Buquê de rosas

Foi fácil escolher as flores. Rosas cor de rosa. Quando as viu estavam ainda em um jarro com água. Ele apontou e o rapaz imediatamente foi prepará-las. Sentiu-se como o magnata do filme sobre mafiosos que vira alguns dias atrás. O homem chegava ao restaurante se sentava bebia numa taça e depois indicava a lagosta desejada dentro do aquário.

Ela iria adorar as rosas, ele pensou. Ele que sequer perguntara o preço. Mas, como o leitor verá em seguida, não fora o preço das flores o que o deixara em dificuldades. Pois ele esperou que o buquê fosse preparado e enquanto isso veio outro rapaz lhe perguntar se também desejaria um cartão. Sim! É claro! Havia opções demais. Entretanto ele foi objetivo. Um cartão branco, simples.

Pegou uma caneta e se inclinou para escrever. Escrever o que? Ficou em dúvida. Levantou a cabeça, olhou novamente para o cartão. Sereia, se estivessem na praia. Amazona? Não, forte demais para as rosas rosa. Princesa? Não, muito infantil. Uma flor para uma flor? Não, muito papel de carta. Com carinho, Arthur? Não, falta alguma coisa.

Trouxeram as flores. O buquê estava lindo. Faltava ele escrever o cartão. Olhou novamente para o papel, ainda confuso. Não dava para pedir em casamento. Tampouco desejar feliz aniversário. Flores maravilhosas para uma mulher maravilhosa! Que coisa horrível! O que é que vou fazer agora?

Percebeu que o rapaz da floricultura, aproveitando a loja sem novos fregueses olhava para o celular. É isso, pensou. Sacou o aparelho do bolso e escreveu no google “frase rosa mulher”, a resposta veio em um clique: “…simplesmente as rosas exalam o perfume que roubam de ti, ai…”

Escreveu, pôs o cartão entre as flores, pagou e saiu. Antes de encontrar a moça ouviu a música: que coisa bonita, avaliou! A namorada também não conhecia a canção, mas adorou tudo e os corações bateram forte.

Rafael Alvarenga
Escritor e professor de Filosofia
ninhodeletras.blogspot.com.br

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