Se o Brasil não tivesse dimensões continentais eu já teria visitado o Tocantins. E quem sabe todos nós fossemos bem parecidos, de modo que com objetiva facilidade se identificasse o tipo brasileiro. E que sujeito então seria esse o brasileiro? Branco da praia ou negro da serra? Não enruguem as testas, meus amigos! Pois é isso mesmo o que quero dizer. No Brasil há brancos na linha do mar e negros nas alturas das montanhas.
É tanto chão que de cabeça, na ponta da língua, é difícil dizer quem está em cima: Roraima ou Rondônia? Enfim, tão grande esse Brasil que outros países vão nele se agarrando, se pendurando em todo seu entorno exceto onde há água salgada.
Não há água salgada no Mato Grosso! Lembro-me de um amigo que havia se mudado para lá. Assim que soube de seu novo destino lhe perguntei como era o centro oeste brasileiro. Minha pergunta tinha a curiosidade que só tem quem vive em um lugar deste tamanho. O único problema é que lá não tem futebol, me respondeu e logo emendou: O Mixto Esporte Clube-MT anda mal das pernas!
Mas é tanta grandeza que habilita o gigante a abraçar dolorosos paradoxos: Há espaço para enchentes enlameadas no sul e secas poeirentas no nordeste. E mesmo que não se lhe definam a cara é tudo Brasil. Algo ao qual não podemos, precipitadamente, atribuir a caveira de um pilantra qualquer, seja ele executor, legislador ou jurista.
Se for para dar uma cara que se dê a do rio Araguaia, do monte Roraima ou até de um prédio curvo da paulista.
Rafael Alvarenga
escritor e professor de Filosofia
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