Iniciativa da Mídia Ninja reúne ativistas políticos e culturais de Resende

Capilé (o segundo da direita pra esquerda), um dos articuladores da Mídia Ninja, falou sobre trabalho realizado há seis anos no Brasil

Terminou neste domingo, dia 14, a etapa de reuniões promovidas pelo coletivo Mídia Ninja na região Sul Fluminense, que começou dias 11 e 12 em Barra Mansa e Volta Redonda, respectivamente. Neste sábado, dia 13, o encontro aconteceu na casa do Jovem Montanhista, no Centro de Resende.

O Mídia Ninja (sigla para Narrativas Independentes, Jornalismo e Ação) nasceu como uma rede descentralizada de mídia, com atuação em mais de 250 cidades no Brasil, no ano de 2013, segundo um de seus criadores, o ativista Pablo Capilé. Natural de Cuiabá/MT, fazia parte de uma banda de indie rock, e começou em meados dos anos 2000, ao lado dos colegas que integravam coletivos culturais, a promover festivais de música com bandas da região, até a criação de uma rede de cultura espalhada por todo o Brasil, o Fora do Eixo, conhecido por promover um intercâmbio solidário de atrações musicais e conhecimento sobre produção de eventos.

– A gente tinha uma rede de cultura, e então fazíamos a cobertura jornalística dos nossos festivais e outras iniciativas culturais. Aí, percebemos que era importante também retratar as injustiças sociais que estavam no entorno destes eventos, e resolvemos criar o Mídia Ninja. E então começamos a viajar pelo interior do país para difundir nosso trabalho. Fomos primeiro para Rio Branco/AC, e depois para Uberlândia/MG e São Carlos/SP – conta Capilé.

Para ele, o grupo tem dado visibilidade a aqueles que até então se encontravam invisíveis na sociedade, especialmente dentro das cidades do interior. “Dessa forma, estamos criando um novo ecossistema de  mídias independentes e alternativas. Por outro lado, o Brasil tem dimensões continentais, e por isso estamos viajando o país para que as pessoas possam construir seus veículos e ferramentas de comunicação. Por isso, todas as iniciativas que desenvolvemos são pequenas vitórias que acumulam experiência e frutos para nós”, acrescenta.

O ativista também destaca que o trabalho do Mídia Ninja passou a ser um canal de comunicação e militância entre diversos grupos, como o Movimento dos Sem-Terra (MST), os negros, índios, LGBTs, entre outros. “Tudo isso nos gera um repertório e nos propicia mais desafios dentro de um país como o nosso”.

Durante as reuniões do coletivo, Capilé costuma se apresentar ao lado dos colegas do coletivo, falando de toda a trajetória percorrida pelo grupo desde os tempos de ativismo musical, ainda em 2002, até os dias atuais, chegando a Mídia Ninja e o seu engajamento político em prol dos diferentes grupos citados pelo ativista. Em Resende, o público presente no Jovem Montanhista teve a oportunidade de fazer perguntas sobre as atividades do coletivo e avaliaram o evento.

– Eu senti que com discurso dele (Pablo), isso traz autoestima para quem é de Resende, por ser uma cidade bastante conservadora. Isso mostra que mesmo sem tanto engajamento político a gente se sente inserido nesse contexto – cita a estudante de Ciências Sociais, Camila Soares.

– Gostei bastante quando Pablo falou sobre redes e conexões que o grupo disponibiliza para que alguém tenha iniciativa mais abrangente, e também formar grupos para trazer os problemas para discussão em nossa e outras cidades do interior – respondeu a estudante de Psicologia Albeliza Cardoso.

Elas disseram ter ficado surpresas pelo fato de integrantes do coletivo serem de fora do eixo Rio-São Paulo. “Fiquei surpresa pelo fato do grupo ser de Cuiabá, pois sempre achei que o grupo vinha de São Paulo pelo jeito de falar do Pablo”, conclui Albeliza.

O engenheiro florestal Matheus Silva, mesmo não acompanhando o Mídia Ninja nas redes sociais, também falou sobre o que viu no encontro. “Achei interessante a experiência dessa turma que está à frente desse movimento. Pessoas iluminadas sempre costumam aparecer, basta que essas pessoas tenham a iniciativa delas, que sempre saem coisas muito boas”, completou.

Um dos responsáveis pela organização da vinda do Mídia Ninja ao Sul Fluminense, o produtor cultural e ativista Rodrigo Camará fez um balanço dos eventos que se encerrarão neste domingo em Visconde de Mauá (Resende), a partir das 11 horas, no Centro Culltural Visconde de Mauá.

– As reuniões dos encontros vieram para fortalecer uma rede autônoma em nossa região, a partir da experiência dos coletivos Fora de Eixo e Mídia Ninja. Os mais interessante é que quando este último coletivo consegue reunir várias cabeças progressistas, diversos movimentos que não costumam dialogar entre si se encontram. A adesão digital foi sensacional e a adesão física foi muito boa, uma vez que as eleições municipais estão se aproximando e precisamos entender o contexto para mudar a realidade política e social atual do Brasil – encerra Camará.

Os encontros fazem parte de uma das etapas da Coluna Emergências, uma iniciativa da Mídia Ninja marcada por visitas, vivências e encontros com ativistas de causas sociais, pessoas engajadas em coletivos ou movimentos sociais das mais diversas áreas em diferentes municípios.

O primeiro encontro da etapa aconteceu em Alfenas/MG, onde em 25 e 26 de maio acontece o Emergência, que reunirá centenas de ativistas, midiativistas, militantes de movimentos sociais e organizações da sociedade civil, além de artistas, produtores, gestores culturais e outros interessados. Quem tiver a curiosidade de conhecer melhor o trabalho do coletivo pode acessar a página do grupo.

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