Oh, moça mais velha não se acabrunhe! É de uma verdade orgânica que você não possui mais os seios arrebitados da moça nova, mas veja, seus seios de mãe carregam a força de alimentar a vida o que a faz combatente e robusta.
Oh, moça mais velha não se maqueie tanto! Seus traços são também a multiplicação dos seus sorrisos, dos seus risos sobre você mesma. E não há dúvida que a moça mais nova riu menos e que não conseguiu ainda, com tranquilidade, rir de si mesma.
Oh, moça mais velha não cancele tanta coisa! O moço mais velho também não aguenta mais dançar até o amanhecer.
Oh, moça mais velha você não precisa adotar saias compridas de beata! Suas pernas têm o tempo, e o tempo é o canto de quem vive. A moça nova tem as pernas ainda perfeitas, qualquer par de olhos pode confirmar isso; pernas que ainda não foram muito, mas voltaram sempre.
Oh, moça mais velha não corra! Você não chegará à parada de ônibus na frente da moça nova, mas também não se preocupe, pois ninguém se equivocará a ponto de dar-lhe o lugar no coletivo.
Oh, moça mais velha não se esqueça de sair! Tudo bem que a moça nova está aí, mas é que ela não faz ideia do que é uma moça mais velha embelezando o passeio público.
Rafael Alvarenga
Escritor e professor de Filosofia
ninhodeletras.blogspot.com.br