Relacionamentos são como os vinhos

Observo que alguns relacionamentos são como os vinhos: alguns melhoram com o tempo, mas outros se não souberem ser conservados, podem vinagrar. Azedam mesmo e isso nem tem nada a ver com a uva mas com o cuidado que tivemos.

Tem para todo gosto. Todos são feitos com basicamente a mesma matéria prima. As variações ficam por conta do tipo da matéria e do processo empregado.

Assim como as uvas, o ser humano, matéria prima dos relacionamentos, vem com casca. E é ai que reside o segredo da transformação. O aproveitamento que vamos fazer. Os vinhos precisam da maceração, que significa esmagar a substância sólida – uva – para lhe extrair o suco. Em relacionamentos, não. Ninguém amolece por meio de pancadas, machucados e danos no corpo e na alma. Não se consegue a elevação do espírito causando a si e ao outro maus tratos. Maceração pode ser o segredo do vinho, mas é o dano irreversível no amor. De resto, precisa do contato, da fermentação, da qualidade do armazenamento, do cuidado que empregamos.

Os relacionamentos do tipo tinto são os mais comuns e cultivados. Levam tempo para serem aprimorados, mas são obtidos fermentando com a presença de todas as partes sólidas: casca e caroço. Nada se tira, tudo se aproveita.

Se for o branco, vamos tirar as partes sólidas, mas vamos fermentar o mostro. Entretanto, sem maceração, esse é um processo mais suave. Claro e transparente.

Em se tratando de rosé, com exceção do champagne onde se mistura vinhos brancos e tintos, pegam o jeito logo. Somente o contato já é o suficiente para pegar a cor desejada.

Secos e doces. Se for doce, a fermentação precisa ser interrompida ou se usa uvas super maduras. Nem todo mundo gosta e aprecia, mas é preciso que se releve a subjetividade humana. Se for seco, é a condição natural de praticamente todos os vinhos ao final da fermentação. Ser seco não significa não ter sabor ou não ser apreciado. Significa ter somente sua essência e ser puro.

Quando está no processo de fermentação, o açúcar é convertido em álcool e gás carbônico. Nos vinhos normais o gás é liberado, mas nos espumantes, ele fica retido. Esse é o segredo. Nesse processo charmat, a segunda fermentação é feita em cuba fechada. Ter gás é chic e embala a vida! O champagne é obtido por um método clássico chamado champenoise, que ocorre na própria garrafa. Mais chic ainda. No próprio reduto. Elegante demais! Tudo ocorre lacradinho,

Vinho e amor, elementos altamente consagrados, embalam e dão sabor à vida.

Ângela Alhanati
contato@angelaalhanati.com.br
Livre pensadora exercendo seu direito à reflexão

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