Bebendo e aprendendo Biologia nos bares

Um ambiente descontraído, com muita cerveja, petiscos e confraternizações entre amigos também pode ser local de divulgação dos trabalhos acadêmicos. Esta foi a ideia de três estudantes de Ciências Biológicas da UniFoa, de Volta Redonda, de levar para dentro de um pub (ou bar) palestras realizadas por biólogos. Uma ideia que foi novidade até para quem mora na capital fluminense.

– Já havia visto essa iniciativa em alguns vídeos e documentários. Mas aqui nunca havia visto um evento desses, achei interessante porque quem teve essa ideia foram os próprios alunos. E fiquei orgulhosa por eles fazerem esse tipo de evento científico e ao mesmo tempo se divertirem – cita a professora universitária Ana Carolina Dornelas.

A acadêmica, licenciada em Ciências Agrícolas e Mestre em Agronomia Ciência do Solo e Doutora em Recursos Naturais pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), foi uma das atrações do Pub Bio VR, realizado no último sábado, dia 15, em um bar localizado no bairro Vila Mury, em Volta Redonda. E teve a oportunidade de palestrar sobre uma experiência que vem fazendo com plantas aquáticas, com o objetivo de despoluir ambientes contaminados por metais pesados, arrancando aplausos de universitários e professores que foram apenas conferir o evento.

Para outro palestrante, carioca de origem humilde, sambista e que já frequentou bares na Lapa, a iniciativa é inédita. “É a primeira vez que venho a esse tipo de evento, e nunca estive em um bar em noite de sábado. A não ser acompanhado com o pessoal da minha escola de samba”, revela o biológo Antônio Teva, que integra a Velha Guarda Show da Imperatriz Leopoldinense.

O biólogo, que é Mestre e Doutor em Biologia Celular e Molecular pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), e Professor da Faculdade de Medicina de Campos dos Goytacazes, foi ritmista da agremiação por 40 anos e durante a infância morou no Complexo do Alemão. Ele palestrou falando sobre sua profissão e os trabalhos que realiza em prol da saúde pública, tendo inclusive, participado de trabalhos de campo com Malária, Leishmanioses e Saúde de Populações Indígenas.

Além deles, quem também marcou presença foi a professora universitária, enfermeira, Doutoranda em biologia celular e molecular e Mestre em Ciências na área de imunoparasitologia pela Fiocruz, Miriam Salles Pereira, que mostrou um trabalho ainda em andamento, no qual ela realiza experiências que podem representar uma esperança para pacientes que sofrem de insuficiência hepática aguda e aguardam por um transplante de fígado.

As três apresentações foram assistidas atentamente pelos que estavam presentes no evento, e serviram de incentivo para outros professores participarem das próximas edições. “A ideia é instigante por desmistificar o meio científico, e aproximá-lo ainda mais da população. Nem havia pensado na possibilidade de participar antes”, confessou a professora universitária de Biologia, Lucinere Carvalho. É o que também pensa a encarregada de secretaria Fernanda Pereira.

– É uma excelente inovação de conhecimentos. Estão de parabéns os integrantes da organização do evento, pois é uma novo método para interagir e compartilhar esses conhecimentos – respondeu.

O estudante do segundo período de Nutrição da Unifoa, Luiz Henrique Cotia, falou sobre a abordagem dada aos assuntos durante o evento. “Acho que os assuntos da área da saúde poderiam também ser aplicados nesse tipo de evento. Seria uma chance maior de se obter conhecimento”.

O evento foi organizado pelos estudantes do segundo ano de Ciências Biológicas Bruno Carlos, Matheus Lourenço e Úrsula Kopke. Ela fez uma avaliação dessa primeira edição do Pub Bio VR. “Consideramos que esse evento foi bem sucedido, apesar do público ainda pequeno, pois ainda é a primeira vez que é realizado. Ficamos orgulhosos porque tivemos a oportunidade de trazer pesquisadores de ponta como nossos palestrantes. O caso da Miriam é interessante, pois é um trabalho realizado pela primeira vez no Brasil e de grande valia para quem sofre com problemas hepáticos. E o Teva? É um biólogo que vive sendo requisitado pelo governo, o ministro da Saúde sempre bate à porta da casa dele e o chama para colaborar com a saúde pública!”

Úrsula acredita que o evento cumpriu, e ainda cumpre com o seu papel de mostrar os trabalhos para a população. “Isso não pode ficar restrito ao meio acadêmico, e esse evento foi uma prova de que nem sempre é necessário estar em sala de aula para aprender mais sobre ciências biológicas”, conclui.

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