Açude da Morada da Barra está mais sujo que antes de limpeza

A prefeitura de Resende anunciou, em junho de 2014, que realizaria a limpeza do açude do bairro Morada da Barra. Iniciada mesmo sem a placa de obras, que em um primeiro momento a prefeitura sequer sabia onde estava, a licitação concluída meses antes falava em um trabalho de R$ 570.159; Ele seria realizado pela empresa Deltatec e pago com recursos próprios da Agência do Meio Ambiente de Resende (Amar). Seriam arrancados o mato e as algas que estavam às margens e fundo do açude, mas passado um ano e meio depois a situação do aquífero está ainda pior que antes.

— Tiraram o grosso e abandonaram e ficou abandonado até agora. Levaram a máquina que tinham deixado aqui e tudo. Os moradores quiseram tirar o resíduo que restou depois que eles fizeram o serviço, mas precisavam de uma autorização do Meio Ambiente. Eu peguei e começamos a tirar no braço, mas sentimos que não tinha condições de continuarmos – lamentou o morador Jorge Gonçalves Martins, o Kojac.

Ao perceberem que o mato não parava de crescer e as algas de proliferarem, eles chamaram um engenheiro que revelou que o problema se devia ao esgoto.

— O engenheiro particular viu que o esgoto caía no açude em grande proporção. Vim com o André, diretor de esgoto da Águas das Agulhas Negras e ele se comprometeu a resolver. Disse que esperaria os responsáveis voltarem de férias para vir aqui, mas já tem três meses. Fui em uma audiência pública da Câmara sobre esgoto e levei fotos sobre nosso problema e nada – acrescentou o morador.

Ele também lembrou sobre o mato alto no local, pois desde que começou a limpeza do açude e parou, em2014, aprefeitura nunca mais teria voltado ao local.

— Está aparecendo bicho nesse mato. Pelo valor pago pela prefeitura era para o açude ter ficado na água e não ficou. Acho que os vereadores do bairro tinham que avisar o Rechuan (prefeito José Rechuan Junior, do PP) que o trabalho de limpeza não foi feito para ele não pagar a empresa. Agora está pior que antes – lembrou Kojac.

Outros moradores do bairro vão além e questionam o que consideram falta de prioridades nos investimentos, como Elcio Ribeiro da Silva.

— Acho um absurdo estar assim, porque gastaram quase R$ 600 mil. Tenho um projeto social antidrogas com crianças há quase um ano e não tenho apoio de ninguém. Fui comentar sobre isso com o secretário de Educação e ele falou que não podem me ajudar porque meu projeto é em área particular, só que o local foi doado. Foram os pais destas crianças que votaram neles. Tenho torneio e as crianças não tem nem uniforme para competir ou participar de torneio. O custo dos meus equipamentos deve ficar em R$ 1 mil e eles não podem dar, mas no açude gastaram R$ 600 mil sem o trabalho estar nem feito – opinou Elcio da Silva.

A prefeitura de Resende negou que o trabalho não tenha sido concluído.

“Em 2014, os serviços previstos na Lagoa da Morada da Barra foram concluídos pela Prefeitura. O contrato no valor global de R$ 570.159,00 não contemplou somente essa lagoa, mas também a limpeza de córregos e canais em vários pontos da cidade, como o canal do bairro Boa Vista I. Na Morada da Barra uma máquina de escavação retirou plantas aquáticas da superfície das águas, vegetação, areia e barro do fundo. Também foi feito o rebaixamento da lagoa em alguns pontos para retirar materiais que entupiam a saída de água e impediam o escoamento”, informou.

Eles também disseram que há planos para construir a área de lazer do bairro, mas que não há recursos para isso e que a prefeitura tentará viabilizar a obra através de apoio da iniciativa privada.

“Quanto à preservação da área, a programação da Prefeitura é iniciar no ano que vem um projeto que prevê a construção de espaços para lazer e caminhada, entre outros serviços de revitalização do local. O projeto aguarda a viabilização de recursos, mas também tentará parcerias com a iniciativa privada”.

Sobre a questão do esgoto, “a Prefeitura vem acionando a Águas das Agulhas Negras para que tome as providências necessárias. A concessionária informou à Prefeitura que tem eliminado ligações clandestinas de esgoto na lagoa e feito limpezas na rede geral do bairro. A concessionária transfere a ligação clandestina para a rede oficial sem custo para o usuário”. A concessionária também foi procurada pelo jornal para confirmar as declarações da prefeitura, mas não havia se manifestado até o fechamento desta edição. Por fim concluiu que “a Prefeitura ainda não teve conhecimento do projeto do morador citado, mas adianta que se for para limpeza da lagoa dependerá de autorização do Instituto Estadual do Ambiente (INEA)”.

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