A esmagadora maioria das pessoas acompanhou o caso José Mayer

A esmagadora maioria das pessoas acompanhou o caso José Mayer. Para quem não sabe do que estou falando, trata-se de um episódio de assédio por parte do ator global e que foi denunciado pela figurinista Sullen Tonani.

Em um primeiro momento, diante da denúncia, ele a chamou de louca. Depois de provas terem sido apresentadas, restou ao ator escrever uma carta de desculpas. Sincera ou não, é o que restou a ele fazer. Desde o primeiro momento pessoas se posicionaram em defesa de um e de outro. E o que existe por detrás disso tudo?

O assédio de José Mayer é apenas a ponta do iceberg. O ex diretor da Rede Globo, o Boni, afirmou que esse tipo de denúncia deveria ter sido tratado com sigilo e que nunca recebeu esse tipo de queixa durante o tempo em que exerceu suas funções na empresa. Confesso que essa afirmação me deixa perplexa, afinal, todos sabem do famoso teste do sofá para as candidatas novinhas e lindinhas, bem como os novinhos e lindinhos também.

Sinal dos tempos é a denúncia acatada e como a sociedade está menos tolerante para esse tipo de crime. Ainda temos muito caminhar, mas já observo mudança nos ventos. Mesmo que boa parte da população ainda se ocupe de culpar a vítima e inocentar o criminoso, observo mudanças. Lentas, mas mudanças.

Uma menina é estuprada por mais de trinta homens. Denuncia o caso. Um dos estupradores sai pela porta da frente da delegacia acenando para fotógrafos e o delegado dizendo que “pode haver tido algum consentimento”. Mudam o delegado. A delegada que assume o caso revela a existência de vídeo onde a vítima implora para não ser estuprada. No caso de Vitor Chaves, da dupla Vitor e Leo, em um primeiro momento ele nega que tenha agredido a esposa, mas câmeras de segurança mostram o valentão empurrando Poliana, de 29 anos. Uma jornalista é assediada pelo Mc Biel. Denuncia. A jornalista é demitida, mas vazam vídeos do bonito dizendo que “queria que sua entrevista fosse a última do dia, te levava para um hotel e te dava uma estupradinha rapidinho”. E muitas pessoas dizendo que a jornalista queria seus quinze minutos de fama. Quem é Mc Biel mesmo?

Ainda temos muito o que lutar. Pessoas que acreditam que podem tudo e que esse tudo inclui violência, humilhação, exibição de poder. Muitas pessoas não denunciam, se calam por não ter como provar. Esses assédios muitas vezes acontecem dentro do trabalho e as vítimas preferem se calar para não serem perseguidas ou demitidas. Muitas vezes também ocorrem dentro da família e o silêncio ganha espaço em função do bem-estar familiar.

Até quando a sociedade vai calar e se omitir? Até quando ouviremos “prendam suas cabras que meu bode está solto” ? Até quando criaremos nossos homens para serem grosseiros e deselegantes com as mulheres e ensinaremos nossas meninas a se calarem diante de uma agressão como essa?

No caso de José Mayer, a figurinista não quer mais atender telefonemas, foi demitida da Rede Globo e não quer mais levar o caso adiante. Mais uma enxurrada de violência deve estar por detrás dessa decisão dela. Mais uma vítima se cala diante da omissão de uma sociedade machista e covarde.

Ângela Alhanati
contato@angelaalhanati.com.br
Livre pensadora exercendo seu direito à reflexão

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2 thoughts on “A esmagadora maioria das pessoas acompanhou o caso José Mayer

  1. O homem tem que estar atento ao pensamento das mulheres: quando ela diz não é não, quando ela diz sim, talvez – o resto deve ser conquistado. Penso, que ela foi realmente agredida e constrangida no seu “ego” de mulher porque disse não. O “galã” ator global, infelizmente, violou direito de outrem por achar que era superior à figurinista, exagerou no assédio e se deu mal. Portanto, homens de todo País, cuidado com as respostas das mulheres, repito: “quando ela diz náo é não, se ela disser sim talvez”!

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