Índices da Covid-19 estão em queda em Resende e no estado, mas situação pode mudar!

O último levantamento do Mapa de Risco Covid-19 do estado do Rio de Janeiro, divulgado na sexta-feira, dia 11, aponta que o estado manteve a bandeira laranja (risco moderado de contágio), com melhoras no cenário epidemiológico em seis regiões, sendo que cinco delas estão com bandeira amarela (risco baixo), incluindo o Médio Paraíba, onde se localiza Resende.

Em todo o território fluminense, houve redução de 28% no número de óbitos, e as internações por síndrome respiratória aguda grave (SRAG) caíram 25% na comparação entre as semanas epidemiológicas analisadas. As taxas de ocupação de leitos no estado, na última sexta-feira, são de 76% para leitos de UTI e de 54% para leitos de enfermaria. No Médio Paraíba, a redução de mortes ficou em 33%, e as internações por SRAG tiveram queda de 27%. A taxa de ocupação de leitos ficou em 60% para as UTIs e em 36% para as enfermarias.

Os números da análise estadual comparam a semana epidemiológica 21 (23 a 29 de maio) com a 19 (09 a 15 de maio) de 2021.

Resende também ficou na bandeira amarela, apresentando queda no número de mortes e de internações por SRAG nas últimas duas semanas. Ambos os índices caíram por mais da metade do que era registrado na semana 21. Ao todo, Resende tinha 53 internações na semana 21 (estudada no Mapa de Risco) e na última semana (23) esse número caiu pra mais da metade, com apenas 24. Quanto às mortes, atualmente são quatro da última semana registrada contra nove registradas duas semanas antes.

Além disso, o município registrou ocupação de 69% nos leitos de UTI e 24% nos de enfermaria, segundo dados desta terça-feira, dia 15, abaixo do registrado no estado.

Ainda que sejam animadores os dados relatados acima, ainda não é hora de relaxar nesta pandemia. Com o Brasil a poucas semanas de atingir as 500 mil mortes por Covid-19, os especialistas alertam que a situação pode ainda se agravar nas próximas semanas por uma série de fatores.

Se Resende e o estado do Rio tiveram queda nos índices pelo levantamento da Secretaria de Estado de Saúde (SES), por outro lado, os indicadores continuam altos para quase todo o país, e também para o estado. Isso pelo levantamento realizado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) nas semanas epidemiológicas 20 e 21, que apontou que entre os dias 16 e 29 de maio foi observada uma tendência de crescimento de SRAG em 12 estados e no Distrito Federal.

O boletim aponta que a taxa de letalidade do Rio de Janeiro é considerada a maior do país, na casa dos 5,6%, e o estado está entre os que apresentam um número elevado de ocupações de UTI. Segundo a Fiocruz, esses valores “revelam falhas no sistema de atenção e vigilância em saúde nesses estados, como a insuficiência de testes diagnóstico, da triagem de infectados e seus contatos, identificação de grupos vulneráveis, bem como a incapacidade de se identificar e tratar adequadamente os casos graves”.

O boletim também aponta tendência de elevação nos casos de SRAG para todo o país, sendo que no território fluminense a taxa de incidência é maior que 10 casos por mil habitantes, e que todas as regiões apresentam indicadores que levam à preocupação com o sistema de saúde, mesmo com o crescimento mais evidente nos estados das regiões Sul e Centro-Oeste.

Os dados do estudo, obtidos em 31 de maio, indicam a manutenção da tendência de piora nas taxas de ocupação de leitos de UTI para adultos no SUS observada nas últimas três semanas daquele mês. Isso também vale para o Rio de Janeiro, além de quase todos os estados do Sudeste, e de todos no Nordeste, Sul e Centro-Oeste, que estão com o indicador em níveis críticos (igual ou superior a 80%) ou mesmo extremamente críticos.

No caso do Rio, essa taxa chega a 85%, e o estudo ainda aponta que na capital fluminense esse índice ainda é pior que o registrado no estado, onde 95% das UTIs apresentaram ocupação.

ADULTOS JOVENS SÃO MAIORIA DOS CASOS
O mesmo estudo faz um comparativo dos casos de internações e mortes entre a semana epidemiológica 1 (3 a 9 de janeiro) e a semana epidemiológica 20 (16 a 22 de maio). A análise apontou que o perfil desses casos, antes com predominância de idosos com doenças pré-existentes, se modificou no passar deste ano, e atualmente boa parte dos pacientes com Covid-19 que ocupam os leitos hospitalares são adultos jovens.

Os dados seguem tendência já identificada no Boletim anterior da Fiocruz, mostrando que a média de casos e internações em UTI está abaixo dos 60 anos e permanece diminuindo a cada semana, ou seja, mais da metade dos casos de internação hospitalar e internação em UTI ocorreram entre pessoas não idosas. Em relação aos óbitos, mesmo com média superior a 60 anos, ao longo de 2021 ela caiu em um patamar de 13 anos, e na semana 20 já se encontra no limite da faixa etária de idosos, com 61 anos.

O documento destaca alguns fatores para esses registros. O primeiro é que os jovens, por terem uma melhor resposta aos sintomas, mesmo os mais graves, podem permanecer em hospitais por semanas. Outro é o fato de boa parte dos idosos estarem vacinados e cada vez menos ocupando os leitos. E o último é a prevalência de algumas doenças crônicas já a partir dos 40 anos, como é o caso da hipertensão arterial e diabetes, que muitos adultos nesta faixa etária sequer possuem diagnóstico.

PREOCUPAÇÃO DOS ESPECIALISTAS
Uma matéria publicada pela BBC Brasil mostra a preocupação de especialistas com a tendência de aumento nos casos de Covid-19, no que pode estar se configurando para uma “terceira onda”. Epidemiologistas e cientistas de dados alertam para um novo agravamento da pandemia na maioria dos Estados e regiões do país.

– Estamos com uma transmissão comunitária do coronavírus extremamente alta e em patamares fora do controle. Para completar, temos cada vez menos intervenções para controlar isso – interpreta o médico Marcio Sommer Bittencourt, do Centro de Pesquisa Clínica e Epidemiológica do Hospital Universitário da USP.

A “terceira onda”, de acordo com a reportagem, está relacionada a diversos fatores — especialmente o relaxamento das medidas restritivas, que permitiu o retorno de atividades sociais e comerciais e o consequente aumento da circulação de pessoas pelas ruas. A preocupação dos especialistas é que essa retomada acontece num período em que os sistemas de saúde ainda estão bastante fragilizados e sem condições de dar vazão à chegada de milhares de novos pacientes.

Outros fatores apontados para o aumento de casos é a proximidade do inverno, que facilita a propagação do vírus; a chegada de novas variantes da Covid-19 e o ritmo lento da vacinação, uma vez que até o momento, apenas 23,5 milhões de brasileiros tomaram as duas doses da vacina, o que representa pouco mais de 11,1% da população.

Foto: Michael Dantas/Getty Images

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