Chega uma certa idade em que não são nem crianças e nem adultos

Chega uma certa idade em que não são nem crianças e nem adultos. Grandes demais para algumas coisas e muito jovens para outras. Estou falando dos adolescentes, esses seres extremados que reivindicam seu lugar no mundo de forma muito peculiar e muito intransigente. Com os hormônios em ebulição, encontrar um ponto de equilíbrio é tão improvável quanto encontrar pais que saibam lidar com essa nova realidade dentro das famílias.

A adolescência é cultural, em primeiro lugar. E muito recente. Digamos que muito, mas muito moderna. Ela aparece quando a família decide investir mais na formação de seus membros e estes podem postergar um pouco a entrada no mercado de trabalho, dedicando-se mais aos estudos e escolha profissional. Dessa forma, vão vivendo em casa, quase sempre sem produzir capital para seu sustento, mas drenando consideravelmente os bens da família.

É nessa fase que se chora muito, ri sem parar, fazem escândalos, cantam alto, desafiam autoridades sem pesar consequências e comem. Meu pai costumava dizer: “ para comer é uma draga, mas para trabalhar é uma praga. ” Mais ou menos isso.

Esses sujeitos sem classe (nem adultos, nem crianças) possuem de poucas ou quase nenhuma diversão direcionada à sua idade. Lotam os shoppings em grupos e …bem, quem já encontrou com algum grupo desses sabe bem do que estou falando.

Ontem eu e uma amiga nos encontramos no subsolo de um shopping à espera do elevador que nos levasse ao quarto andar. Havia uma fila de pessoas para utilizar um único em funcionamento. Quando enfim o elevador chego, quatro meninas com idade presumível entre 12 e 14 anos ocupavam o interior. Não desceram e tivemos que nos espremer. Muitas pessoas não puderam embarcar. Elas riam e devoravam um saco de biscoitos que mais parecem feitos de isopor às 14h. E a que horas foi o almoço dessas jovens?

O elevador foi parando em todos os andares até o último. Sim, elas haviam apertado todos os botões. Quarto piso e elas não saltaram, permanecendo placidamente em seu interior. Nesse momento minha amiga em um ato muito civilizado chamou a atenção solicitando que elas deixassem o elevador e descessem de escada porque outras pessoas necessitavam utilizar e elas estavam ali brincando e atrapalhando.

As quatro saíram às gargalhadas, debochando, bem ao estilo “tô nem ai, tô nem ai”. Eu aplaudi minha amiga e fiquei me perguntando o porquê de não ter tomado essa atitude também, afinal, não estava nada satisfeita com a atitude das meninas.

Enfim, orientação, educação e muita disciplina nessa idade resulta em adultos que sabem se comportar. O contrário é prejudicial e afeta a todos. Pais, entendam a fase e movimente-se.

Ângela Alhanati
contato@angelaalhanati.com.br
Livre pensadora exercendo seu direito à reflexão

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One thought on “Chega uma certa idade em que não são nem crianças e nem adultos

  1. Amei o texto. Penso…sera que fui assim? Não acho que não, embora tenha sido um pouco debochada, um pouco espaçosa, um pouco chorona, e muito risonha. Ria a toa de tudo e de todos. Eu era meio sem graça. Mas fui uma adolescente feliz (quase…um pouco…para mim tudo era muito e tudo era pouco) sei lá. Acho que era meio perturbada.

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