Dia das Mães

Domingo é o dia das mães com estrias, celulite, das magrinhas, gordinhas, com silicone, botox, das mães lipoaspiradas e das barrigudinhas. Das velhinhas, enrugadinhas.

Das que são vaidosas e daquelas que não tem tempo de pentear o cabelo. E não ligam para isso.

Das mães adolescentes, das mães tardias, das mães inseminadas artificialmente, das mães que adotaram. Das que tem marido, das que são viúvas, das solteiras, das mães que tem como parceira outra mãe.

Das mães que choram na festa da escola, que não dormem por causa da catapora, que sofrem na UTI. Das mães que enterraram um, dois filhos, das que perderam os bebês ainda na barriga.

Das mães que lutam desesperadamente pelo sonho de ser e das que tiveram que matar os filhos nos sonhos, pois seus corpos jamais seriam capazes de gerar.

Das mães que choram pela culpa de ter feito, de não ter feito, de ter evitado, de ter estimulado, que não tiveram tempo de ver crescer.

Da mãe doutora, servente, professora, frentista, letrada, prostituta, favelada, boia fria, analfabeta, cientista. Independente de quantos ou da falta dos títulos, precisou aprender na marra como é ser e se transformar em mãe.

Das mães hospitalizadas, cadeirantes, debilitadas, debilitantes, deficientes, eficientes, doentes, sãs. Superadas, superantes, sobreviventes.

Das mães equilibradas, das descompensadas, das ajuizadas, das alopradas. Das carentes, resolvidas, das amorosas, dependentes, inseguras, temerosas, preocupadas. Das ansiosas, depressivas, intempestivas, emotivas, choronas e dramáticas. Das que se sentem incapazes de criar bem e são maravilhosas e das que criam mal apesar de se acharem as melhores.

Das mães religiosas, crentes, ateias, agnósticas, astrólogas, magas, bruxas, fadas. Santas e loucas. Das que são mães no espírito e na alma.

Das mães que, por ingratidão dos filhos, foram esquecidas e relegadas ao ostracismo, mas em cujo coração a mágoa e a tristeza jamais tomarão o lugar do amor.

Das mães que enfrentam filas intermináveis e revistas humilhantes em dias de visita na penitenciária, pois, por mais que seu filho tenha errado, um dia foi o seu bebê.

Das que sofrem, riem, perdem a paciência, das que gritam, das que vivem exaustas, das que desconjuram tanta responsabilidade.

Das mães que amamentam, das que alimentam com Nanon, com leite de cabra, de soja, das que amamentam os filhos de outras mães.

Das que perdem a hora, queimam o arroz, das que cozinham em fogão à lenha, das gourmet, das que não sabem cozinhar e das que fazem o melhor bolo do mundo.

Das que já estão morando no céu.

Domingo é o nosso dia. O dia das mães de verdade. Das imperfeitas, mas abençoadas, santificadas e redimidas de todos os pecados mundanos pela maravilhosa experiência de simplesmente ser.

Mãe.

Amei esse texto obrigada

Ângela Alhanati
contato@angelaalhanati.com.br
Livre pensadora exercendo seu direito à reflexão

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