Obras da Biblioteca de Resende começam com três meses de atraso

Funcionários de empresa contratada começaram obras há pouco tempo

Na última semana de março, um ano após a Prefeitura de Resende fechar a Biblioteca Municipal Jandyr César Sampaio, começaram as obras nos dois imóveis onde funcionavam o Alcoólicos Anônimos (AA) e a Guarda Mirim, na Praça do Centenário. O local será a nova sede do acervo de 20 mil livros, mas desde então aguarda por reformas na infraestrutura. Reformas que já começaram com um atraso de três meses. A equipe do jornal BEIRA-RIO esteve mais uma vez no local e encontrou funcionários trabalhando na preparação da fachada dos imóveis para pintura.

Mas uma placa afixada no imóvel indica que a obra, financiada com recursos de pouco mais de R$ 52 mil e que começou a ser realizada pela CGCOM Engenharia Ltda., vencedora do certame da licitação que escolheu a empresa responsável pela reforma, deveria ter começado em 4 de dezembro do ano passado e terminado em 4 de março, semanas antes de seu início real.

Somente dois meses após a realização de uma segunda matéria pelo BEIRA-RIO sobre o assunto, em agosto do ano passado, a prefeitura finalmente conseguiu definir em pregão presencial licitatório (de nº 166/2017), realizado na tarde de 26 de outubro, a empresa que ficaria responsável pela reforma. A CGCOM Engenharia venceu outras três concorrentes por ter oferecido o “menor preço global” para serviços de reforma e adequação dos imóveis.

Inicialmente o período de vigência do contrato entre prefeitura e a empresa era de 10 de novembro de 2017 a 10 de fevereiro de 2018. Mas a empresa acabou solicitando “prorrogação de prazo e alteração do valor do contrato, em decorrência do acréscimo quantitativo na contratação de empresa especializada para prestação de serviço de reforma de imóvel para instalação da Biblioteca Pública Municipal de Resende-RJ, pelo período de 45 (quarenta e cinco) dias”, o que na prática teria atrasado ainda mais o início das obras.

E mesmo assim, o prazo para o início das obras deixou de ser respeitado, uma vez que com a prorrogação solicitada, o contrato ficou vigente até o dia 20 de março e as obras começariam apenas na semana seguinte.

O jornal entrevistou mais uma vez o presidente da Associação dos Professores Municipais de Resende, Milton Borges, que criticou a falta que faz a Biblioteca ao município.

– Eu já disse e gostaria de repetir, eu acho isso extremamente vergonhoso para Resende. Para uma cidade do porte de Resende ou uma vila do interior, isso é um descaso – eu diria – das elites, porque a gente está falando de um chefe político que tem essa decisão, um descaso com a cultura, com o povo, com o saber. Porque historicamente a biblioteca é o centro de uma civilização. Na época da reportagem (anterior) do jornal BEIRA-RIO eu tive a oportunidade de conversar com pessoas ligadas à cultura em Resende, instituições de ensino e ninguém se mexeu. É lamentável ver agentes da cultura e educação não se darem conta do prejuízo que isso está trazendo, principalmente para as camadas mais pobres, que não têm dinheiro para comprar um livro e a biblioteca às vezes se torna o único acesso dessa comunidade ou dessas pessoas ao conhecimento – lamenta.

Prazo inicial para realização das obras acabou mesmo antes do início dos trabalhos

COMO TUDO COMEÇOU
Em março do ano passado, a Prefeitura de Resende – já sob administração do prefeito Diogo Balieiro (DEM) – fechou a Biblioteca Municipal após fazer a mudança de seu acervo, de um imóvel alugado na Rua do Rosário para a Praça do Centenário. A justificativa, na ocasião, era “economizar mais de R$ 50 mil por ano, já que deixaria de pagar o aluguel mensal do imóvel, fixado em R$ 4.200”, segundo a presidente da Fundação Casa da Cultura Macedo Miranda, Denise Assis. O novo local escolhido, no entanto, por ser menor e com condições de infraestrutura precárias, precisava de reformas.

Durante a realização da primeira matéria sobre a mudança de endereço da Biblioteca Municipal, o BEIRA-RIO esteve no endereço, mas o local estava fechado e ainda com a placa da Guarda Mirim, não aparentando passar por qualquer tipo de reforma. E a estimativa era de que a biblioteca ficasse fechada pelo menos uns 40 dias, mas em agosto do ano passado, cinco meses depois, Resende seguia sem ter seu acervo acessível ao público.

Enquanto isso, o acervo da biblioteca segue todo armazenado no antigo Cine Vitória, que também se encontra abandonado e fechado. Segundo uma servidora pública que foi entrevistada no ano passado, os livros estavam lá “para os ratos, tudo jogado, uma dor no coração”, desabafou. As estantes e prateleiras da biblioteca seguem guardadas no hall do teatro desapropriado há menos de 10 anos, e na frente do palco estão os livros.

O jornal entrou em contato com a assessoria de comunicação da Prefeitura de Resende para que esta explicasse o porquê do atraso das obras, sobre o prazo e valor, mas não obteve resposta até o momento.

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