política, que é saudável quando os partidos debatem, mas o que está se negociando é a questão da democracia, do Estado de direito. Me parece que não se debate mais, são só ataques pessoais. Tenho críticas até ácidas contra o Governo Federal, mas baixa popularidade ou erro de tática de projeto não podem servir como base para um impeachment, isso é uma coisa muito séria. Vi na internet uma criança que desenhou a Dilma e o Lula no colégio e escreveu “essa mulher tem que morrer”. Olha a responsabilidade desses políticos! Quanto a domingo tenho rezado e orado muito para que o país não fique dividido, embora no meu caso prefiro que não haja o golpe – comentou o vereador José Olímpio.

O vereador Roque Cerqueira (PDT), que esteve em Brasília recentemente, relatou que o trabalho na Câmara dos Deputados se restringe à negociação dos votos.

– Semana passada estive lá e as negociações que vêm ocorrendo há oito dias são uma coisa extraordinária. O que vi foi um balcão de negócios. Você chegava em um grupo de deputados e era só isso. Nunca se ocorreram tantos negócios em um só lugar. O que o país está perdendo nestes oito dias é uma fábula em dinheiro e os jornais nacionais acompanham todo dia as mudanças de lado. Vi no jornal em um dia 40 deputados mudarem de indecisos para pró-impeachment. Fora o muro que fizeram em Brasília há quatro dias que deixou a paisagem horrível. Está feio, para nós brasileiros acima de tudo – lamentou o vereador Roque Cerqueira.

O deputado Pedro Paulo Florenzano, que é formado em Direito, acredita que o impeachment está sendo buscado através do “jeitinho brasileiro”.

– Como Romério disse, o que a gente está vendo é bando. Falta dignidade, falta ética. Não tem nem quem tenha dignidade para que possa fazer propostas pela nação brasileira. Não votei na Dilma, torci para ela perder, mas até o momento ela não praticou crime, é um impeachment circunstancial a meu ver. Ela fez coisas erradas em sua gestão e está sendo castigada pelo jeitinho brasileiro, porque não praticou crime. Querem tirá-la por uma decisão política e estão fazendo todo tipo de acerto maquiavélico para isso, então é bando. Que democracia é essa? Que Estado de direito estamos desrespeitando? A Dilma vai ser cassada com jeitinho brasileiro, o problema dela foi político e isso se pune com eleição, não é com impeachment. O que mais me assusta é pensar em quem vai governar depois – analisou o vereador.

A presidente da Casa em exercício, vereadora Soraia Balieiro (PSB), lembrou da situação de Resende e fez um paralelo com a situação da política nacional.

– Tenho passado os últimos dias circulando nos hospitais. O remédio Tamiflu, usado no tratamento do H1N1, não é mais encontrado nas farmácias da região. Estão tendo que mandar a pessoa de volta para casa até chegar o remédio. Você não encontra Redoxon Zinco (vitamina C) nas farmácia. É Zika, é dengue, é H1N1, são buracos nas ruas, nas estradas rurais e esses deputados fazendo bolão sobre a situação política do país? Será que eles não têm família? E o pior é que nós aqui não podemos fazer nada, mas temos que fazer. Vamos fazer uma moção de repúdio, porque precisamos ao menos nos manifestarmos – concluiu a vereadora, encerrando a sessão logo em seguida.

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