(Atualizada terça-feira, dia 6, às 10h30)
Moradores que vivem na região de Visconde de Mauá denunciam as condições em que se encontra o rio Preto. Algumas fotos postadas nas redes sociais mostram um do trechos do rio, que segue poluído com esgoto jogado in natura e com os restos de resíduos sólidos. E o problema é ainda mais grave, se considerarmos que três estações de tratamento de esgoto ficam nas vilas de Maringá e Maromba, em Itatiaia. Criada na região desde os nove anos, a aromaterapeuta Brisa Marinho mora pouco antes de chegar na Vila de Maringá e tem observado que a água do rio, outrora cristalina, tem ficado com a cor alterada.
– A água geralmente é cristalina, mas em determinados momentos ela fica mais turva. Lixo, a gente vê latinha, pacote de biscoito, lixos de gente sem consciência rola também. Os maiores incômodos que tem se ouvido é sobre o aumento de mosquito (muito), sobre o cheiro é sobre o bueiro aberto, e além de encher de mosquito tem o perigo de cair criança dentro – relata a moradora.
Dona de uma loja de aromaterapia no Centro da Vila de Maringá, ramo no qual trabalha, e moradora a poucos metros do Centro da vila, Brisa tem acompanhado a briga de moradores contra o descaso das autoridades. “Os moradores falaram com a administração local, mas nada tem sido feito. Fizemos várias denúncias inclusive ao Ministério Público Federal. E estamos reunindo o material pra mostrar e conversar com o secretário do Meio Ambiente”, responde.
Ela é a autora de um vídeo que foi postado nas redes sociais que mostra um dos pontos do vazamento de esgoto. “Chegando em Maringá, tem um mini mercado. Na rua atrás desse mercado, logo após a primeira e única curva, você já vê o bueiro aberto. Olha a direita e vê uma horta. O esgoto desemboca in natura no rio Preto bem ali”.
Quem também mora na região e vem acompanhando o problema da poluição é o engenheiro Marcelo Brito, também morador da vila. “Essa poluição do rio Preto existe desde que a margem do rio passou a ser povoada entre as vilas e os vales de Mauá pelos primeiros moradores, mas os impactos quase eram imperceptíveis. Mas o asfaltamento da Estrada-Parque (RJ-151) pelo Governo Estadual, esse crescimento ficou ainda mais acelerado e os impactos mais visíveis. O número de moradores e turistas aumentaram e a poluição do rio também”.
Ele ainda aponta outro agravante para a poluição: em contrapartida ao asfaltamento da Estrada-Parque, o Estado construiu algumas estações de tratamento de esgoto, a ETE do Lote 10 (em Resende), e as ETEs de Maringá e Maromba (em Itatiaia) como forma de compensação ambiental. “Posteriormente, as ETEs foram entregues às administrações municipais, em Resende para a Concessionária (Águas das Agulhas Negras) e em Itatiaia, para a Prefeitura, mas acabou havendo um impasse porque o governo local não quis assumir alegando falta de verba”, acrescenta Marcelo.
Segundo Marcelo, na estação de Maringá a bomba apresentou defeito; em Maromba, há um problema de ligação errada do esgoto, que acaba caindo no rio. E na área do Camping Barragens, em Maringá, o motor da bomba nunca conseguiu ser ligado, sempre com a desculpa de que faltava energia ou que não havia pessoa especializada para ligar o motor.
MUTIRÃO DE LIMPEZA NO DIA DO MEIO AMBIENTE
Na próxima segunda-feira, dia 5, será realizado um evento de mutirão de limpeza, organizado por moradores. Ainda haverá um grupo que terá a função de checar os locais reclamados, registrar e encaminhar reclamações ou denúncias. O encontro do grupo será na Ponte da Travessa do Visconde, a partir das 9 horas. Independente disso, os moradores estão fazendo uma petição na internet, pedindo solução para o saneamento básico no local. Até o momento, a petição tem pouco mais de 200 das 300 assinaturas que necessita para encaminhar o pedido ao Governo Federal.
SOBRE O RIO PRETO
O rio Preto é um sub-afluente do rio Paraíba do Sul. Considerado um ponto de divisa entre os estados do Rio de Janeiro e Minas Gerais, banha as regiões Sul Fluminense, Sul de Minas e o sul da Zona da Mata. Ele nasce na serra da Mantiqueira, no município de Bocaina de Minas, próximo ao pico das Agulhas Negras, e tem sua foz no rio Paraibuna.
A equipe do jornal BEIRA-RIO entrou em contato com a Prefeitura de Itatiaia, que em nota enviada informou que o problema na ETE de Maringá aconteceu devido a quebra de uma válvula da estação de tratamento. E que enviou uma equipe ao local para resolver o problema. Na mesma nota, ainda anuncia que uma licitação será feita para contratar uma empresa especializada que atuará 24h no local das duas ETEs, e prometeu que depois da contratação da empresa que “a manutenção será constante” e que os problemas serão corrigidos.
Fotos: Eric Moino/Reprodução do Facebook
