Diretor relaciona Hospital de Emergência lotado ao desemprego

Há algumas semanas os grupos de Resende em redes sociais estão cobertos de reclamações devido ao intenso fluxo de pessoas no Hospital de Emergência, que causam demora no atendimento. O diretor técnico do Hospital de Emergência de Resende, o médico Filipe Nascimento Reis, confirmou o alto movimento e avaliou que ele seja decorrente ao momento econômico do país, que levou muitas famílias ao desemprego.

– O fluxo aumentou tanto no número de atendimentos, quanto no número de atendimentos graves e na demanda de pacientes intensivos. Acho que é uma conjunção de fatores, desde o aumento por conta da situação atual do país em que muitos perderam o seguro saúde  junto com os empregos e precisam recorrer ao SUS, até a saúde do entorno, como Bocaina de Minas, Itatiaia e Quatis que vem toda para cá. Nesses lugares também houve desemprego e a necessidade de recorrer ao Sistema Único de Saúde (SUS) – avaliou o médico.

No final de semana, ao menos três pessoas passaram pela sala vermelha devido à falta de vagas no CTI da unidade e uma delas, a pensionista Maria Socorro Gudim Pinto, morreu antes de ser transferida para o CTI. Filipe Reis acredita que a situação é semelhante em todos os municípios que são referências de atendimento em suas regiões.

– Esse excesso causa uma dificuldade para nós da prefeitura também. Nossas equipes de médicos estão completas e de técnicos fizemos uma chamada devido a um déficit que existia, mas nada que comprometesse a assistência. Essa paciente que faleceu era de Itatiaia. Seria obrigação de Itatiaia, mas lá não tem emergência e eles mandam para cá. Sofremos com isso. Deve acontece em Volta Redonda também, com toda cidade referência. Se não tenho vaga no CTI, é obrigação do município dela conseguir e eles não fizeram isso. Mas ela não ficou muito tempo na sala vermelha, faleceu porque teve quase 80% da superfície queimada e  isso é praticamente incompatível com a vida – acrescentou.

Ele frisou que os pacientes que ficam internados na sala vermelha não estão isentos de tratamento e que o locais possui recursos semelhantes aos do CTI.

– A sala vermelha tem todos os recursos que o CTI tem, o paciente é ventilado, tratado com medicação, e é momentâneo. Mas tem aumentado o número de pacientes que necessitam de CTI sim. Dificilmente víamos um paciente entubado na sala vermelha, hoje estou vendo mais e ontem uma paciente aguardou 12 horas lá por uma vaga no CTI, mas depois acabamos conseguindo transferi-la para lá – esclareceu.

Quando o caso é grave e não houver vagas no CTI do Hospital de Emergência, a Prefeitura de Resende tem o recurso de transferir o paciente para o CTI do Hospital da Unimed. O convênio anterior era com o CTI do Samer, no valor de R$ 1.700 a diária por paciente. O novo acordo prevê que o paciente seja transferido por indicação do plantonista caso o CTI  do Hospital de Emergência esteja  lotado e as diárias agora caíram para R$ 1.360.

– Não sei se o contrato prevê um número de doentes “X”, mas imagino que eles devam  ter leitos  reservados para a demanda deles também. Não sei  te dizer sobre quantidade. Mas sei que não existe  restrição quanto a procedimento clínico ou cirúrgico, mas se eu tiver que optar provavelmente vou preferir mandar um infartado que um que esteja em pós operatório. Quem define a necessidade de encaminhar é o médico com autorização da direção. Ter a retaguarda de um CTI privado sem dúvida ajuda, mas estamos dando conta – detalhou.

Para o médico Filipe Reis, os casos de H1N1 também ajudaram a aumentar o fluxo de pacientes no município, mas ele acredita que a situação esteja sob controle, embora não tenha dados precisos.

– O fato do H1N1 aumentou sim o número de atendimentos, a procura por pronto atendimento e houve casos suspeitos com morte confirmada, mas hoje isso já caiu um pouco. Sobre números teria que ver com o CDH. Mas a grande procura é por falta da assistência privada e não é só de Resende. Com todas as dificuldades estamos trabalhando e conseguimos fazer funcionar – concluiu o diretor técnico do Hospital de Emergência.

Em nota, a Prefeitura de Resende disse que “firmou convênio com a Unimed cujo teor é a ‘Contratação de empresa especializada em UTI adulto para atendimento a usuários do SUS (Sistema Único de Saúde)’. Trata—se da contratação de diárias de UTI na hipótese de falta de vagas no Hospital de Emergência. O valor do contrato é de R$ 97.920,00 por ano, com a previsão de contratação de 72 diárias”.

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