Pandemia faz montadora de Resende demitir 398 funcionários

Mesmo com demissões, empresa seguirá fabricando o modelo Nissan March em Resende

A queda nas vendas de veículos, ocasionada pela pandemia do novo coronavírus, fez com que a montadora japonesa Nissan decidisse pela demitir de 398 funcionários da sua fábrica no Brasil, que fica em Resende. A decisão já foi comunicada aos funcionários e ao Sindicato dos Metalúrgicos do Sul Fluminense, a qual ocorreu sem negociação entre as partes, disse o vice-presidente do sindicato, Renato Soares. O líder sindical disse que possui informação extraoficial de que as demissões poderiam chegar ao total de 600 trabalhadores, que no entanto não foi confirmada.

A empresa decidiu reduzir um turno da fábrica, que volta a operar na próxima quarta-feira, dia 24. O corte é equivalente a 16% do quadro total de colaboradores da companhia no Brasil. A Nissan havia aderido a medida provisória do governo, que permitia a suspensão do contrato de trabalho por dois meses. O prazo terminou na última sexta-feira, dia 19. Os trabalhadores teriam direito a dois meses de estabilidade, mas a montadora preferiu indenizá-los por esse período, o que é permitido pela legislação.

Segundo a própria Nissan, foi avaliado que não valia a pena que eles voltassem a trabalhar se não havia volume o suficiente a produzir. A presença de quase 400 pessoas a mais representaria um risco desnecessário. Mesmo assim, a fábrica de Resende seguirá produzindo os modelos de carros Nissan Kicks, Nissan Versa e Nissan March. Quando começou a operar o segundo turno em 2017, a empresa havia contratado 600 pessoas na ocasião. Parte dos colaboradores estão sendo transferidos para o primeiro turno, que será ampliado.

Além da pandemia, a estratégia de negócios da montadora no Brasil já vinha passando por problemas desde o ano passado, quando, a partir de março, o acordo comercial automotivo entre o país e o México passou a permitir o livre-comércio de veículos leves, após o fim de um sistema de cotas, que permitia tarifa zero até uma quantidade máxima de unidades por ano.

A Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) defendia por mais três anos a prorrogação do sistema de cotas, alegando que a competitividade da indústria brasileira é muito inferior à do parceiro, que tem carga tributária interna menor, infraestrutura mais eficiente e elevada escala, por exportar a maior parte de sua produção para os Estados Unidos.

Segundo a Anfavea, as vendas de veículos devem recuar 40% este ano no Brasil, voltando a patamares de 2004.

Fotos: Arquivo

Você pode gostar

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

O limite de tempo está esgotado. Recarregue CAPTCHA.