Você conhece o Hino de Resende?

exposicaoNa tentativa de que mais pessoas respondam a esta pergunta positivamente é que o diretor do arquivo municipal de Resende, Claudionor Rosa, está realizando um trabalho de resgate do hino. Como parte deste trabalho, o arquivo realiza desde a semana passada a exposição “Viva o Hino!”, que vai até o final do mês.

– O hino de Resende é um dos símbolos de Resende, com a bandeira e o brasão. Antigamente era cantado nas escolas, mas hoje praticamente não se canta. Então fizemos uma exposição com fotografias do centenário de Resende, em 1901, quando ele foi criado, e curiosidades sobre o hino, quem gravou, para que as pessoas comecem a cantar o hino – explicou Claudionor.

Ele contou que, nas comemorações no centenário de Resende, a Câmara Municipal da cidade não tinha dinheiro para os festejos e por isso um grupo de pessoas influentes foi atrás de recursos para fazer a festa. Quando estava tudo pronto, se deram conta que mesmo após 100 anos a cidade não tinha um hino e resolveram utilizar uma poesia feita por Luiz Pistarini, pedindo ajuda ao maestro Lucas Ferraz para musicá-la.

– Um hino se faz da mesma forma que um samba enredo: uma pessoa elabora um regulamento dizendo o que precisa ter no hino e o compositor e o autor criam a letra em cima destes pré-requisitos, o que amarra a capacidade de criação. Por isso raramente o resultado final é poético. Aqui pegaram um soneto do Pistarini, que era especialista em sonetos, e musicaram. Por isso o hino também é importante no aspecto poético – avaliou.

A composição musical que acompanha a letra, aliás, também é envolta em mistérios. É que não existem informações sobre Lucas Ferraz, apenas uma menção no almanaque do centenário, fazendo com que, por isso, muitos acreditem que a compositora da música possa ter sido Chiquinha Gonzaga.

– Somente uns 15% dos documentos que temos a apontam como compositora, mas são fontes confiáveis. Além disso, descobrimos que ela conhecia o Pistarini e o convidou algumas vezes para palestrar em sua escola de música no Rio de Janeiro, além de os dois serem conhecidos por serem namoradores. Já conversei com dois biógrafos dela, mas por enquanto o oficial é que a música é do Lucas Ferraz. Também estamos tentando descobrir mais sobre ele (Lucas Ferraz), mas por enquanto não conseguimos avançar – acrescentou.

A primeira gravação do hino aconteceu na década de 1950 através de Sávio Silveira, diretor da gravadora Continental e avô da atriz global Malu Mader. Ele era de Resende e gravou pela primeira vez o hino em 78 rotações. De um lado do disco estava o hino, cantado por Jorge Goulart e Orquestra Tabajara; do outro a valsa “Yolanda”, criada pela mãe de Sávio, Esther da Silveira, também de Resende. Em 2015, foi feita uma nova gravação do hino, com a banda da Academia Militar das Agulhas Negras (Aman) e os corais ArtEmoção, da fundação Casa de Cultura Macedo Miranda, e Resencanto, formado por servidores municipais.

– Não é só conhecer o hino, mas cantá-lo. Diziam que estava velho e regravamos, mas precisa entrar no dia a dia. Antigamente a programação da Rádio Agulhas Negras começava e terminava com o hino. Podia voltar a fazer isso. Executar nas escolas, eventos oficiais e até nas festas particulares das pessoas. Fizemos uma gravação ilustrada do hino, com imagens de Resende em um DVD, mas ainda não tivemos apoio financeiro para distribuir. A exposição mesmo quem bancou foi a Associação Educacional Dom Bosco (AEDB). Queremos resgatar o hino e colocá-lo em uma posição de onde nunca deveria ter saído – concluiu.

Na manhã desta sexta-feira, um grupo de alunos do Colégio Estadual Souza Dantas havia ido à Casa de Cultura fazer um trabalho de Sociologia sobre rádio e tv e acabaram se deparando com a exposição sobre o hino. Parece que a surpresa os agradou.

– Estou conhecendo o hino agora e acho interessante, porque fala um pouco da História de Resende. Acho que se tocasse na escola seria interessante para a gente conhecer porque muitos moram aqui e não conhecem – comentou a estudante Luana Vitória Fernandes de Souza, de 17 anos.

A exposição pode ser visitada de segunda a sexta-feira, das 12h às 17h, ou no período da manhã se for marcado previamente pelo telefone (24) 3354-2266. O Arquivo Histórico e a Casa de Cultura ficam na Rua Doutor Luís da Rocha Miranda, 117, Centro Histórico.

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