No dia 25 de setembro de 1884 nascia na cidade do Rio de Janeiro o médico legista, professor, escritor, antropólogo, etnólogo e ensaísta Edgard Roquette-Pinto (foto). Membro da Academia Brasileira de Letras, também é considerado o pai da radiodifusão no Brasil, sendo o criador da Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, com o intuito de difundir a educação por este meio, por volta de 1923.
No ano de 1922, ano em que se comemorou o primeiro centenário da Independência do Brasil, foi realizada no Rio de Janeiro uma grande feira internacional, que recebeu visitas de empresários dos Estados Unidos trazendo a tecnologia de radiodifusão para demonstrar na feira. Para testar o novo meio de comunicação, eles instalaram uma antena no pico do morro do Corcovado (onde atualmente é o Cristo Redentor).
A primeira transmissão radiofônica no Brasil foi um discurso do presidente Epitácio Pessoa, que foi captado em Niterói, Petrópolis, na serra fluminense e em São Paulo, onde foram instalados aparelhos receptores. Roquette-Pinto teve conhecimentos dessa nova tecnologia, e depois da primeira transmissão no país, tentou convencer o governo federal a comprar os equipamentos apresentados na Feira Internacional.
Ele conseguiu convencer a Academia Brasileira de Ciências a comprar os equipamentos. Foi criada a primeira rádio do país, a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, fundada em 1922, e dirigida pelo próprio Roquette-Pinto. Em 1936, doou a rádio ao governo brasileiro, especificamente ao Ministério da Educação, transformando-a na Rádio MEC, que por muito pouco não foi extinta pelo governo de Jair Bolsonaro (sem partido).
Roquette-Pinto era formado em Medicina na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Logo depois de formado iniciou uma série de estudos sobre os sambaquis das costas do Rio Grande do Sul. Foi professor assistente de antropologia no Museu Nacional da UFRJ em 1906, professor de história natural na Escola Normal do Distrito Federal em 1916 e professor de fisiologia na Universidade Nacional de Assunção em 1920. Também foi diretor do Museu Nacional da UFRJ em 1926, organizando ali a maior coleção de filmes científicos no Brasil.
No campo intelectual, o nome de Roquette-Pinto esteve estreitamente associado ao campo da antropologia física e da etnografia, tendo dedicado mais de 30 anos de trajetória ao estudo das populações brasileiras. Ele também está entre os mais importantes intelectuais brasileiros que se empenharam na organização e divulgação do movimento eugênico brasileiro, juntamente com Monteiro Lobato, Belisário Penna e Octávio Domingues e Renato Kehl.
Nos últimos anos de vida, com o funcionamento das primeiras emissoras de TV no Brasil, recebeu do então presidente Getúlio Vargas a concessão de um canal de televisão, em 14 de maio de 1952. Porém, a TV Educativa de Roquette-Pinto nunca conseguiu sair do papel. Apesar de planejada nos mínimos detalhes, de possuir financiamento devidamente aprovado pela Câmara Municipal do Distrito Federal e dos seus equipamentos terem sido comprados e embarcados no porto de Nova York, de onde deveriam seguir para o Brasil, eles nunca saíram de lá.
Perdido o financiamento, Edgar Roquette-Pinto morreria amargurado dois meses após o suicídio de Vargas, em 18 de outubro de 1954. Essa tentativa de fundar a TV apenas se tornou realidade mais de 20 anos depois, quando a Fundação Roquette-Pinto, hoje Associação de Comunicação Educativa (Acerp), junto com um grupo de educadores liderados por Gilson Amado, iniciaram em 5 de novembro de 1975, as transmissões da TV Educativa do Rio de Janeiro (TVE), através do canal 2, ainda em caráter experimental, passando a operar em definitivo no dia 4 de fevereiro de 1977.
Fotos: Desconhecido/Museu Nacional e Reprodução/MEC
Fonte: Wikipédia
