A greve e os impactos na economia e serviços de Resende

Menegatti lamenta a falta de combustíveis em seu estabelecimento

“Essa paralisação mudou muita coisa, o movimento na minha loja caiu e o posto está fechado. Isso causa muita apreensão pra gente, as contas vão vencendo sem venda nenhuma, e não podemos pagar os nossos compromissos em um dia como hoje (segunda-feira, dia 28). Muitos produtos aqui da loja estão em falta, como pão de forma, frutas, verduras, a gente não encontra mais pra comprar. E daí isso vai começando a fazer falta no nosso dia a dia”, desabafa o comerciante Roberto Menegatti.

Proprietário de um posto de combustíveis e uma loja de conveniência localizados na Avenida Gustavo Jardim, no Centro de Resende, ele sente na pele os prejuízos provocados pela greve dos caminhoneiros, que começou no último dia 21 em todo o país, e ainda não tem previsão para acabar.

Menegatti – assim como outros comerciantes de Resende – relatam que o prejuízo maior é a queda de vendas, já que as pessoas tem deixado de sair de casa para fazer compras. A mesma queixa tem sido relatada pelo comerciante Gilmar Donizete Costa, proprietário de uma loja de roupas no Centro.

– Na verdade a rotina do meu negócio mudou bastante, tive que ficar a semana passada inteira aqui em Resende, pois com essa greve não teria como retornar depois do serviço para minha casa (Gilmar mora em Cunha, no Vale do Paraíba Paulista). É justo o que eles estão pedindo, só que já está passando da hora de parar, pois chegaram ao limite e estão prejudicando muito as pessoas que dependem do trabalho deles.

Ex-caminhoneiro, o comerciante montou seu atual negócio há oito anos e acredita que os ex-colegas de profissão já chegaram ao limite da paralisação. “É uma classe sofrida, sei porque já fui caminhoneiro. Uma hora terão que voltar pro batente para normalizar o reabastecimento de mercadorias, e continuar negociando seus direitos com o governo, pois tem gente passando algumas necessidades. Aqui pra minha loja o movimento caiu bastante e também essa situação vira uma bola de neve, pois deixei pra trazer mercadorias de última hora e aí ficou difícil”, lamenta.

Pedro (à esquerda) fala do sufoco que padaria passa para manter produção; Gilmar e Leisiane reclamam da queda na clientela

Do outro lado da cidade, no bairro Campos Elíseos, a reclamação é a mesma. O movimento caiu pela metade, conforme relata a comerciante Leisiane Santana, dona de uma boutique de roupas na Rua Nilo Peçanha. “Mudou o fluxo de clientes, as pessoas não têm como sair de casa por causa da falta de gasolina ou de horários de ônibus. Se antes entravam por dia 30 pessoas na loja, agora esse número caiu pela 15. Além disso, essa greve atrapalhou meus planos de viajar e trazer mais mercadorias, porque vai depender de ter ou não combustível para trazer as roupas”.

Tem loja que vem se virando como pode para não parar a produção. “Estamos preocupados com o abastecimento de farinha para fazer os pães. A gente ainda tinha estoque, e estamos correndo atrás de mais farinha em um depósito de Barra Mansa pra ver se consegue continuar trabalhando até melhorar a situação”, conta o vendedor Pedro Arantes, que trabalha em uma padaria da Rua Alfredo Whately.

Os clientes que aproveitam para fazer compras nas lojas também falam da situação passada em outros setores. “Lá no meu trabalho não mudou nada por enquanto. As ambulâncias estão circulando normalmente, mas a gente não sabe até quando, pois não sabemos se termina hoje (segunda-feira) a greve. Mas em relação a falta de material ainda não tivemos quaisquer problemas”, cita a cliente, que trabalha na área da saúde e pediu para não se identificar.

FROTA REDUZIDA E AULAS SUSPENSAS
Além do setor comercial, a paralisação segue causando prejuízos no setor de transporte coletivo. Os ônibus das empresas que fazem as linhas locais e intermunicipais trabalham com a frota reduzida. A Viação São Miguel opera com apenas 60% de seus veículos, e fez mudanças nos horários. Já na Viação Resendense, ao contrário do que foi citado anteriormente, a empresa também reduziu os veículos e opera com os horários de domingos e feriados, tanto na linha Resende-Itatiaia quanto na linha Resende-Volta Redonda.

Nas escolas e no ensino superior, as aulas também tiveram de ser suspensas. Na Associação Educacional Dom Bosco (AEDB), informou através de nota que não haverá aulas na unidade nesta segunda e terça-feira (dias 28 e 29) em virtude dos problemas de desabastecimento, uma vez que boa parte dos estudantes e professores são de outros municípios e dependem de transporte para se deslocarem até a sede da instituição de ensino. Ainda de acordo com a nota, a AEDB poderá retomar as atividades acadêmicas a partir desta quarta-feira, dia 30.

Na rede municipal de ensino, a Prefeitura de Resende informou que desde sexta-feira, dia 25, as escolas seguem sem aulas “devido à greve dos caminhoneiros, que está comprometendo o acesso de estudantes e professores às unidades de ensino”. As aulas seguem suspensas nesta segunda-feira, dia 28, e também dias 29 e 30, em razão do racionamento dos horários de ônibus. A previsão da Secretaria de Educação, segundo nota da prefeitura, é que as atividades nas escolas voltem à normalidade na próxima segunda-feira, 4 de junho. Os demais serviços municipais continuam funcionando normalmente.

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