População conhece riscos e plano de emergência da barragem de Quatis

População lotou hall de entrada de escola municipal para conhecer Plano de Ação

A reunião realizada na noite desta terça-feira, dia 26, na Escola Municipal Bartholomeu Anacleto, serviu para que a empresa Cimento Tupi S/A apresentasse à população da localidade de Vila dos Remédios, em Floriano (distrito de Barra Mansa) o Plano de Ação de Emergência para Barragens da empresa para um eventual caso de rompimento na barragem da empresa, localizada em Quatis.

Segundo a explanação realizada pelo gerente Industrial e coordenador do Plano de Ação de Emergência para Barragens da empresa, Gil Augusto de Carvalho, e pelo geólogo geotécnico, Felipe Lemos, o plano apresentado na reunião foi concluído em agosto de 2018 e está em fase final de implantação.

Neste plano, a empresa informou que no prazo de 60 dias vai instalar as sirenes de alerta para desastres e também está sendo organizado um treinamento para cerca de mil moradores da Vila dos Remédios, com foco no auto salvamento, rotas de fuga e pontos de encontro centralizados no Ginásio de Esporte Gustavo Pereira, no bairro de Fátima, em Porto Real; no campo de futebol e praça de Nossa Senhora dos Remédios e na portaria da extinta empresa Cilbrás, às margens da Via Dutra.

Após a apresentação, os moradores aproveitaram para tirar algumas dúvidas. O presidente da presidente da Associação de Moradores da Vila dos Remédios, Ivan Pereira Gonçalves, também questionou sobre o prazo para a instalação das sirenes de alerta (citado no parágrafo anterior), e outros moradores perguntaram sobre o alcance das inundações que podem ser provocadas pelo rompimento (na reunião, foi colocado que parte da Vila dos Remédios e outras duas localidades poderão ser invadidas pelas águas do rio Paraíba misturadas ao material da barragem).

Ivan (de preto) se preocupa com a principal via de acesso da Vila dos Remédios

– Eles falaram que será realizado uma plano de ação, com o cadastro da população, e que isso acontecerá em um prazo de 15 dias. Também será montada uma comissão para que seja acompanhado todo esse processo, junto com a população e a Secretaria de Meio Ambiente. A empresa disse que também programará visitas dos moradores ao local – relembra o representante da comunidade.

Morador da Vila dos Remédios há oito anos, Ivan conta que já tinha conhecimento da barragem de propriedade da Cimento Tupi, mas que não tinha a noção dos riscos que pode representar à localidade, que seria teoricamente a mais afetada em caso de um rompimento semelhante ao enfrentado pelas barragens da Vale no lado mineiro.

O presidente da associação de moradores levantou outro questionamento no evento. Ele se mostrou preocupado com a condição da principal via de acesso da localidade ao Centro de Floriano, o que poderia inviabilizar a sobrevivência dos moradores.

– Aqui na Vila a gente tem outro problema muito sério. Infelizmente, a gente tem apenas uma via de acesso aqui em nosso bairro ao Centro de Floriano, a Rua Barros Viana. E o estado dela é deplorável! Tanto esta rua quanto a Rua A (rua do local da reunião) não são asfaltadas e sofrem com o excessivo número de buracos, Já fomos atrás da prefeitura e expomos o problema, mas até agora nada foi feito. Isso pode acabar dando problemas aos veículos que poderiam ser utilizados pelos Bombeiros, Defesa Civil e até às ambulâncias em caso de necessidade de evacuação e emergência. Sem uma infraestrutura decente, corremos até risco de morte com uma possível tragédia aqui – completa.

Durante a reunião, além do plano de emergência, o coordenador Gil Augusto informou que a barragem da Cimento Tupi, é classificada junto ao Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) como de baixo risco (a forma pela qual foi construída a barragem, o tipo de rejeito armazenado, altura da barragem e o volume interno) e alto dano potencial associado (pelo fato da barragem estar próxima às margens do rio Paraíba do Sul e por existir pessoas morando do outro lado da margem do rio onde fica a barragem).

Autoridades da Prefeitura de Barra Mansa estiveram na barragem este mês (Foto: Chico de Assis/PMBM)

ENTENDA O CASO
Após o rompimento da barragem de rejeitos de minérios em Brumadinho, ocorrido no dia 25 de janeiro, moradores da Vila dos Remédios, Vila Pombal e do bairro Primavera, começaram a ficar preocupados com as condições apresentadas na barragem da Cimento Tupi S.A. Ainda que esteja situada no município de Quatis, no caso de um eventual desastre poderia atingir cidades situadas abaixo da empresa, como Barra Mansa e Porto Real.

A primeira reunião entre representantes da Prefeitura de Barra Mansa e da empresa aconteceu na manhã do último dia 13, na sede da mineradora. No evento, o secretário de Meio Ambiente Carlos Roberto de Carvalho, o Beleza, pediu o agendamento de uma reunião pública com a comunidade da Vila dos Remédios.

A planta da empresa foi adquirida pela Cimento Tupi S.A. em 2015, mas a unidade está com suas atividades paralisadas devido à cota da barragem que já atingiu o limite projetado, mas existe um pedido junto à Agência Nacional de Mineração para o retorno comercial da empresa, com fornecimento da argila para a indústria de vidros, argamassa e construção civil.

Em nota, a Cimento Tupi informou que foram passadas as mesmas informações do último dia 13, esclarecendo a “população vizinha com relação às características da barragem, condições atuais e apresentação de dados do plano de ação de emergência”.

A empresa ainda confirmou que dará o início ao cadastramento dos moradores da comunidade para o processo de treinamento e execução do plano de ação, além de realizar agendamentos prévios para que os moradores da comunidade possam visitar a barragem.

OBS.: Ao contrário do que foi informado anteriormente, o início do cadastramento da comunidade, de acordo com a empresa, tem previsão de início em 15 dias, e não de 20 dias, como informou o presidente da associação de moradores da Vila dos Remédios. 

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