Vizinha de fábrica de Resende reclama de cheiro forte e fumaça

Plantas da casa de Ingrid amanheceram com uma fina camada de pó esverdeada (Foto: Divulgação)

“Alguém poderia explicar esse cheiro forte de produto químico no bairro Liberdade em Resende? Tenho sentindo constantemente, mas hoje está muito forte. Por favor, Meio Ambiente de Resende, verifiquem que produto é esse que estamos inalando”. Este foi o apelo da empresária Ingrid Bauermeister, feito na manhã desta terça-feira, dia 21. Por volta de 6h e 7h30, a empresária conta que há mais ou menos duas semanas vem sentindo esse cheiro nas proximidades de sua casa, no bairro Liberdade, em Resende.

E não é apenas do cheiro que ela reclama. “Teve um dia que a névoa estava bem densa e depois de umas duas horas, quando o sol saiu mesmo, todas as minhas plantas estavam cobertas com respingos verde claro. Achei que todas estivessem com fungos, mas passando a mão saia bem fácil. Assim ficaram minhas plantas. Todas com essas pintinhas verdes. Foi num dia que a fumaça da fábrica estava saindo verde”.

Ela também relata que no dia em que as plantas ficaram pintadas, um funcionário da cunhada, vizinha de Ingrid, viu a fumaça saindo da fábrica (que fica em frente a casa da empresária). “Foi muita fumaça. Essa do cheiro não posso te dizer porque quando acordo cedo, o cheiro está no ar e por causa da neblina às vezes não consigo ver se é da fumaça ou não”, relembra.

Fotos mostram chaminé de fábrica próxima a casa de empresária (Foto: Divulgação)

Mesmo com o cheiro e a fumaça poluente, Ingrid conta que o problema não tem prejudicado a saúde de sua família. “Estamos bem, graças à Deus. Mas tem muita gente reclamando nas redes sociais deste cheiro. Coloquei hoje cedo a mesma mensagem no Resende Tretas (grupo criado nas redes sociais pra falar sobre Resende) e várias pessoas reclamaram do mesmo cheiro. Quanto à minha saúde pode estar bem hoje, mas quem vai me garantir que não vai fazer mal a longo prazo?”, questiona.

Além da empresária, ela explica que pessoas que moram na Liberdade e em outros bairros vizinhos, entre eles Elite e a Vila Hulda, também fizeram várias reclamações. Ela se diz chateada com o comodismo de outros moradores. “Mas as pessoas são acomodadas. Ninguém quer correr atrás do que possam tirá-las da comodidade de seus lares. Ninguém quer mexer… entende? Mas se o Presidente da Amar (Agência do Meio Ambiente de Resende) garantir que não é tóxico o que cheiramos e o que cai nas minhas plantas, fico satisfeita”, completou.

O jornal BEIRA-RIO entrou em contato com a assessoria de comunicação da Archroma (que inicialmente teria sido apontada pelos moradores como a causadora do problema). A empresa negou o fato, e informou em nota que sua unidade de Resende está com a operação paralisada desde o último domingo, dia 19, para manutenção periódica das instalações, que “teria sido constatado por representantes da Amar”. Ela reforça que por conta desta manutenção “todos os seus processos produtivos estão interrompidos, evidenciando assim que este tipo de emissão é proveniente de outra origem”.

Ainda segundo a nota, a empresa responde “que em condição de operação os processos produtivos são protegidos por sistemas de filtração e absorção de gases em atendimento as legislações ambientais”. E que o equipamento que emitiu os gases e a fumaça pertencem a outra empresa vizinha.

Nesta quarta-feira, dia 22, a entrevistada entrou em contato com o jornal e esclareceu que foi informada erroneamente nas redes sociais sobre o nome da empresa acima. Outra fábrica que também se encontra instalada no local, citada pelos moradores, citou em nota que “conta com apenas uma chaminé em sua unidade industrial de Resende”, e que esta recebeu a visita de técnicos da Amar, “que não detectou odores impróprios nem anormalidade de qualquer natureza na operação da planta industrial”.

O BEIRA-RIO também tentou entrar em contato com o presidente da Amar, Wilson Moura, mas não obteve sucesso.

OUTRO PROBLEMA NO ANO PASSADO
Em 17 de setembro de 2019, uma explosão foi registrada na mesma área onde está localizada a fábrica próxima a casa de Ingrid, assustando a vizinhança. Na ocasião, o problema ocasionou uma forte emissão de fumaça, e os moradores relataram que ouviram um barulho e sentiram um forte cheiro de gás no ar. Não houve vítimas no interior da fábrica, mas duas pessoas que moram na região tiveram que ser hospitalizadas.

 

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