Moradores de rua acusam prefeitura de tentar molhar seus cobertores

caminhaoUm grupo de moradores de rua acusou a Prefeitura de Resende de tentar usar um caminhão pipa para molhar seus colchões e papelões na manhã desta sexta-feira, dia 17. Eles pediram apoio de funcionárias do programa municipal Consultório de Rua e o caminhão acabou indo embora.

– O pessoal da prefeitura esteve aqui de manhã cedo, olharam e não avisaram nada. Depois chegaram com caminhão pipa, aproveitando que havíamos saído para tomar café. Foram me avisar e vim correndo, quando cheguei aqui ele estava com o detergente na mão se preparando para molhar o coreto. Faço tratamento porque estou com suspeita de tuberculose, se molhar tudo como faço? A gente já não tem nada, ainda vai perder a dignidade? – questionou o morador de rua Rafael Costa Almeida.

Ele disse que o grupo não é contra a lavagem do coreto, mas que acha que eles deveriam ser avisados previamente para que possam tirar os seus pertences.

– Eu varro todo dia em volta, dobro o cobertor, não fica sujo, mas entendo que às vezes tem sujeira de pombo e precisa lavar mesmo, mas vieram e não avisaram. Para arrumar papelão é sofrido, e imagine as pessoas que doaram cobertores descobrirem que os perdemos? – acrescentou.

O motorista do caminhão da empresa Agulhas Negras, Antônio Pedro, disse que só ia lavar o coreto.

– O caminhão da minha firma presta serviço para a prefeitura, para aquela secretaria que fica no Parque das Águas, e mandaram o caminhão para cá. Disseram que iam lavar o coreto. Nosso carro faz serviço de molhar a grama da cidade. Eles queriam lavar o coreto, mas estamos aqui desde às 7h, ninguém vai lavar nada – desconversou.

O presidente da Agência do Meio Ambiente de Resende (Amar), Wilson Moura, afirmou que não sabia sobre a limpeza do coreto.

– A Agulhas Negras presta serviços para nós através de contrato de  manutenção de parques e jardins, mas não tem nenhum pedido para o coreto. A Praça da Matriz não está na nossa área de atuação, pode ser que serviços públicos tenha pedido, mas temos que verificar – declarou o presidente da Amar.

Mais tarde, o coreto foi lavado, mas os papelões e cobertores dos moradores de rua foram retirados e colocados próximo a uma lata de lixo da praça. A atitude também os desagradou.

– Lavaram tudo e colocaram nossas coisas perto da lata de lixo. Passa alguém ali e pega nossos papelões e até o cobertor, pode achar que é do varal solidário e a gente fica sem. Acho que tinha outro lugar da praça para colocar, não precisava ser perto do lixo – avaliou Rafael Almeida.

O BEIRA-RIO fez contato com a assessoria de comunicação da prefeitura de Resende que se comprometeu a informar ainda nesta sexta-feira qual é o tipo de serviço de abordagem oferecido aos moradores de rua e esclarecer se havia solicitação para molhar os cobertores e papelão.

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