Encontro de amigos

Nessa semana, conforme comentei no artigo da semana passada, comemorei o meu aniversário de 54 anos. E essa comemoração do aniversário sempre significa reunir amigos que me acompanham a mais de 40 anos.

Muitos amigos foram se somando à minha existência com o passar da vida, mas esse grupo, que não chega a ser pequeno pelo tanto de tempo que andamos juntos – são cerca de 15 pessoas –, não perde a oportunidade desse encontro.

Houve um tempo em que nossa preocupação era mostrar os presentes de natal e convidar para os tímidos bailinhos de garagem. Conversávamos sobre provas, trabalhos escolares, brincadeiras e descobrimos juntos os primeiros interesses amorosos, compartilhamos as primeiras descobertas do amor e as experiências lindas e libertadoras da vida.

Depois veio o tempo do vestibular, de escolher a graduação. E, então, os primeiros empregos, os noivados seguidos dos casamentos, o nascimento dos filhos, os batizados, as festinhas de aniversário das nossas crianças, o aniversário de quinze anos das nossas mocinhas, alguns divórcios, o casamento dos filhos, o nascimento dos netos, a chegada da orfandade com a perda dos pais e os primeiros sinais de que a idade está avançando e roubando nossa saúde.

Em um determinado momento da comemoração me mantive afastada e tratei de perceber um encontro de senhores e senhoras da mesma idade que compartilhavam risos e conversas animadas e entusiasmadas. Não consigo me recordar de quando eles ainda tinham cabelos, de quando não portavam as rugas e marcas do tempo, quando as senhoras não tinham ganhado peso. Para mim, eles sempre foram assim, desse jeitinho que se mostram agora para mim.

Sei que as fotografias mostram outras pessoas, mas reconheço cada abraço, cada olhar, cada sorriso e as promessas de que vamos estar para sempre bem juntinhos.

Sou feliz por ter meus amigos como testemunhas da minha existência, pois eles sabem contar histórias das quais não me lembro mais ou perdi algum detalhe importante. Meus amigos sabem de mim, por vezes, muito mais do que eu mesma.

E, se algum dia, alguma moléstia me roubar a consciência e me transportar para um mundo paralelo onde eu somente olho e não reconheço mais nada, dentre eles há de haver algum que vai me segurar as mãos e me chamar de Angela, como vem sendo desde o início, desde o primeiro encontro.

Porque é de amor que estou falando.

Ângela Alhanati
contato@angelaalhanati.com.br
Livre pensadora exercendo seu direito à reflexão

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