A terceirização agora é para qualquer atividade

A terceirização agora é para qualquer atividade e não somente para as atividades de meio.

Isso significa que a CLT, Consolidação das Leis Trabalhistas, foi chutada para o escanteio e deixa à deriva a esmagadora maioria dos trabalhadores do país. Lamentavelmente nosso Brasil não é exemplo de uma nação que respeita os menos favorecidos. Levando em consideração que primeiro instala-se o caos e depois se fazem as leis, quando a CLT foi criada havia uma situação em detrimento. Foi, portanto, uma conquista a sangue e foice.

Terceirizar significa pagar menos por mais trabalho. Uma mentalidade escravocrata. Pode ser ótimo pelo viés do empregador, pois que também sofre com as péssimas políticas governamentais que em nada incentivam seus empreendimentos e muitas vezes os arruínam com impostos estapafúrdios, inviabilizando a continuidade e o crescimento. Contudo, é uma péssima perspectiva no que diz respeito ao empregado. Sem as leis trabalhistas para amparar, o sindicato perde a força de negociação de pisos salariais, reajustes conforme a inflação, férias, décimo terceiro, benefícios importantes como o vale transporte, vale refeição, auxílio creche, plano de saúde, auxílio farmácia, auxílio funeral, auxílio desemprego, licença amamentação, licença paternidade, licença maternidade, dentre outras tantas conquistas importantes.

Conforme anunciado, a PEC 241 estabeleceu um teto para os gastos públicos com vigência para os próximos vinte anos. Sem os planos de saúde, uma vez que majoritariamente são concedidos pelas empresas por força das negociações sindicais e que não serão mais obrigatórios com a terceirização, a procura por atendimento na área de saúde vai explodir e não temos estrutura para essa demanda. Anuncia-se um caos diante de tantos outros. Isso é só um exemplo.

Apenas uma perspectiva boa vislumbro nesse turbilhão: as pessoas que se aproveitam do auxílio desemprego e das muitas interpretações das leis trabalhistas para entrarem com ações na justiça de trabalho, vão ter que aprender às duras penas ter responsabilidade com o trabalho e a trabalhar dignamente. Agora ao se terminar um contrato de trabalho, fiquem felizes se houver um até breve. Isso pode ser um sinal de que existe uma possibilidade de retorno à função.

Há quem diga que em outros países essa é a realidade e é antiga. O que devemos perceber é que nesses países o transporte público é eficiente, o sistema de saúde não é privatizado e nem a educação. Os índices de violência são baixos e a qualidade de vida é atrativa. O governo é cuidadoso e as pessoas são respeitadas. Nada parecido com o que se observa por aqui.

Temo por tempos difíceis e mais recessão. Temo por desemprego em massa e por queda no padrão de vida do brasileiro. Temo pela volta da miséria que nos envergonha e humilha mundialmente. Que golpe!

Ângela Alhanati
contato@angelaalhanati.com.br
Livre pensadora exercendo seu direito à reflexão

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