Demissão de professores dá origem a protestos entre alunos de universidade em Resende

Na noite desta sexta-feira, dia 8, um grupo de estudantes do campus Resende da Universidade Estácio de Sá, a maioria do curso de Direito, se reuniu em frente à instituição, no bairro Jardim Brasília, em protesto às demissões de professores promovidas pelo campus, algo que vem se repetindo em outras unidades da instituição em todo o Brasil. A notícia da demissão, segundo um dos universitários que lideram a organização do evento, o estudante de Direito Erli Ferreira Coimbra Júnior, pegou todo mundo de surpresa.

– Os nossos professores ficaram sabendo da demissão em pleno dia de provas, nesta semana, e sequer puderam dar continuidade ao trabalho de avaliação dos alunos, pior foi para os colegas que precisavam de apresentar o Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), eles terão que adiar essa apresentação, talvez para o próximo ano – explica Erli.

Segundo ele, as demissões foram apenas o estopim para a insatisfação do universitários. “Esta é apenas a gota d’água em um copo que já estava transbordando. Há algum tempo, já estamos insatisfeitos com os serviços oferecidos pela Estácio. A gente paga para ter aulas presenciais em sua totalidade, mas o que acontece é que temos metade dessas aulas online (a distância). Outro problema, este mais grave, é a falta de segurança na entrada de nosso campus. Aqui, qualquer pessoa pode entrar, não há um sistema de segurança na entrada. E pra piorar, nas proximidades já foram registrados assaltos e até tentativa de estupro, e a gestão do campus não toma providência nenhuma”.

O representante também revela que os alunos tentaram negociar de forma mais pacífica para solucionar esses problemas, até até agora não tiveram qualquer retorno, o que fez os alunos optarem por realizar o protesto com cartazes, apitos e narizes de palhaço na entrada do campus. “Eles falam que costumam mandar ofício para a Polícia Militar, mas que nunca conseguem retorno, então se não conseguem isso, eles já deveriam ter reforçado a segurança dentro do campus há muito tempo”, questiona.

Durante o protesto, o grupo – que estava acompanhado de membros do Sindicato dos Professores do Sul Fluminense (Sinpro-SF) – chegou a ser atendido na entrada do campus pelo coordenador de um dos cursos e a gestora do campus. Os estudantes aproveitaram para reclamar dos dois problemas que motivaram a realização do evento. A gestão, no entanto, se limitou a dizer que a demissão foi ordem da matriz da universidade, que fica no Rio de Janeiro, e que haverá em breve uma reposição desse quadro docente.

JUSTIÇA DETERMINA SUSPENSÃO DE DEMISSÕES
A Justiça do Trabalho do Rio de Janeiro determinou na noite de quinta-feira, dia 7, que o grupo de ensino superior Estácio de Sá suspenda a demissão de professores iniciada nesta semana. A universidade dispensaria 1,2 mil docentes de todo o País, 400 somente no estado do Rio de Janeiro. A decisão foi da juíza Larissa Lopes, que concedeu a liminar de tutela antecipada em favor do Sindicato dos Professores do Município do Rio de Janeiro e região (Sinpro-Rio). A medida vale a apenas para quatro municípios: Rio de Janeiro, Paracambi, Itaguaí e Seropédica.

– A gente não imaginou que a Estácio chegaria a tal covardia com os nossos companheiros. Os professores demitidos são altamente qualificados e de reconhecimento nacional, e a universidade se aproveitou das reformas trabalhistas. Imagine você ser demitido a poucos dias do natal e sem perspectiva nenhuma de mercado para ser reaproveitado? Por outro lado, querem contratar novos professores para pagarem menos e assim comprometer a qualidade do ensino, isso é o “Holocausto da Educação”! – alfinetou o presidente do Sindicato dos Professores do Sul Fluminense (Sinpro-SF), João Marques da Fonseca Filho.

Na ação, o sindicato afirma que a decisão da universidade tem como objetivo o aumento dos lucros do grupo. Por outro lado, as justificativas enviadas pela universidade ao Ministério Público “envolve não apenas os desligamentos, mas o lançamento de um cadastro reserva de docentes para atender possíveis demandas nos próximos semestres de acordo com as evoluções curriculares, o que caracteriza jornada intermitente, recentemente aprovada pela reforma trabalhista”. A Estácio também afirmou que os salários estavam “inviabilizando as atividades da empresa”.

Para prosseguir com as demissões, a universidade deverá enviar ao Ministério Público uma lista com os nomes de todos os docentes dispensados, os termos de revisão de cada um deles e a relação de profissionais de que será contratada em substituição a eles. Todas as demissões realizadas ficarão suspensas até que se cumpra os pré-requisitos. A empresa tem 72 horas para cumprir a determinação, sob pena de multa de R$ 50 mil.

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