A hipótese da Simulação

Sensações perturbadoras vindas do passado e do futuro, nos rondam. Do passado é quando percebemos a tentativa de exumação do nazifascismo, um mal que acreditávamos banido do convívio da humanidade. Do futuro quando se fortalece uma tese sobre nossa própria existência, a de que somos feitos de pixels e não do barro bíblico. Que vivemos num vídeo game, uma simulação. Pelo menos essa é um tipo de perturbação estimulante, que mexe com nossa essência curiosa.

É esse o instigante tema do livro ‘A Hipótese da Simulação’ do cientista Rizwan Virk que está sendo lançado pela Editora Citadel. O Virk é um prestigiado cientista da computação do MIT e designer de videogames do Vale do Silício. No livro, ele reúne informações de inteligência artificial, física quântica e até medicina oriental para sustentar a hipótese de que estamos vivendo dentro de um videogame. Quem não vai querer ler sobre isso?

“O livro é a primeira publicação séria a explicar uma das teorias mais ousadas e consequentes de nosso tempo – a de que nossa realidade física, longe de ser um universo físico sólido, faz parte de uma simulação cada vez mais sofisticada, uma espécie de videogame, onde todos temos múltiplas vidas, compostos em pixels com seu próprio relógio interno executado por alguma Inteligência artificial gigante. A teoria da realidade simulada explica alguns dos maiores mistérios da física quântica e relativística, como a indeterminação quântica, universos paralelos e a natureza integral da velocidade da luz”, afirmam seus divulgadores.

Ficha Técnica
Título: A Hipótese da Simulação
Título Original: The Simulation Hypothesis
Autor: Rizwan Virk
Editora: Citadel
Lançamento: Dezembro, 2021
Preço de capa: R$49,90
ISBN:10 ‏ : ‎ 6550471214
ISBN: 13 ‏ : ‎ 978-6550471217
Número de páginas: 368

Crônica da meia noite

Assim começa meu livro ‘Crônica da Meia Noite’ que lancei em 2018 (ebook – Amazon) e 2019 (impresso – Editora Garcia). O ano é 2050:

“Acionei a projeção holográfica receptiva e Jordan se materializou diante de mim. Tinha a mesma expressão blasé que exibia na última conversa que mantivemos dias atrás, de forma presencial, num reservado do Hong Kong Bar. Havia um fundo musical, como agora que o sistema interno detectou minha emoção. É a ‘Serenata’, de Schubert. Uma música antiga, que muito me comove.

– Você nunca acreditou naquela história antiga do tal Nick Bostrom, não é verdade? – indagou Jordan com uma articulação tão perfeita, que até parecia humano.

Jordan é meu secretário humáquinu, uma das perfeições da Inteligência Artificial – um luxo proporcionado a quem ocupa cargo de direção na Xangai Hope. Gerado para discutir decisões técnicas, mas, quase humano, deu de se intrometer em questões pessoais e a fazer incômodas e inconvenientes conjecturas. Respondi a ele.

– Não. Aliás, me esforço para não acreditar. Tomara que ele e todos os seus seguidores, os fanáticos que vieram depois dele, estejam errados.

– É… Mas não estão. Você não é você, Saulo. Eu não sou eu. E nem ele é ele. Na verdade, somos apenas o resultado do delírio de uma inteligência suprema. Essa vida é uma simulação. Bostrom foi um artifício para nos fazer pensar.

A tocante melodia de Schubert ainda estava no ambiente quando o meu secretário humanoide concluiu seu discurso perturbador. E, me encarando de forma complacente, disse:

– Mas temos o direito supremo de nos acharmos reais. Pode chorar quando estiver sozinho, meu amigo. Isso também nos é permitido.

Claro que meu livro, é ficção e apenas toca numa especulação sobre a hipótese de vivermos numa simulação. Já o do cientista do MIT, tem base científica. De repente pode até me estimular a escrever uma continuação do Crônica. Boa leitura, pessoal. E antes que me esqueça: Fora Bolsonaro!!

Foto: Divulgação

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