Laís Amaral

O Golpe não foi coisa somente de militares (1)
Foi uma semana reveladora para muitos brasileiros. As várias manifestações pela passagem dos 50 anos do golpe militar de 1964 proporcionaram análises, reflexões e novas leituras sobre o fato que vai se consolidando como história. Depois do tanto que se viu, se ouviu e que se leu nesses últimos dias, acredito que nem o mais dos desinformados ou mal informados se arriscaria em chamar aquele desarranjo de revolução. Fora, logicamente, os ‘Bolçonaros’ da vida e seus seguidores, que são convictos. Embora o cinismo em alguns momentos descortine sentimentos e intenções nada nobres. Ser direitista por convicção é legítimo. Ser golpista é execrável. Muita gente agora entende que o que aconteceu foi um golpe civil-militar-midiático. Hoje também sabemos, via documentos revelados em Washington, que o presidente norte-americano da época, o democrata John Kennedy chegou a admitir a hipótese de promover uma intervenção militar em nosso país. Hoje poucos têm dúvida que o golpe foi muito menos para defender interesses nacionalistas do que para satisfazer aos interesses geopolíticos da grande nação do norte com relação ao Brasil e à América Latina.

O Golpe não foi coisa somente de militares (2)
A mídia teve um papel fundamental no golpe ao envenenar e preparar a opinião pública (ou a parte da sociedade) para aquele 1º de abril. Sabemos, por exemplo, que João Goulart tinha quase 50% de aprovação da população segundo uma pesquisa do Ibope que foi omitida pela Imprensa. O povo apoiava Jango. Muita gente hoje sabe que quase 150 oficiais das três Forças foram colocados na Reserva pelo Ato Institucional nº 1, por não concordarem com o golpe e por defenderem a Constituição então em vigor. Tantos outros militares nacionalistas foram presos e até mortos. As Forças Armadas não eram monoliticamente favoráveis ao golpe. Hoje muita gente sabe disso. Hoje muita gente também sabe que uma parte do empresariado financiou as ações truculentas, vergonhosas e hediondas contra aqueles se opuseram às ditaduras, daqui e em países vizinhos. Acredito que hoje muita gente também seja capaz de identificar a tentativa de forjar um ‘repeteco’ do que se viu há cinco décadas. A Grande Mídia está aí reprisando sua sanha golpista. Omitem e distorcem informações e ações do governo. Mentem e tentam ressuscitar esquisitices como a marcha da família com Deus pela liberdade e o pavor, fora de moda, pelos comunistas. Mas se as mentiras de 50 anos não conseguem esconder o tamanho de suas pernas, muita gente também já percebe, como já disse um velho sábio, que a história só se repete como farsa.

TRIPA
* Falando em 50 anos do golpe, a leitura dramatizada, ‘Quando a Arte foi a Luta’, realizada dia 31, no teatro do ‘Espaço Z’ por artistas de Resende, sobre depoimentos de artistas que viveram a Ditadura Militar, foi uma bela iniciativa da Casa da Cultura. Um grande público, com gente de várias idades, compareceu. Embora a intenção fosse ficar no campo da arte dramática, com a proposta de debate feita por Zé Leon, deu pra rolar um mínimo de reflexão e choque de pontos de vista, e o caráter político do ato veio à tona. Parabéns a Anna Zelma, Andre Whately, Mônica Izidoro, Roberto Martini, Zé Leon, Daniel Fortes, Arthur Vinciprova e Symão Francisco que interpretou o melhor dos depoimentos, o do cineasta Silvio Tendler. Parabéns também a Lu Gastão e Ângelo Tramezzino pela iniciativa. Valeu ! * O talentoso músico Raphael Garrido estará se apresentando dia desses no teatro ‘Café Pequeno’, no Leblon. Enquanto esse dia não chega, vai gastando as cordas numa agenda lotada: hoje, dia 4, se apresenta com seu Ph Trio no Caneco Zero Grau, amanhã no Festival St. Patrick Day e no Empório Penedo, dia 6, no Eskema Beer, em Resende, dia 10 no Bartho, cervejas especiais em Penedo e dia 12 no Pé de Canela (Penedo). Semana que vem falo mais * Hoje (dia 4) o Museu de Arte Moderna de Resende (MAM) realiza, abre às 19h, a exposição ‘Desenho e Pintura’, do artista Gelson Mallorca. Entrada franca. A mostra poderá ser visitada de 7 de abril a 17 de maio, de segunda a sexta-feira, das 9 às 17h. Mallorca estará presente à abertura da exposição * Carlinhos e Jurema Botafogo, esse Húngaro não é o Puskas, já falei. Não sabe nada de bola, e ainda “treina” um time medíocre que tem uma diretoria de vira-latas que não consegue pagar em dia um elenco porcaria desses. Sem time, sem técnico e sem diretoria, resta a camisa gloriosa e a torcida apaixonada.

ANIVERSÁRIO
Dia 1º de abril inaugurou idade nova o Rui Paiva. No dia seguinte, mais três aniversariantes: Ricardo Piava, irmão do Rui, Felipe, marido da nossa colega de trabalho Patrícia Soares e Kiko Besouchet, que deve estar de cabeça inchada. Parabéns e todas as felicidades do mundo a eles.

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