Por que é que se comemora aniversários?

Na próxima terça-feira, dia 04 de julho, comemoro mais um aniversário. Serão 54 dos quais eu me lembro apenas de uns 49 e não guardo nenhuma memória do mais fabuloso de todos: o primeiro. Quanto investimento dos meus pais e eu não tenho nenhuma lembrança!

Mas por que é que se comemora aniversários?

Durante um tempo da minha vida eu sonhava com a festa, com a chegada dos amigos, com as brincadeiras e, claro, com os presentes. Invariavelmente eu me encontrava doente no dia, com amigdalite. Hoje entendo o porquê. A despeito das explicações sobre o frio e eu ser muito pouco resistente, sei que era uma enorme decepção, pois meu pai esperava o dia seguinte para viajar com os amigos para caçadas (na época não era politicamente incorreto) e pescarias e eu sabia que não o veria durante o mês inteiro. Eu sempre comemorei e sempre fui festeira, mas confesso que a data foi modificando o sentido desde que ele não pode mais participar.

Quando me perguntam quantos anos eu tenho, costumo responder: “ acho que tenho uns 30”. Em geral o inquisidor franze o cenho e duvida da minha resposta sem pensar em seu significado. Então, explico que acho que tenho uns 30 porque os que vivi já não tenho mais, mas só os que virão; por isso “o acho” e “os 30”.

Minha vida é daqui para frente. Parece muito lógico, mas não é tanto assim se pensarmos que muitas pessoas vivem no passado e pouco se importam com o aqui e agora. Tenho pouco tempo para aproveitar tudo o que a vida tem de bom e não quero desperdiçar nada. Tenho me esforçado para aprender a dar valor ao que realmente interessa e descartar o supérfluo.

Hoje quero amigos, quero minha família por perto. Quero saúde e disposição. Sou um ser para a morte e quando penso no meu aniversário, me chega a seguinte versão da música emblemática: parabéns para você, mais um ano perto de morrer…

Vou comemorar tantos aniversários quanto puder, mas garanto que cada um deles vai ter um significado, uma atmosfera diferente. Antes que pensem que sou pessimista, digo que sou realista e procuro sempre enxergar as coisas como elas são. Vou morrer e isso não pode ser tabu, pois faz parte da minha existência.

Para esse novo ano peço saúde e serenidade. Discernimento e bom senso. Para brindar, selecionei um vinho. Apenas isso. Ou tudo isso, depende do que poderá acontecer depois.

Ângela Alhanati
contato@angelaalhanati.com.br
Livre pensadora exercendo seu direito à reflexão

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