Quando tudo vai bem em um relacionamento

Quando tudo vai bem em um relacionamento, não pensamos em terminá-lo. Mas, se as coisas não andam tão boas e foi preciso tomar uma atitude, convém ponderamos os pontos positivos e os negativos.

Um casamento é uma caixa onde durante um tempo guardamos lembranças, alegrias, mágoas, tristezas, felicidades. Agora, precisamos abrir essa caixa e remexer em muitas coisas que estavam até esquecidas.

Se não está bom para um, não está também para o outro. Começamos a perceber isso com mais clareza. Percebemos também que a gente só conhece a pessoa com quem se casou quando acontece a separação. Naquela caixa (lembra?) escondemos no fundo a nossa pior porção e a do outro também. Em nome da paixão, esquecemos que ela habita em nós. É comum que um queira fazer da vida do outro um inferno, só para que saiba quem está perdendo, para que compreenda a vida boa que tinha ao lado de uma pessoa tão disposta, amorosa, afetuosa…mas quando foi, então que tudo começou a terminar?

Certamente quando começamos a sepultar na caixa tudo aquilo que encantava no início do relacionamento. Quando começamos a desprezar a generosidade da paixão: eu dou tudo para você, porque você é tudo para mim.

Uma separação nunca é uma situação agradável, nem para um e nem para outro. Mesmo para a parte que deseja o fim, vai ser um misto de alívio, culpa, tristeza, alegria, saudade, nostalgia.

Esqueça. Não há a menor possibilidade de serem amigos agora. Não agora. Talvez mais tarde, quando já estiverem refeitos e já tiverem conseguido superar todas as rupturas. É uma mudança de vida substancial, que não pode ser ignorada, minimizada e subestimada.

Ah! Eu ia elencar os pontos positivos, né? Então: a gente descobre os amigos, o espaço perdido, perde uns quilos, descobre a fortaleza interior, descobre o cuidado pessoal, começa a ponderar a possibilidade de se aventurar com outras pessoas, guarda mais dinheiro, pensa em fazer viagens que já estavam esquecidos, pensa em planos já engavetados, considera a possibilidade de fazer uns cursos, muda o corte de cabelo, o estilo de roupa, usa sistematicamente aquela blusa que nos levanta o astral de tanto que dizem o quanto ficamos bem com ela. Descobre que chorar no banheiro é uma ótima opção, afinal, quando se tem filhos, não se pode morrer por isso. Cuida-se mais dos filhos para que eles não sofram com o desfecho, tenta uma maquiagem que impressione mais, telefona para aquelas pessoas que não vê faz tempo, fica mais próxima dos irmãos, enfia mais a cara no trabalho, busca um bom terapeuta para ajudar na superação e que nos ajuda a revelar nosso eu tão precioso!

Descobrimos que precisamos ter as rédeas da nossa vida em nossas mãos outra vez, que temos o poder de decisão, de escolhas e que somos capazes de sobreviver e nos reorganizar. E, por fim, ao contrário do que aconteceu nos primeiros dias de intensa tempestade, compreendemos que tudo terminou não por causa das estrias da gravidez, do peso a mais que os anos trouxeram ou de qualquer outra coisa que não seja relevante. A compreensão do fim vem pelo fato de que descobrimos que tudo se renova e a vida é um livro, cheio de capítulos que necessitam ser reescritos. Um casamento de 5, 10 ou 20 anos deu certo sim. No tempo em que existiu, deu certo. Conheço tanta gente que há 25, 30, 40 anos se diz casado, mas que o casamento já acabou há tanto tempo!

Os pontos negativos? Hummm…. deixe-me pensar. Esforço…Concentração….Não consigo pensar em nada! Acho que eles não existem! A felicidade nem sempre nos chega da forma que sonhamos ou desejamos. Por muitas vezes ela nos alcança por caminhos tortos e sinuosos.

Ângela Alhanati
contato@angelaalhanati.com.br
Livre pensadora exercendo seu direito à reflexão

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