Nutriplus suspende o envio de kits alimentação nas escolas de Resende

Um direito garantido desde o dia 30 de março do ano passado para os alunos da rede municipal de ensino em Resende, desde o início da pandemia, não está sendo respeitado desde o início deste ano. É que com a interrupção das aulas presenciais, em março de 2020, a merenda escolar que era servida no intervalo das aulas começou a ser fornecida aos alunos na forma de kits alimentação, não apenas em Resende, mas em todas as escolas de ensino público das cidades brasileiras.

Pais e mães de alunos que estão acompanhando as aulas de forma remota relataram ao jornal BEIRA-RIO que não têm recebido os kits alimentação desde fevereiro. Uma das mães, moradora da Fazenda da Barra III, que matriculou a filha no CMEI Julieta Botelho (do bairro Vila Julieta) no começo deste ano, confirmou a informação. “A escola disse que iria dar sim, mas minha filha nunca recebeu esse kit desde quando começou a estudar (de forma remota), e que a própria escola não teve ainda nenhuma resposta da SME (Secretaria de Educação)”.

Para poder entender o que vem acontecendo aos alunos que estudam de forma remota, a equipe do jornal entrevistou a vice-presidente do Conselho de Alimentação Escolar (CAE) de Resende e representante da Associação dos Professores e Profissionais da Educação do Município de Resende (APMR), Roseneia Terezinha de Oliveira, que esclareceu o que vem acontecendo na distribuição da alimentação escolar do município.

Segundo ela, a rede municipal de ensino conta hoje com cerca de 15 mil alunos, e que cada um deles tem direito a receber um kit alimentação, que inclui itens básicos como arroz, feijão, macarrão, óleo e biscoitos, entre outros. E que a distribuição pela Prefeitura era feita mensalmente.

– Os kits eram para os estudantes, eles tinham valor nutricional equivalente a alimentação deles na escola. Claro que não tinha carne, nem verduras e nem frutas, é só o básico. Lembrando que não é cesta básica para a família e o estudante, e sim kits de alimentação para o aluno. Naturalmente se a família tem de dois a cinco filhos estudando na rede municipal, a família como todo recebeu até cinco kits por aluno – respondeu a conselheira.

Roseneia ainda relembra que esteve participando de uma reunião entre os integrantes do CAE, e que contava com a presença da secretária de Educação, Rosa Frech, e a presidente do Educar, Alice Brandão, onde foi esclarecida a falta de distribuição dos kits.

– Elas (Alice e Rosa) explicaram que a Nutriplus (empresa que fornece a alimentação para a escolas) ficou responsável pela confecção daqueles kits e fez essa entrega até dezembro e janeiro. Também deveria entregar agora, só que eles (responsáveis pela empresa) comunicaram à Secretaria de Educação que o valor da alimentação de uma maneira geral no mercado aumentou muito no período, e o contrato que eles tinham com a prefeitura não seria suficiente para cobrir as despesas para continuar entregando esses kits. Aí eles foram suspensos.

Além disso, de acordo com Roseneia, o contrato da Nutriplus com a Prefeitura de Resende venceu no último dia 9, e que Rosa anunciou que o Executivo estava na ocasião abrindo licitação para conseguir que outras empresas se candidatassem e enviassem propostas para fazer esse serviço. “Desde então, ficou resolvido que seria servido aos alunos que estivessem assistindo aula presencialmente a partir de fevereiro que seria servido um ‘lanche seco’, de acordo com o protocolo. As escolas retornaram presencialmente com 30% dos alunos os outros 70% assistindo as aulas remotamente. Então os alunos que foram presencialmente estão recebendo lanche seco patrocinado pela Prefeitura”.

O “lanche seco” é, na verdade, segundo a conselheira, constituído por um sanduíche com biscoitos dentro de uma sacola, e um suco (de caixinha). Até o momento, ela explica que não há uma definição da empresa que assumirá o serviço de fornecimento dos kits alimentação e da merenda escolar para os alunos das aulas presenciais.

– Na última reunião realizada entre o CAE, a Secretaria de Educação e Educar, neste mês, a informação recebida por nós é de que ainda não havia uma definição sobre se a Nutriplus continuará responsável pela merenda escolar no município, ou se outra empresa é quem vai continuar fazendo esse trabalho. Ainda não recebemos por parte do poder público municipal o encaminhamento ou a solução desse problema.

A distribuição dos kits alimentares foi determinada em decreto divulgado no boletim oficial da Prefeitura de Resende, no final de março do ano passado, no qual “a Secretaria Municipal de Educação, segundo o documento, deverá adotar medidas administrativas com o objetivo de fornecer às crianças e adolescentes a alimentação básica nutricional diária”.

A distribuição é voltada a estudantes matriculados na rede municipal de ensino, especialmente crianças e adolescentes que possam ficar em situação de vulnerabilidade diante da suspensão das atividades presenciais, devido a pandemia do Covid-19. O jornal entrou em contato com a Prefeitura para saber se existe uma definição sobre a empresa que distribuirá os kits e a merenda escolar, e ainda aguarda retorno.

Foto: Divulgação/PMR

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