Casos de Covid-19 seguem crescendo no RJ, mas população desrespeita o isolamento social

Saque de benefício tem gerado filas em todo o Brasil. E na agência do Campos Elíseos, em Resende, a realidade é a mesma (Fotos: Reprodução/Redes Sociais)

Segundo levantamento realizado no final da tarde desta quinta-feira, dia 30, pela Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro (SES-RJ), o número de casos confirmados do novo coronavírus aumentou nos últimos dias, saltando de pouco mais de 7 mil no último domingo, dia 24, para mais de 9,4 mil nesta quinta-feira, um aumento de mais de 2 mil casos em apenas uma semana.

O número de mortes também cresceu de forma preocupante na mesma semana: são 854 pacientes que perderam a luta contra a Covid-19, contra 645 registrados no começo da semana, e segue o crescimento dos números em todo o Brasil, que tem mais de 5,9 mil mortes e mais de 85 mil casos confirmados segundo o Ministério da Saúde, superando os números oficiais da China, onde surgiu a doença.

O aumento no número de casos, que tem levado uma parcela da população a lotar as unidades hospitalares no estado e à falta de leitos de UTIs para os casos mais graves, parece não sensibilizar as autoridades de alguns municípios nem a população, que vem aderindo cada vez menos à quarentena determinada por decreto. Uma moradora de Resende registrou um flagrante no Calçadão de Campos Elíseos, no grupo Bom Dia Resende, nas redes sociais, depois que um decreto municipal determinou a flexibilização do comércio local.

– Calçadão lotado, alguns com máscara outros sem. Depois número de contaminados aumenta. Adivinha de quem é a culpa? PREFEITO. Se comércio está fechado de quem é a culpa? PREFEITO. Aí o prefeito abre os comércios a pedido da população, as pessoas ao invés de sair somente para comprar o essencial e voltar pra casa, NÃO, ficam passeando, parecendo até fim de ano, época de Natal. Aí a culpa será de quem no final de tudo? Adivinhem PREFEITO. Não sei nem mais o que dizer. A IGNORÂNCIA DO SER HUMANO É ABSURDA – alfinetou a internauta, criticando a aglomeração nas ruas.

Essa situação também tem se agravado por outra que está se repetindo com frequência em várias cidades brasileiras: as filas nas portas das agências da Caixa Econômica Federal. Segundo um post publicado também no mesmo grupo, mais de 200 pessoas se aglomeraram na última quarta-feira, dia 29, nas filas da Caixa, também no bairro Campos Elíseos, que se estendia até um ponto de táxi na rua lateral ao banco. O mesmo cenário pode ser observado nas agências do mesmo banco, no Manejo e da Cidade Alegria.

– A maior parte das pessoas estava em busca do saque do auxílio emergencial do Governo Federal de R$600. Algumas pessoas ainda tentavam manter o distanciamento de um metro determinado como prevenção ao novo coronavírus (Covid-19). No entanto, sem muita orientação ou intervenção dos funcionários dos bancos, as pessoas ficavam próximas umas das outras – cita o post.

Como se não bastassem as aglomerações provocadas pela necessidade de sacar o dinheiro, a situação é ainda mais preocupante na região devido ao aumento no número de casos de coronavírus em funcionários do setor bancário. Esta semana, mais dois casos foram confirmados dentro de agências bancárias infectados com o novo coronavírus (Covid-19) em dois desses três municípios, ambos em agências do Itaú em Barra Mansa e Volta Redonda segundo nota do Sindicato dos Bancários do Sul Fluminense.

E mais um ainda em investigação, de um funcionário que trabalha em uma agência do Bradesco, em Volta Redonda, mas que mora em Resende e segue internado em um hospital privado do município. As unidades tiveram que ser fechadas para procedimentos de desinfecção e higienização determinados pelas autoridades sanitárias.

SECRETÁRIO COGITA NECESSIDADE DE “LOCKDOWN”
O secretário de Saúde do estado, Edmar Santos, voltou a se pronunciar na manhã desta quinta-feira em entrevista a uma emissora de TV. No mesmo dia em que foi publicado no Diário Oficial do Estado o novo decreto do governador do estado Wilson Witzel, de prorrogar a quarentena até o dia 11 de maio, o secretário voltou a defender um isolamento social mais duro, citando o lockdown (isolamento total) como uma saída para tentar conter o avanço dos casos de coronavírus no Rio.

– Em algum momento, um lockdown teria que ser necessário, até para mais na frente a gente já poder, com adequação de leitos e casos, pensar numa reabertura estruturada e organizada. Não está tudo, do ponto de vista legal, na mão do Estado do Rio de Janeiro. A gerência sobre estabelecimentos é de cada município. Então precisamos, neste momento, da união de todas as esferas em prol de a gente tentar frear de novo essa curva – respondeu Santos.

MPF DE OLHO NAS FILAS
O problema das filas é alvo de uma ação movida pelo Ministério Público Federal (MPF) para que a Caixa seja obrigado a fiscalizar as filas em frente às agências bancárias. Além disso, o MPF ainda pede que a União que divulgue um calendário que explique exatamente para quem e quando o benefício será disponibilizado. Esse pedido vale para quatro estados, entre eles o Rio de Janeiro, e começa a valer a partir da decisão judicial.

Além da falta de acesso ou instrução para uso dos dipositivos digitais disponibilizados pela Caixa, o problema vem acontecendo, segundo relatos nas redes sociais, por problemas no aplicativo, seja por pedido de solicitação, seja por dificuldades em instalar algum aplicativo necessário. Uma internauta chegou a postar nas redes sociais a foto do print de seu celular criticando a demora na análise do seu pedido do auxílio (que na foto ao lado solicita à usuária que “tente novamente amanhã”).

– É muito descanso com as pessoas , uma vida em análise, e nem uma resposta… Deveria ter alguém pra esclarecer qual é o problema pq tá estressante essa situação já… Não tem alguém que possa procurar saber o que será dos que estão em análise desde o início? – completou.

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