Audiência do transporte tem menos participação que em 2020, mas ainda não prevê data para licitação

Diferente do evento realizado no Espaço Z em 2020, audiência deste ano não lotou a quadra do Ciep da Cidade Alegria

Nesta quarta-feira, dia 3, a população de Resende teve mais uma vez a oportunidade de se manifestar e de debater as questões relativas aos problemas e à futura licitação do transporte coletivo, sob concessão da São Miguel há mais de 20 anos. Ainda assim, uma pergunta ainda ficou sem resposta: quando será realizada a licitação que escolherá a empresa responsável pela assinatura de um contrato com 15 anos junto ao município?

Esse questionamento foi realizado pela participante Rosana Carla da Silva Alves. No entanto, ainda não há previsão para uma nova data de licitação. “Ainda não temos a data porque o estudo exige audiência pública, pra que as sugestões, dúvidas e colocações sejam realizadas. Tudo que é apresentado aqui por escrito ou falado pode passar a ser parte integrada do estudo, ele tem um prazo pra ser terminado. Depois vem a parte financeira, e aí concluída essa parte, nós vamos para o edital. Depois dele ficar pronto, nos vamos marcar o dia do certame”, respondeu o secretário Élio Rodrigues.

Diferente do ocorrido na primeira audiência pública organizada pela Prefeitura em fevereiro de 2020, no Espaço Z, portanto antes do início da pandemia e da suspensão da licitação que aconteceria em julho daquele mesmo ano, o evento desta quarta – realizado na quadra do Ciep da Cidade Alegria – não teve grande participação da população.

Mas o que não mudou foi a ausência do prefeito Diogo Balieiro (e também de seu vice, Geraldo da Cunha, o Geraldinho, que o representaria) em um evento voltado ao transporte público, também questionada. Além disso, pode-se observar as cadeiras vazias entre o público presente na quadra.

Além dos representantes da Prefeitura, entre eles o secretário de Governo Élio Rodrigues; e o procurador do município, José Renato Amirat Betinelli, quem também esteve presente foi Gilmar de Carvalho, que é o responsável pelo estudo do Projeto Básico apresentado na audiência, que por sua vez, conforme especificado no documento, é parte integrante do Edital de Licitação, revisto e atualizado em junho deste ano.

Mariana Bossan questionou a falta de qualidade no atendimento a moradores de bairros distantes, que sofrem com falta de ônibus para locomoção

Ainda assim, os poucos moradores que não se enquadravam entre os funcionários comissionados ou autoridades da Câmara conseguiram fazer algum barulho. O destaque ficou para a professora Mariana Bossan, que pediu ao público usuário dos ônibus que levantassem a mão, lamentando a pouca presença dos que precisam desse tipo de transporte. E também defendeu o uso do dinheiro arrecadado dos impostos para o investimento no setor, que é um direito constitucional.

A professora ainda questionou a falta de atenção da concessionária de ônibus com o crescimento de Resende nos últimos 20 anos, e aproveitou o uso do slide utilizado na apresentação para isso.

– Eu gostaria por gentileza que fosse colocado aqui o mapa com as linhas municipais (de ônibus) pra gente dar uma olhada e pontuar uma questão da divisão geográfica (…). Gostaria que vocês notassem que existem espaços da nossa cidade que não estão sendo contemplados. Como disse anteriormente a Cíntia (Rangel, funcionária pública que se pronunciou anteriormente durante o evento) essa nova licitação tem que contemplar o crescimento da cidade, pois temos bairros e ruas que cresceram nesses anos em localidades distantes.

Bossan ainda ressalta que os moradores dessas localidades muitas vezes precisam do transporte para se locomover, mas os serviços dessas áreas não atendem as necessidades, obrigando as pessoas a saírem cedo de suas casas e ao mesmo tempo, elas não podem ficar até tarde fora de casa por não terem opção de linhas para esses últimos horários do dia. “Até dentro do centro urbano, as pessoas levam muito tempo esperando por esses ônibus, e se um carro quebra, esse tempo de espera é dobrado”, encerrou a participante, pedindo que os responsáveis pelo projeto levem em consideração as sugestões feitas por ela “para que realmente atendam aos usuários do transporte público”.

Questionada sobre o andamento da audiência, em entrevista ao jornal BEIRA-RIO, a professora defende que hajam novos encontros para a discussão do assunto. “Eu acredito que esse evento poderia ser melhor divulgado porque abrange a realidade de várias pessoas, que não estão aqui, deveríamos ter mais usuários no evento. No entanto, há manifestações pertinentes e esta audiência deveria ser repetida várias vezes, não apenas com o transporte público, mas também com outros serviços”, opinou.

POR QUE OS GUARDAS NÃO MULTAM OS ÔNIBUS?
Outros participantes também deram sugestões ou questionaram o trabalho apresentado por Gilmar. Primeiro a se manifestar na audiência, o eletricista André Luiz Thiago da Fonseca aproveitou para dar uma bronca nos usuários que reclamam dos serviços da São Miguel, mas que não compareceram ao evento. “A população tem que se f…, pois reclama dos problemas que os ônibus apresentam, mas quando surge uma oportunidade como essa, de se manifestar, não comparecem, concorda comigo?”,  respondeu.

André criticou o tratamento diferenciado aos ônibus da empresa em relação a problemas de manutenção e fiscalização destes. “Gostaria de saber por que os guardas (de trânsito) não multam dos ônibus da São Miguel? (…) Esta semana foi explanado nas redes sociais que estava faltando uma parte do pneu de um dos ônibus. Se isso acontecer com meu carro, meu veículo será apreendido, mas por que não fazem o mesmo com os ônibus?”, perguntou o eletricista, citando que a empresa não é multada da mesma forma que um motorista de veículos de passeio.

O procurador Amirat chegou a justificar esse tratamento, citando que “Resende tem uma superintendência específica para tratar desses serviços públicos, sendo que o município vem realizando essa fiscalização, com dezenas de notificações para a São Miguel, e todas são documentadas, inclusive em procedimentos administrativos”.

Mesmo sem se pronunciar, Roseli quer que cobradores voltem a trabalhar na São Miguel

REPRESENTANDO OS MOTORISTAS
Mesmo que não feito parte da lista das 16 pessoas registradas para fazer o uso da palavra, a desempregada Roseli Valentim, que mora a poucos quarteirões do Ciep do bairro, esteve presente, segundo ela, para representar os motoristas da empresa.

– Sou vizinha de um motorista da empresa, que não pode estar presente aqui. Infelizmente, ele e muitos colegas estão ficando doentes. Esse meu vizinho inclusive não consegue dar atenção aos familiares, pois fica muito estressado por causa do trabalho, ainda mais porque precisa acumular a função dos cobradores nas linhas. Deveriam voltar com esses profissionais, pois também há muita gente desempregada – diz Roseli.

Dentre os participantes com o uso da palavra estavam várias autoridades políticas, entre elas os vereadores Paulinho do Futsal (Cidadania), Soraia Balieiro (PSD) e Renan Marassi (PL), além do ex-prefeito Silvio de Carvalho, que foi o último a se manifestar.

Você pode gostar

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

O limite de tempo está esgotado. Recarregue CAPTCHA.