Questões alheias

Nada é tão fácil quanto parece quando observadas de longe as questões alheias. Sejam quais forem. Mas não nos damos conta disso. Ao contrário.

Em geral, somos possuidores de todos os remédios e soluções quando as dores não nos pertencem. Sabemos como agir, como aplacar, como reagir, como livrar.

Tanto faz as entusiasmadas ideias para as viradas de avesso que em nosso julgo as outras pessoas necessitam ou a empatia que nos sensibiliza : se eu fosse você faria assim.

Não poupamos conselhos e críticas, afinal, estamos “do lado de fora da questão e quem está de fora vê melhor “. Faz sentido? Sim, muitas vezes. Mas o que não consideramos é que deveríamos dizer: se eu fosse você, faria exatamente como está fazendo.

Talvez nos falte a compreensão de que nossos comportamentos e atitudes são de acordo com nossa visão de mundo, como o percebemos e forjados pela nossa experiência pessoal. Ajustar a realidade de outra pessoa a nossa é o que mais fazemos e a todo instante. Oferecer um ombro, apoiar sendo um bom ouvinte, mostrar um outro ponto de vista, apontar uma outra compreensão ou entendimento é sempre muito bem vindo, mas não e nunca a ditadura do “faça assim” ou “não faça dessa forma”. A decisão do outro nunca nos pertence e a dor é uma questão de sensibilidade. Varia muito de pessoa para pessoa. A resiliência não é de todos e emergir demanda tempo e forças internas. Algumas pessoas são feitas de aço, outras de cimento e algumas de algodão. Já dizia Caetano Veloso: cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é.

De fato, só não sabemos como agir quando estamos no olho do furacão e costumamos responder aos que minimizam nossas dores e dissabores: “tá pensando que é fácil. Queria ver se fosse com você…”

Ângela Alhanati
contato@angelaalhanati.com.br
Livre pensadora exercendo seu direito à reflexão

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