Profissionais de radiologia de Resende podem parar a qualquer momento

Documento mostra solicitação de reajuste feita por sindicato em junho
Documento mostra solicitação de reajuste feita por sindicato em junho

Os 26 profissionais de radiologia e tomografia de Resende não farão mais horas extras e cobertura de férias a partir desta terça-feira, dia 2. Além disso, eles podem parar a qualquer momento de trabalhar, já que pediram apoio ao Sindicato dos Funcionários Públicos do Município de Resende para dar início a uma greve. O grupo busca adequação de seus salários à lei federal 7.394/85, que regulamenta a profissão.

– Já tem algum tempo que estávamos reivindicando a diferenciação salarial para o mínimo da categoria regido por lei federal, que seria de dois salários mínimos regionais e 40% de insalubridade em cima disso, sendo o salário regional R$ 1.415. Eles não pagam isso aqui e viemos engolindo há muito tempo. Na UPA eles têm a mesma fonte pagadora, que é a prefeitura de Resende, e eles recebem o salário correto – explicou um dos técnicos, Leandro da Silva Freitas.

Em junho deste ano, o grupo pediu ajuda ao sindicato para ter acesso ao salário previsto na lei federal e também para reduzir sua carga horária de 220 horas mensais para 110 horas mensais. Na lei a previsão é de 24 horas semanais, que corresponderiam a 96 horas mensais em um mês com quatro semanas. Na ocasião, o prefeito José Rechuan Junior (PP) se comprometeu a ajudá-los, o que até agora não aconteceu.

– Na época, fomos na prefeitura, chamamos o sindicato e o prefeito falou que ia levar o projeto para a Câmara Municipal para ser votada a equiparação de nosso salário com a UPA. Só que o sindicato entrou com processo na prefeitura, teve conversa particular com o prefeito e até agora nada. O pessoal nem queria fazer greve e nem nada, mas decidimos parar com as horas extras a partir de hoje – acrescentou Leandro Freitas.

Apesar de a principal reivindicação neste momento ser o salário reajustado com o que é previsto na lei federal ou ao menos equiparado ao dos colegas da UPA, os profissionais apontam outros problemas nas condições de trabalho.

– Temos o mesmo nível da enfermagem, mas eles ganham 18% e nós 13% do atendimento hospitalar. Na tabela do Estatuto dos Servidores fala em 25% e até hoje ninguém recebeu. Temos direito a duas férias de 20 dias a cada seis meses. Eles dão os 40, mas só pagam 30 dias. O auxílio ensino que o médico e o enfermeiro recebe também um advogado da prefeitura falou a alguns colegas que poderíamos estudar em Harvard que não vamos receber. Já entrei com processo administrativo umas três vezes pedindo a correção, mas eles negam. O auxílio ensino também negaram a todos. Acho que é porque enfermagem são 400 e eles fazem peso e nós não – detalhou a técnica em radiologia Renata Cunha.

Eles também questionam o fato de a insalubridade não ser incorporada na aposentadoria.

– O atendimento hospitalar está errado, férias não pagam. O que engorda é a insalubridade, mas eles pagam em cima do salário mínimo e não em cima do regional. E tem a questão da radiação, que é uma insalubridade acumulativa. Mesmo assim eles cortam na aposentadoria e queríamos que levasse de forma integral. O importante é lembrar que não estamos reivindicando aumento salarial em meio à crise, estamos reivindicando o cumprimento de uma lei federal – acrescentou Renata Cunha.

O grupo, acompanhado de um representante do sindicato, esperou por quase uma hora no corredor do Hospital de Emergência (foto), mas conseguiu que o diretor do Hospital de Emergência Filipe Nascimento Reis os levasse até o prefeito Rechuan para conversar sobre o assunto na manhã desta terça-feira. No entanto, o resultado não foi satisfatório.

– O prefeito enrolou todo mundo com a conversa de pagar os 25% de atendimento hospitalar e tirou nosso foco que era o piso. Quando o questionamos sobre isso, ele fechou o livro e mandou todo mundo sair. Não houve diálogo, só ouvimos e aceitamos, já que também é um de nossos direitos, mas o piso era a prioridade. Ele também falou que não tinha como enviar nada à Câmara porque eles entram de recesso hoje e voltam só em setembro. Então conversamos e decidimos parar com as horas extras a partir de hoje e começar a greve assim que o sindicato conseguir resolver a parte legal da greve para a gente – relatou Leandro Freitas, sem saber que, ao contrário do mencionado pelo prefeito, o recesso da Câmara dos Vereadores termina nesta terça, dia 2.

 

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