Matéria revela envolvimento de militar da reserva de Resende em esquema de rachadinha

Uma matéria publicada nesta segunda-feira, dia 5, pela colunista Juliana Dal Piva, no portal UOL, aponta que um militar da reserva que vive em Resende está envolvido no esquema das rachadinhas do senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ). Segundo a matéria, o coronel da reserva do Exército, Guilherme dos Santos Hudson, ex-assessor de Flávio, atuou no recolhimento de salários do antigo gabinete do então deputado na Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro).

Em gravações inéditas obtidas pela colunista, e que serão veiculadas a partir desta terça-feira, dia 6, por um podcast no portal, Hudson é citado pela sobrinha, a fisiculturista Andrea Siqueira Valle, ex-cunhada do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e assessora de Flávio entre os anos de 2008 e 2018.

A fisiculturista conta que a maior parte do salário que recebia do gabinete era recolhida por Hudson, que consta do rol de investigados do caso da rachadinha no MPRJ (Ministério Público do Rio de Janeiro). Ela ainda diz que costumava sair com o tio ao banco sacar o dinheiro do salário dela todos os meses. “O tio Hudson também já tirou o corpo fora, porque quem pegava a bolada era ele. Quem me levava e buscava no banco era ele”, afirmou.
Outra reportagem feita por Dal Piva e pelo jornalista Pedro Capetti para o jornal O Globo apontou que o militar teve os sigilos bancário e fiscal quebrados. Dessa forma, foi possível verificar 16 saques que totalizaram R$ 260 mil, todos realizados em espécie e com valores superiores a R$ 10 mil na boca do caixa, em diferentes ocasiões, entre 2009 e 2016. A maioria deles, um total de 11, ocorreu de abril a outubro de 2016, e foram feitos por Hudson no mesmo período em que a mulher, um filho e duas noras dele foram assessores de Flávio ou Carlos Bolsonaro.
O alto volume dos saques feitos em espécie levantou suspeita nos investigadores pelo fato de posteriormente os valores são “lavados” em outros negócios como, por exemplo, pagamento de despesas e compra de imóveis. Na mesma ocasião em que trabalhava para Flávio, o coronel da reserva comprou no ano de 2008 um terreno que era do presidente e da ex-mulher, Ana Cristina Valle, com dinheiro vivo, em Resende. A informação foi veiculada por Caio Sartori no jornal O Estado de S. Paulo, no ano passado. Em valores atuais, a compra passa de R$ 70 mil.
Ainda de acordo com as mesmas investigações do MPRJ, de 2013 a 2018 foi constatado que foi usado o endereço do coronel nos documentos do Imposto de Renda da fisiculturista entregues para a Receita Federal, informando que ela morava em Resende, na rua Erick Nordskog, no bairro Jardim Brasília II, sendo que Andrea nunca morou por lá.
A amizade de Hudson com o clã Bolsonaro existe desde os tempos em que estudou na Academia Militar das Agulhas Negras (Aman) nos anos de 1970, ao lado do presidente. Após se tornar militar da reserva, no ano de 1998, fixou residência em Resende.
Na ocasião da matéria de O Globo sobre as investigações, Hudson não quis se prounciar. Em relação a matéria do UOL, o advogado Magnum Cardoso – que atua na defesa de Guilherme Hudson – disse por nota que o cliente também decidiu não se pronunciar. Já Andrea foi procurada para falar das gravações, mas leu as mensagens da coluna e depois bloqueou os contatos no telefone e nas redes sociais.
Foto: Reprodução/UOL

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