“Estamos articulando as nossas reivindicações para passar aos órgãos responsáveis pela concessão da Dutra. A instituição tem que apoiar e estamos aqui reunidos, por isso estamos prestigiando essa iniciativa do Líder em melhorar as condições da rodovia, que é um corredor por onde circula boa parte do PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro. Os investimentos do Governo Federal aqui são muito importantes para a economia brasileira”, destaca um dos diretores da Associação Educacional Dom Bosco (AEDB), o professor Mário Esteves.
O gestor da instituição anfitriã do encontro da Liderança para o Desenvolvimento Regional (Líder) em Resende, na manhã de sexta-feira, dia 4, realizado no auditório da AEDB, apontou a necessidade de se discutir os problemas que afetam uma das principais rodovias do país, com o atual contrato de concessão se encerrando em 28 de fevereiro de 2021. “Um dos pontos que nos preocupa é o fluxo de veículos e a segurança dos acessos a essa rodovia”.
O tema principal do encontro da Líder foi a mobilidade, com foco na concessão da Rodovia Presidente Dutra, que desde o dia 1º de março de 1996 é mantida pela concessionária CCR Nova Dutra. O evento reuniu várias autoridades, entre elas João Mattosinho, presidente do Cluster Automotivo e diretor da Jaguar Land Rover; Leonardo Santos, diretor da Câmara de Dirigentes Lojistas de Barra Mansa (CDL) e o engenheiro do Departamento Nacional de Infraestrutura Terrestre (DNIT), Fábio Molin. A única ausência foi a dos representantes da Empresa de Planejamento e Logística (EPL), empresa vinculada ao Ministério dos Transportes.
Um dos articuladores desse encontro foi o único representante da região no Congresso Nacional, o deputado federal Alexandre Serfiotis (PSD), relembrando que o encontro é fruto de uma demanda antiga. “Desde o ano de 2014, quando me elegi pela primeira vez, as pessoas chegavam para mim pra reclamar do entrave das obras realizadas na Via Dutra. No ano seguinte, procurei me reunir com órgãos competentes, inclusive com a concessionária, no intuito de solucionar isso. Mas infelizmente surgiram outros problemas e não conseguimos avançar nessa questão. Mas após as eleições do ano passado, resolvemos focar mais em nossa região e aproveitamos o fato da concessão da rodovia estar perto do encerramento para exigir a inclusão das obras no plano de trabalho da empresa”, cita o deputado.
Representantes do Grupo Líder criticaram no encontro os problemas de mobilidade enfrentados pela população, em especial os entraves que são encontrados na Serra das Araras, trecho que liga Piraí, no Sul Fluminense, a Paracambi, na Baixada Fluminense.
– A Presidente Dutra tem um foco absurdo no desenvolvimento da região. O desenvolvimento do Sul Fluminense, do Médio Paraíba, que tem entre 900 mil e 1,1 milhão de habitantes, só será possível se desengargalarmos (desobstruir o tráfego) a Dutra. Ninguém quis dizer aqui que a Dutra não evoluiu, mas ainda está muito aquém de abrir o desenvolvimento do que é esperado para essa região. Com tem um PIB medíocre nos últimos quatro anos, a Serra das Araras está engargalada (congestionada), se o PIB chega a 3% (isso segundo o Mattosinho), a Serra das Araras para, e 50% desse PIB está passando “na cara” de Volta Redonda, de Barra Mansa e Resende. O contrato (de concessão) termina no ano que vem e ele tem que ser totalmente redesenhado para um novo contrato que resolva os problemas da região. Isso é um problema sério para o nosso desenvolvimento – frisou o coordenador geral do grupo, Antônio Carlos Vilela.
Representante da concessionária, o responsável pelas relações institucionais e de comunicação Jair Xavier, falou sobre os primeiros anos de administração da rodovia. “Quando nós iniciamos a administração da Dutra, a economia era diferente e tínhamos uma inflação de 40% ao ano. O negócio de concessão de rodovia era algo novo pro país naquele momento. E os mais novos não lembrarão de como era a Dutra antes de 1996. Ela tinha o nome de “rodovia da morte”, onde morriam 520 pessoas por ano. A Nova Dutra chegou exatamente para administrar a rodovia e principalmente salvar vidas”, relembra.
Ele destaca o investimento de mais de R$ 20 bilhões para reverter essa imagem e transformá-la em uma rodovia operacional. “Mais de 50% do PIB brasileiro passa por aqui, então ela é um eixo viário muito importante para o país e nesses 23 anos que administramos a rodovia, a primeira coisa foi reduzir em 85% o número de mortes. Ainda o número é muito grande para nós, mas a gente continua trabalhando nisso constantemente nisso até o fim do nosso contrato”.
Ele reconhece que há outras necessidades da região Sul Fluminense que não cabem no contrato de 1996 devido ao fato do contrato se encerrar em fevereiro de 2021. “Mas é importante que elas estejam presentes no novo contrato de concessão. A Nova Dutra entende que nesses 25 anos ela mudou a vida de muita gente, são 23 milhoes de habitantes no eixo da rodovia, com obras de segurança, viabilidade de fluidez de tráfego e construção de pistas marginais. Mas isso não pode ser estancado, por isso o evento de hoje é muito positivo pra poder modernizar o novo contrato de concessão”, completa, adiantando que a empresa participará da licitação para a concessão para definir a concessionária da rodovia a partir de 1º de março de 2021.
Apoiada pelo Sebrae, a Liderança para o Desenvolvimento Regional (Líder) é um projeto nacional, de articulação instituicional, voltado a empresários, executivos, gestores municipais e representantes de entidades da sociedade civil, com perfil de liderança e potencial para construir uma rede de parceiros da região, visando à elaboração de uma agenda regional de desenvolvimento. Na região Sul Fluminense, o trabalho do Líder é coordenado por nove gestores e tem um projeto elaborado por 100 voluntários. O foco se baseia em quatro eixos: mobilidade (destacada em Resende), Turismo, Educação e Tecnologia.
Além de Resende, os municípios incluídos são Barra Mansa, Volta Redonda, Barra do Piraí, Itatiaia, Pinheiral, Vassouras, Porto Real, Quatis, Rio Claro, Valença e Piraí. O próximo encontro do Líder está previsto para acontecer dia 18, em Volta Redonda.
