Muitas ideias, mas também decepções!

Preservativo disponível nos bares, casas noturnas e faculdades é o projeto de lei que deve ser apresentado nas primeiras sessões legislativas de 2018 em Resende. O autor, o vereador Renan Marassi (PPS) quer tornar obrigatório a disponibilização de preservativos a todos estabelecimentos que funcionem depois das 21 horas e que vendam bebidas alcoólicas, assim como todas as faculdades. O projeto ainda prevê que para auxiliar na prevenção, a Secretaria Municipal de Saúde elabore um painel informativo sobre as doenças sexualmente transmissíveis. “Quero contar com a parceria do poder Executivo para neste primeiro ano de lei a gente conseguir fazer uma campanha publicitária neste sentido, penso que com a aprovação da lei teremos uma boa oportunidade de auxiliar estes comerciantes a se adequarem a lei. Das comissões vai para o plenário e discussão e os vereadores poderão apresentar emendas”, explica Marassi, o mais jovem vereador de Resende.
O vereador Marassi, de 26 anos, costuma ser elogiado por sua disposição em buscar melhorias para a cidade, o que lhe traz satisfação, novas ideias e motivação por estar na política, por outro lado, não esconde as decepções no enfrentamento do que chama de “alguns entraves”. Evitando desdobrar as dificuldades que encontrou no seu primeiro ano de mandato, o vereador Renan Marassi prefere resumir sua substituição como líder do governo antes do ano acabar, em dezembro passado, como “uma decisão do prefeito. Ele tem essa prerrogativa. Escolhe o que acha que é melhor”. Antes de terminar o ano legislativo, o prefeito trocou Marassi, por outro vereador do PPS, Tiago Martins, o Tisga. Para alguns grupos políticos uma surpresa, já que pelo segundo ano consecutivo, Balieiro Diniz escolhe um vereador que foi oposição à sua candidatura, já para outros não há oposição orgânica com base partidária na Câmara de Resende, logo a escolha se dá pela proximidade dos vereadores com o governo, o que é quase uma unanimidade em Resende.

Marassi não tem só disposição, tem uma arma estratégica na sua formação política: atenção ao que está à sua volta. Se demonstra atento, ouve as pessoas que o procuram, pesquisa os assuntos e tenta se manter coerente às propostas que apresentou antes de sua eleição. Segue uma linha dos partidos de direita e mobiliza jovens de partidos e movimentos alinhados à esta posição na cidade e região. Quando perguntado se conseguiu fazer tudo que esperava enquanto líder de governo é categórico: “Longe disso, mas consegui ver como as coisas funcionam”. Marassi é reticente quando a pergunta refere-se ao meio legislativo. Sobre as dificuldades que vem encontrando em meio aos vereadores, alguns com mais de três mandatos: “É difícil, nem sempre há consenso, mas continuo acreditando num trabalho mais próximo das pessoas, da sociedade”, responde. Mas diz que teve 100% de aproveitamento quando o assunto foi a aprovação dos projetos do Executivo: “Todos os projetos foram aprovados e isso facilita as condições de governar e defendia porque acredito. O prefeito nunca me ofereceu nada além das propostas políticas”.

A reforma na lei da Contribuição da Iluminação Pública aprovada pelos vereadores sem esforço do Executivo não agradou os mais diversos setores da economia do município, inclusive a revogação de um dos artigos que dava isenção a quem não tem iluminação pública e a falta do plano de investimento. Para o vereador Marassi, os vereadores entenderam a proposta do governo que é trocar a iluminação da cidade, mas admite que o projeto não teve as observações necessárias: “A revogação foi um tanto subliminar. Na verdade tivemos um dia só para analisar, mas no seu contexto a proposta é boa. É verdade que não veio plano, cronograma, mas acho que o governo já está providenciando isso.

Marassi que anunciou recentemente um projeto de transmissão das sessões legislativas esbarrou mais uma vez na resistência dos vereadores. “Estamos buscando um meio de fazer através do meu gabinete. Algo que não pareça ser iniciativa do corpo administrativo da Câmara pois, infelizmente não tem aceitação interna. Estou analisando uma forma de fazer através do gabinete ou iniciativa terceirizada, sem caracterizar que é a instituição que esta fazendo para não me gerar problemas jurídicos”. A Sessão ao Vivo como o vereador está chamando é uma forma de acompanhamento dos trabalhos legislativos durante as sessões, cujos horários foram trocados – segunda e terças às 17h30 – o que dificultou boa parte das pessoas assistirem. Não é a primeira vez que Marassi tenta adaptar numa ideia. Já se viu em embates porque muitas vezes os colegas fazem questão de exclusividade nos redutos eleitorais. “O vereador é eleito para a cidade toda, não recuo do acredito e isso traz desgaste. Infelizmente ainda temos muito o discurso ‘o bairro é meu’. O bairro é nosso. Vereador deve buscar olhar toda a cidade”,  diz.

Presidente da Comissão de Fiscalização, Marassi faz coro com o governo sobre a “economia” no contrato de limpeza urbana. “O problema da sujeira na cidade começa a ser resolvido, demorou porque o prefeito considerou absurdo o valor anterior e agora vai pagar bem menos”, repete o discurso governamental sobre a suspeita de o contrato anterior era superfaturado. Mas o vereador não conseguiu explicar porque, se houve suspeita de superfaturamento no governo Rechuan e os vereadores concordam com isso, porque a Câmara não fiscalizou, a própria comissão que preside. “Até agora não houve, mas cabe apuração sim. Não posso falar pelo governo. Nesse caso, a comissão precisa ser provocada”, resumiu o assunto. Marassi também falou sobre sua proximidade com o deputado Bolsonaro e admite que pode ter absorvido algum desgaste, principalmente, entre jovens: “Consegui importante emendas para o município. Tem gente que ama e gente que odeia Bolsonaro, realmente absorvi certo desgaste, mas não me atrapalha não”.

Sem querer aprofundar as razões do prefeito fazer a mudança antes do novo ano legislativo, Marassi disse que continuará com sua função de fiscalizar e alertar o prefeito sobre os assuntos que tiver conhecimento. “Eu me empenho, sei que são muitos problemas e não tenho conhecimento de tudo, mas continuarei interessado e trabalhando. Quero lembrar que a Cophasul na Alegria vai ganhar uma quadra poliesportiva já no primeiro semestre de 2018, que vou acompanhar a aplicação dos recursos que consegui através de emendas parlamentares para a saúde. O que puder correr atrás eu farei. Correr atrás eu corro, mas lembro que não tenho poder de executar e às vezes a população não tem esse entendimento, mas a gente não tem esse poder”.

 

 

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