A ressaca da festa

A ressaca da festa promovida pelos estudantes da UERJ – FAT Resende que aconteceu no último dia 09 foi a avalanche de comentários sobre um acontecimento que classifico com, no mínimo, infeliz.

Em um determinado momento foi cantada uma música cuja letra era a seguinte:

“Aluna da Estácio parecida santinha, de noite era puta e estudava de dia,
Ela vai pro Celeiro para não ter que pensar
Sua faculdade é uma merda e ainda tem que pagar
Quando ela chegou viu o celeiro lotado
Caloucura da UERJ e todo mundo chapado
Pensou na sua família, não quer ser sustentada
Pegou um moleque da UERJ para ser logo bancada
Não sabia a criança, não podia acreditar
Que o moleque da UERJ só queria transar. ”

Não há nenhum respeito às estudantes da Universidade Estácio de Sá, à universidade como instituição acadêmica e aos estudantes da UERJ, generalizados como moleques e chapados, em um último plano. É lamentável que uma pessoa ou um grupo possa pensar que liberdade de expressão é liberdade para ofender.

Talvez o que os “moleques compositores” da UERJ devam saber é que existem muitas pessoas comprometidas com seu futuro na Estácio, pessoas de caráter e muito responsáveis. Que a Universidade Estácio de Sá possibilitou o acesso à graduação para muitas pessoas que não poderiam sonhar com o nível superior por não ter como sair da cidade para estudar. E que quem faz a faculdade é o aluno, pois existem muitos graduados pela Estácio que estão atuando com sucesso e outros tantos graduados pela UERJ que estão desempregados e nunca foram expoentes em suas profissões.

Não se pode ofender a tantos e ficar impune. Não se pode lançar na lama gratuitamente o nome de uma instituição e ficar por isso mesmo.

Lembro-me de um episódio em que ex-alunos de um colégio aqui da cidade, já matriculados em outro, vestiram uniformes de sua ex-escolas para se fantasiarem de mendigos em um dia de trote. Apesar dos alunos ofendidos e entristecidos por verem o símbolo da escola a que pertenciam ser achincalhado, nada foi feito e nem uma nota de desculpas foi veiculada. Acredito que os diretores apertaram suas mãos selando a mensagem como condizente e ressaltando que talvez os alunos tivessem razão em desmerecer a instituição.

Mas não é o caso aqui. Muitas denúncias foram feitas na delegacia, pessoas que se sentiram ofendidas prometem levar uma ação ao Ministério Público que, espero e tenho fé, acate.

Que as pessoas compreendam uma vez por todas: adquirir conhecimento acadêmico não é a mesma coisa que adquirir caráter. A ética de ser e estar no mundo se aprende quando se reconhece o outro como ser humano, como igual a si. É na humildade, no acolhimento e no respeito que devemos trilhar nesse mundo.

Ângela Alhanati
contato@angelaalhanati.com.br
Livre pensadora exercendo seu direito à reflexão

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