Vendendo almoço para garantir o sustento de cada dia

marmitas2A crise financeira chegou com força ao Brasil nos últimos dois anos, e como consequência, o desemprego também está aumentando. Com isso, muitas pessoas recorrem ao trabalho autônomo para garantir renda, independente da profissão que exercem (ou tenham exercido anteriormente). Com isso, vem crescendo em Resende a produção e venda de refeições prontas, popularmente conhecidas por marmitex ou quentinhas. Esta é a aposta da jornalista Carolina Lemos Macedo, que abriu há duas semanas seu próprio negócio, a Marmitaria da Carol (foto), mas que em pouco tempo a ideia já vem trazendo retorno.

– Em apenas 15 dias, já cheguei a vender em um só dia 25 marmitas, mas a média é de 12 por dia. E o preço fica em média R$ 12. Depois que comecei a trabalhar com comida, minha situação financeira melhorou e até pude investir em um fogão de seis bocas e em uma geladeira de segunda mão. comecei com um investimento de R$ 1 mil e hoje ele chega a R$ 5 mil. Agora só falta colocar o flyer e o telefone fixo para atendimento – revela Carolina.

A marmitaria tem hoje uma clientela que começou com duas e hoje são 10 pessoas atendidas com quatro opções de marmitas (mini, marmitex e familiar) e variedades de pratos, com alguns itens servidos todos os dias. “Diariamente servimos arroz com feijão (preto ou carioca), macarrão (que varia a cada dia), purê de batata, angu, farofa, legumes e mix de folhas. Além disso, temos duas opções de carne por dia”, cita.

A jornalista trabalhou durante seis anos na profissão, mas resolveu largar o emprego há quatro anos, quando adotou uma criança portadora de deficiência. “Quando resolvi adotar a Amanda, que hoje tem 4 anos, acabei largando o meu antigo emprego para me dedicar aos cuidados com ela, por ser uma criança com paralisia cerebral. Com isso, pensei em trabalhar dentro de casa e acabei optando por abrir a marmitaria, e dessa forma tenho como cuidar dela”, explica.

Amanda costuma acompanhar a mãe na marmitaria, que fica dentro de um anexo da casa da jornalista. Lá, a menina fica em segurança. “Enquanto eu trabalho, ela só aproveita para brincar e observar a mãe fazendo a comida sentada, já que ela ainda não se locomove sem o andador”, diz Carolina, que no últimos dias lamenta não poder levar a filha para a escola. “Falta cuidadores para as crianças com deficiência na escola, e eu fico preocupada em deixar a Amanda só com a professora”.

Na marmitaria, localizada no bairro Liberdade, Carolina divide as tarefas de preparo da comida com a mãe e uma tia, e as entregas são realizadas pela irmã, a advogada Daniela Macedo. No local, várias regras de higiene são seguidas. “Para entrar na marmitaria, é obrigatório o uso de touca nos cabelos, avental, e lavar bem as mãos. As frutas, folhas e legumes são lavadas, higienizadas e guardadas em recipientes etiquetados com quantidades e data de compra e de preparo, as carnes são compradas e também armazenadas da mesma forma que os vegetais. Os alimentos são sempre frescos, nunca sendo reaproveitados de um dia para o outro.

marmitas3QUENTINHAS DA LU
Quem também está se aventurando nesse negócio é a doméstica Luiza Aparecida Cerqueira (foto à esquerda), que há oito meses tem na venda de marmitas uma renda extra. Há mais de 40 anos, ela mora com a professora aposentada Nelma Alves de Souza no Centro de Resende, e trabalha também como doméstica na casa. “Já fiz cursos de Magistério e Técnico em Enfermagem, mas sempre preferi trabalhar na casa da Dona Nelma, e hoje é ela quem me dá o maior apoio na venda das quentinhas”, explica Luiza.

Ela começou a fazer marmitas depois que uma amiga pediu para que a doméstica preparasse o almoço para ela. “Um dia, minha amiga já estava enjoada da comida que fazia em casa, aí me perguntou se eu não poderia preparar almoço pra ela todo dia. Aceitei a ideia, passei a fazer o almoço e aí ela começou a divulgar minhas refeições para outros amigos, e então passei a vender quentinhas”.

O investimento inicial de Luiza foi de aproximadamente R$ 78 para fazer as refeições. “Separei na época a metade do meu salário para comprar os mantimentos e as embalagens para marmitex, eu comprava de 10 em 10 essas embalagens. Atualmente, eu arrecado mensalmente uns R$ 780 (quase um salário-mínimo), com as marmitas que vendo para meus 15 clientes. Mas como eu trabalho sozinha para dar conta de tudo, ainda não pretendo expandir minhas vendas. Ainda assim, mesmo em tempo de crise, dá para faturar bem”, diz a doméstica, que no momento pretende manter a clientela que já tem.

Os pratos saem a preços de R$ 10 (tamanho médio) a R$ 12 (grande), e são servidos diariamente arroz, feijão (preto ou carioca), macarronada, maionese, três tipos de carne (bovina, peixe ou de frango) e salada de alface, tomate e rúcula. “Às vezes, também faço carne suína, o único problema é que com a subida do preço do feijão, talvez eu tenha que deixar de comprar o feijão carioquinha diariamente”.

Diferente do que acontece na Marmitaria da Carol, o trabalho da doméstica é todo feito na cozinha da casa onde Luiza mora, mas os cuidados para o preparo da comida são os mesmos adotados pela jornalista. “Uso a touca, o avental e as luvas, especialmente quando higienizo e preparo as saladas. As carnes, saladas e legumes compro todos os dias e o restante (arroz e feijão) compro semanalmente. Os cereais ficam armazenados em latas de mantimentos e o resto na geladeira. Nada é reaproveitado de um dia para o outro nas refeições”, completa.

As duas vêm usando as redes sociais para divulgarem suas vendas. A página da Marmitaria da Carol mostra o cardápio diário e tem o telefone de contato para fazer os pedidos, e a das Quentinhas da Lu mostra os pratos que são servidos no dia, além do cardápio e dos horários das entregas e contatos.

Fotos: Divulgação/Reprodução da internet

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