Um amor lá no Maranhão

A moça diz ao rapaz pretendente que tem um amor que mora lá no Maranhão. Ainda assim, o rapaz pretendente, prefere não ir tão longe. Argumenta que trabalha ali perto e que tem uma meia-água começada lá atrás daquele morro. Pela vista da moça passa boi passa boiada e só não passa o rapaz que mora lá no Maranhão. Um rapaz perfeito e bem empregado que abre porta de carro e puxa cadeira em restaurante para ela se sentar.

Ah o rapaz pretendente é tão simples e real! Não convida a moça para ir ao restaurante porque a conta atrasaria em semanas a obra da meia-água. E depois seriam muito felizes jantando comida caseira em casa. Feijão com arroz daquele que de tão bom satisfaz por si só e suco de caju. A televisão ligada faz a vez do sonho.

A moça fica em dúvida. Devia ter imaginado um rapaz de lugar mais próximo. Rio de Janeiro, São Paulo. Mas vira em um programa de televisão que o Maranhão era lindo. Gostara tanto do que vira na televisão que agora tinha até um amor que morava no Maranhão. Foi ao cinema perguntar se havia algum filme sobre o maranhão. Na bilheteria disseram que não.  Mas citaram Nova York, Teerã e Budapeste.

O rapaz insiste. Crê que um amor lá no Maranhão se desmancha fácil. Afirma que em quatro ou cinco meses a meia-água estará um brinco e eles serão felizes. A moça fica em dúvida mais uma vez antes de dizer sim. É que ela gostaria muito de continuar tendo um amor lá no Maranhão.

Rafael Alvarenga
Escritor e professor de Filosofia
ninhodeletras.blogspot.com.br

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