CSN se recusa a negociar e demite trabalhadores que organizaram movimento em Volta Redonda

Funcionários de Volta Redonda, assim como das empresas de Itaguaí e Congonhas, seguem em greve por melhores condições de trabalho (Foto: Reprodução/Redes Sociais)

Cerca de 30 trabalhadores que participavam da comissão de negociação por reajuste salarial foram demitidos pela Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), em Volta Redonda, nesta segunda-feira, dia 11, sétimo dia da greve dos funcionários da empresa, dia marcado para uma nova negociação da empresa com o Sindicato dos Metalúrgicos do Sul Fluminense, após os funcionários recusarem a primeira proposta.

Segundo a Central Única dos Trabalhadores (CUT), a direção da CSN “se recusa a negociar um Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) digno e justo com os trabalhadores e as trabalhadoras e pressiona a categoria com ações na justiça pedindo a ilegalidade da greve e até com demissões dos organizadores da mobilização, para impedir a luta por direitos”.

Ainda de acordo com a entidade, os sindicalistas criticaram a atitude da empresa. Segundo eles, para os gestores da Companhia, o trabalhador tem que aceitar o salário baixo sem que ela ofereça condições justas de trabalho, criticam os sindicalistas.

No mesmo dia da demissão, o Ministério Público do Trabalho no Rio de Janeiro (MPT-RJ) fez uma Notificação Recomendatória para que a CSN reintegre os empregados demitidos, se abstenha se demitir novos empregados e de interferir nas deliberações dos trabalhadores. A notificação foi emitida após o MPT-RJ tomar conhecimento do caso.

Segundo a notificação do MPT-RJ, a empresa “dispensou uma série de empregados no dia de hoje pelo simples fato de eles estarem usufruindo o direito de livre manifestação do pensamento”. Ainda acrescentou que a dispensa de empregados durante período de negociação das cláusulas de Acordo Coletivo de Trabalho ou de sinalização de greve constitui ato abusivo e de má-fé da empregadora.

– O objetivo da recomendação é garantir que os trabalhadores não fiquem com medo de perder seus empregos neste momento de negociação do Acordo Coletivo de Trabalho e de eventual greve. O MPT fará o possível para garantir que os empregados injustamente demitidos sejam imediatamente reintegrados. Nenhum empregado se sentirá à vontade para votar contra a proposta de ACT apresentada pela empresa se existir o temor de ser demitido a qualquer momento – declarou o procurador do Trabalho, Elcimar Bitencourt. O documento ainda cita que a empresa também fica notificada a se manifestar no prazo de 24 horas.

VITÓRIA NA JUSTIÇA
Por outro lado, em outra unidade da CSN no Porto de Itaguaí, na Região Metropolitana do Rio de Janeiro, os trabalhadores entraram nesta segunda-feira, no sexto dia de greve por reajuste salarial com uma boa notícia. A direção da CSN recorreu à Justiça do Trabalho do município contra a greve do terminal de carvão e perdeu. Um desembargador da 2ª Vara considerou a greve legítima e garantiu aos trabalhadores o direito de paralisar as atividades para lutar por melhores condições de trabalho.

A greve dos trabalhadores da CSN, que atinge também a mineração da siderúrgica em Congonhas/MG há 11 dias paralisados, mobiliza o movimento sindical. A paralisação simultânea nas três cidades – Itaguaí, Volta Redonda e Congonhas – tem o objetivo de pressionar a presidência da CSN a iniciar uma negociação de reajuste de salário, o que não tem acontecido nos últimos anos. Os trabalhadores lutam para que salários e benefícios sejam reajustados, pelo menos, de acordo com o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, acumulado da data-base da categoria, que tem previsão de alcançar 12%.

Ao ser levado em consideração os anos passados, em que a CSN não fez os reajustes adequadamente, a defasagem salarial dos trabalhadores da siderúrgica chega a 25%. A equipe do jornal BEIRA-RIO entrou em contato com a CSN, e aguarda um retorno da empresa para se pronunciar sobre o ocorrido nesta segunda-feira.

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